Papo de Talarico: A entrega de Hermógenes e o carro do Osho

O poeta do yoga ensinava o que vivia

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professor Hermogenes yoga
Professor Hermógenes (divulgação)

O professor Hermógenes ficou famoso por ajudar a espalhar a filosofia do yoga no Rio de Janeiro, no Brasil e também no mundo. Tem até uma estátua dele na cidade de Mangualde, em Portugal. Pude ver há pouco tempo o documentário de 2015, Hermógenes, Professor e Poeta do Yoga. Uma das melhores coisas é quando um mestre iogue indiano fala sobre como tantos ditos mestres espirituais não seguem seus próprios preceitos. Não era o caso de Hermógenes.

Hermógenes era diferente, até porque se colocava contra a doença da normose, ou seja, ser normal, igual a todo mundo. “Deus me livre de ser normal”, dizia ele, que conheceu a yoga com 35 anos, enquanto sofria de um quadro grave de tuberculose. Visando melhorar a saúde, começou a praticar as posturas que encontrou em dois livros. Percebeu uma melhora surprendente e sentiu a necessidade de passar aquele conhecimento a diante. Hoje, Yoga é algo bastante conhecido e com diversas comprovações científicas, mas na época, quase ninguém conhecia no Brasil. José Hermógenes de Andrade Filho começou dando aulas em uma garagem até que, no ano de 1962, abriu sua primeira sala de yoga.

Ele escreveu mais de trinta livros que, junto com suas aulas, ajudaram a mudar muitas vidas. Em certo momento, o filme entra na questão do vegetarianismo que, apesar do crescimento e de tantos estudos, ainda enfrenta preconceito e ignorância. Por que há sensibilidade com gatos e cachorros, mas não com bois, vacas, porcos?

Sabedoria

Pensava sobre isso enquanto tomava um chá de louro e via, no filme, Marcelo Yuka falando com gentileza e amor sobre Hermógenes. A sabedoria é simples. Ele via isso no professor, essa simplicidade iluminada. Por outro lado, pensei no caso do Osho. Uma amiga ouro dia me mandou uma frase desse guru indiano que fez fama nos anos 70, nos EUA. Ainda hoje muitos partilham seus ensinamentos pela internet e livros. A série Wild Wild Country mostra como esse homem criou uma legião de seguidores e ergueu um bairro na cidade de Antelope, no Oregon, Estados Unidos. Era um daqueles povoados tranquilos, onde todos se conheciam, e que acaba no meio de um furacão de confusões.

Osho era famoso na época como o guru dos ricos. O homem tinha vários Rolls Royce, um tipo de carro bem caro, pura ostentação. Mas ele não deveria ser um mestre espiritualmente avançado? Espiritualidade e ostentação podem caminhar juntos? O foco em coisas materiais não vai contra o que é ensinado?

Os seres humanos são feitos de contradições e convenhamos que existe uma patrulha da coerência atualmente extremamente nociva, porém, o caminho que Osho escolheu não me apetece. Respeito quem gosta, mas não é para mim. Como obra audiovisual e como exemplo, prefiro Hermógenes, Professor e Poeta do Yoga. Na época em que escrevo essa crônica pratico yoga uma vez por semana na Fundação Sathya Sai, ligada a Sai Baba, um outro mestre indiano o qual, inclusive, é citado no documentário.

“Entrego, confio, aceito e agradeço” é uma postura em relação a Deus e o universo, que Hermógenes seguia e ajudou a popularizar. O professor ensinava e vivia essa entrega, essa aceitação das coisas da vida. As armas que empunhava no bom combate? A yoga e a poesia.

Namastê.

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1 COMENTÁRIO

  1. Na verdade esse “guru” perverteu a filosofia da Yoga no Ocidente – como todos aqueles que ocidentalizaram práticas orientais… Budismo, inclusive.

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