Morreu hoje, quarta-feira, 20/5, um ciclista esfaqueado na Lagoa. O homem foi atacado por assaltantes em local movimentado, numa hora movimentada, quando fazia um trajeto de rotina. Tudo banal, como foram banais milhares de mortes (a maioria com muito menos repercussão) nos últimos anos.
Já é hora da sociedade civil carioca entender que enquanto ela não assumir o protagonismo da cidade essa realidade vai continuar. Reclamar dos governantes não mudará nada. Já é difícil que um só governo dê conta de uma cidade de 7 milhões de habitantes com tantos problemas estruturais. Quanto mais um governo tomado por oportunistas, engessado pela burocracia e tantos outros limitadores que poderia listar aqui.
Resumindo: esqueçam o governo. Não devemos jogar a nele nossas frustrações. Ele não resolverá nada. Será apenas um agente para, com boa sorte, ajudar a transformar.
A maioria dos cariocas dispõe de algum recurso que pode colocar à disposição de uma causa. Pode ser dinheiro, tempo, energia ou, provavelmente, os três. Mas quantos colocam? Quantos doam/se doam consistentemente a uma causa. Infelizmente, somos uma sociedade de reclamadores que joga no governo suas frustrações.
Há inúmeros projetos sociais maravilhosos que, apesar de enfrentarem corajosamente problemas que incomodam a todos, são obrigados a lutar diariamente para sobreviver. Precisam lutar por espaço, por dinheiro, por voluntários, enfim, por tudo. Cadê, nesses casos, a ajuda da sociedade que se diz tão revoltada?
Mortes banais, como o esfaqueamento na Lagoa (e dezenas de outras menos alardeadas) continuarão a ocorrer enquanto esperarmos que o governo resolva tudo. O governo é corrupto e está falido. Esqueçam uma solução vinda dai. Pare de reclamar. Escolha uma causa, busque projetos que lidem com ela, disponha os recursos que tem em mãos (não seja econômico). Em uma cidade com tantos problemas sociais não se envolver com eles é quase o mesmo que apoia-los.
