Para os fortes: orquestra composta por jovens de favelas do Rio de Janeiro faz apresentações pela cidade

Orquestra Violões do Forte de Copacabana é formada por 25 componentes que possuem de 13 a 21 anos, alunos da rede pública de ensino

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Fotos: Divulgação

Criada em 2011, a Orquestra Violões do Forte de Copacabana e Shalom foi idealizada pela produtora e empresária Márcia Melchior. Por trás do trabalho está o Instituto Rudá, organização especializada em gestão de orquestras. Em meio a tudo isso, muitas histórias.

A Orquestra Violões do Forte de Copacabana é formada por 25 jovens que possuem de 13 a 21 anos, alunos da rede pública de ensino do Rio de Janeiro. Os componentes ensaiam uma vez por semana (aos sábados) no Forte de Copacabana e ainda contam com aulas de inglês. Entre muitas histórias está a do Forte.

Márcia Melchior, idealizadora do projeto, estava chorando, no Forte de Copacabana, durante a última apresentação de outra orquestra com jovens de escola pública que ela coordenava. O trabalho estava acabando por falta de apoio financeiro. Foi então que Márcia viu um senhor emocionando e foi falar com ele.

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NZ52272 creditos Instituto RUDA 1 Para os fortes: orquestra composta por jovens de favelas do Rio de Janeiro faz apresentações pela cidade

Era o Coronel Roberto, que iria assumir o Forte de Copacabana. Conversamos e ele estava tão encantando com os meninos tocando que se propôs a ajudar, cedeu o espaço para ensaiarmos lá. Foi assim que começamos. No início, só violões, por conta do orçamento baixo. Depois fomos, trazendo outros instrumentos“, conta Márcia Melchior.

Na penultima apresentação, antes dessa do Forte de Copacabana, Márcia havia conversado com alguns empresários e conseguiu, posteriormente, a ajuda de Ricardo de Oliveira, presidente do grupo Shaloon. Por isso o nome da orquestra, juntando o Forte com o nome do apoio empresarial.

O objetivo da Orquestra é capacitar os jovens para que eles cheguem a ingressar em orquestras profissionais, em orquestras das Forças Armadas, e que tenham um caminho profissionalizante, graças à música. Felizmente, ao longo dos anos, diversos estudantes da Orquestra ingressaram em projetos musicais e culturais, na academia, alguns chegando mesmo ao doutorado. Essa é a nossa maior missão”, diz Márcia.

Ana Márcia, flautista da Orquestra Violões do Forte de Copacabana desde 2016, fala sobre o projeto: “Para mim essa Orquestra significa muito, um ambiente onde eu fiz amizades que duram até hoje, lugar onde fui acolhida e instruída por tanta gente especial como minha querida diretora Márcia, por quem tenho muito carinho. Ela através dessa orquestra já me ajudou de inúmeras formas, assim como também o Antônio Carlos, que inclusive foi meu primeiro professor no projeto, nosso querido Maestro Luiz Potter também com seus ensinamentos sempre nos ajudando a crescer. Essa orquestra para mim é uma família, através dela já toquei em lugares onde nunca imaginei tocar, um deles foi o Cristo Redentor, foi um dia muito marcante pra mim. Foi através da orquestra que muitas portas se abriram pra mim, como participar de festivais musicais, mas uma das conquistas mais marcantes pra mim foi passar para a UFRJ, onde hoje faço Bacharelado em Flauta. Me sinto feliz e honrada por fazer parte dessa família que é a orquestra do Forte de Copacabana, é um sentimento de gratidão que sei que vai durar a vida inteira”.

Ex-aluno da Orquestra, Felipe Santos, atualmente, faz mestrado em sociologia. Ele lembra uma história que viveu nesse período e marcou sua vida: “Quando nos apresentamos no teatro ‘Le Tambour’, em Rennes, na França, fizemos uma ótima apresentação e no fim, recebemos uma salva de palmas diferente das outras. Quando você tem a oportunidade de apresentar músicas brasileiras a um público estrangeiro há uma diferença interessante na recepção. Eles têm um brilho no olhar e uma curiosidade única. Pra gente transparece uma sensação maravilhosa de valorização. Sobre a salva de palmas, elas continham uma euforia muito diferente do que eu havia presenciado até então. Não esqueço aquele momento”.

Felipe completa: “Eu entrei na orquestra em 2011, no momento da sua fundação. A Marcia estava captando jovens da região, e eu participava de um outro projeto musical no morro Dona Marta. Ela entrou em contato com o diretor de lá e me ‘roubou’ no bom sentido [risos]. A partir daí foram quase 11 anos de parceria – eu saí em 2022.

Sobre a ligação com a Orquestra, Felipe Santos fala que “é muito difícil descrever em algumas palavras a importância na minha vida, pois eu passei praticamente um terço dela (estou com 29 anos) dentro desse projeto, (quase) todos os sábados assiduamente. É uma relação que se assemelha a um relacionamento em família mesmo. Sobretudo com a Marcia e o grande mestre Antonio Carlos.
Eu cresci numa favela do Rio de Janeiro, e, como você pode imaginar, não são muitas as oportunidades que chegam para gente, sobretudo durante a infância/juventude, momento crucial da vida. A partir da música eu conquistei um acesso a cultura e cidadania que até então não me eram tão evidentes. A partir da Orquestra, eu frequentei teatros, casas de show, gravei programas e fiz minha primeira (e única) viagem internacional. Isso é muito especial para mim. Mais tarde tive a oportunidade de cursar uma universidade (hoje atuo como sociólogo) e entendo cada vez mais a importância desse projeto em minha trajetória. é uma relação muito bonita”
.

Além do Grupo Shalom, a Orquestra Violões do Forte de Copacabana, por meio da Lei Rouanet, conta com o apoio da a CNOOC – PETROLEUM BRASIL. Nos últimos tempos, eles estão tocando em diversas partes do Rio de Janeiro. No último dia 4 de fevereiro, a Orquestra fará seu primeiro concerto no Centro de Referência da Música Carioca Artur da Távola, na Tijuca.

A Orquestra reúne instrumentos como clarineta, flauta transversa, saxofone, trompete, trombone, teclado, percussão e bateria e, claro, violões. É um trabalho de resistência que, embora exija muita força e dedicação, mostra seus sonoros resultados todos os dias.

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