A tragédia em Petrópolis dá uma enorme dor no coração e na alma, não apenas daqueles que perderam seus entes queridos ou suas casas, mas de todo um país. Quem não se emocionou com os relatos das vítimas das chuvas e a onda de solidariedade que tomou conta de toda a população? No último dia 15 de fevereiro, o município serrano foi atingido por um volume de chuva absurdo, mais que o esperado para todo fevereiro, causando alagamentos, enchentes e deslizamentos de terra. A Cidade Imperial ficou destruída e famílias inteiras foram destroçadas. Porém, ao contrário do que dizem as autoridades, a culpa não é somente da chuva.
Todos nós já assistimos cenários de destruição causados por temporais. Foi assim em abril de 2010, no Morro do Bumba, em Niterói, onde um deslizamento de terra matou 48 pessoas. Em 2019, a cidade do Rio registrou a maior chuva em 22 anos, causando mortes, destruição e deixando bairros submersos. Em Petrópolis não foi diferente. A cidade foi uma das quatro atingidas em 2011 pela maior catástrofe climática da história do país, que deixou 900 mortos e 35 mil desabrigados. Podemos citar ainda a baixada fluminense e as regiões norte e noroeste que sofrem há anos com as enchentes.
E o que todas essas tragédias têm em comum? O fato de que, enquanto a população contabiliza seus mortos e prejuízos, as autoridades se antecipam sempre em fazer promessas de apoio às vítimas, de construção de novas moradias, de recuperação das cidades e de trabalhar em conjunto entre município, estado e União, mas, após as tragédias, as margens dos rios e as encostas continuam sendo ocupadas irregularmente, áreas de riscos são ignoradas, moradias seguras não são erguidas. Enfim, não há planejamento urbanístico, mas sobra descaso e corrupção.
Veja o caso de Petrópolis, que já foi palco de várias tragédias. O Ministério Público do Rio afirma que o dinheiro de doações das chuvas de 2011 não foi usado para ajudar os desabrigados do município porque foi desviado para uma empreiteira. Já em 2017, a cidade tinha 234 locais considerados de risco alto e muito alto para deslizamentos de terra, enchentes e inundações. Era o equivalente a um quinto do território, abrangendo cerca de 12 mil moradias, segundo o Plano Municipal de Redução de Risco. Nada foi feito pela prefeitura de lá pra cá. Nem pelo governo do Rio, que segundo dados do Portal Transparência, gastou menos da metade do previsto em orçamento para prevenção e resposta a desastres no ano passado.
É claro que as cidades precisam de recursos emergenciais para se reerguer. Nós, da bancada federal do Novo, entendemos essa necessidade e, inclusive, apresentamos em 2020 um projeto para possibilitar o saque do FGTS em caso de desastres e outro projeto, na semana passada, que destina recursos dos fundos eleitoral e partidário ao enfrentamento de desastres. Petrópolis, que é o principal polo da indústria têxtil no estado, não tem como se reerguer sozinha. O prejuízo chega a R$ 665 milhões, considerando apenas os danos às empresas, e a perda é de cerca de 2% do PIB da cidade, segundo a Firjan.
Sem dúvida, não podemos lutar contra a força da natureza, mas também não podemos continuar como se a única solução fosse liberar dinheiro depois que as tragédias acontecem. Os eventos catastróficos podem ser evitados ou ao menos minimizados com ações preventivas concretas. É preciso buscar meios de retirar moradores permanentemente das zonas de perigo, recuperar a vegetação das áreas devastadas pelos desastres, criar uma política de evacuação estruturada com vias de fuga, abrigos de emergência, alertas de risco e orientação aos moradores e, claro, impedir que outros venham viver nessas regiões. São medidas de prevenção sabidas por todos há muito tempo, mas não são aplicadas da melhor forma.
A Defesa Civil está fazendo a sua parte ao instalar sirenes nas áreas de riscos como medida de curto prazo. Mas não podemos aceitar que isso seja a realidade de milhares de famílias, não apenas em Petrópolis, mas em todo o estado do Rio, enquanto os recursos para tirá-los dessa situação vão parar nos bolsos de políticos e empresários inescrupulosos. A população de Petrópolis foi vítima das fortes chuvas, mas também do descaso, da corrupção, da indiferença, da ganância e da omissão do poder público.
CHUVA TORRENCIAL EM PETRÓPOLIS
Estes prefeitos totalmente irresponsáveis de Petrópolis permitiram a derrubada das florestas locais para a construção de barracos, são coniventes com a favelização galopante da cidade, e agora ninguém sabe dizer o porquê desta tragédia.
Qualquer idiota sabe que estes locais não são adequados para a construção de barracos, que na primeira grande chuva virão abaixo !
Estas escolhas erradas e esta permissividade quanto à favelização de Petrópolis é de uma irresponsabilidade sem nome.
Estão conseguindo transformar a outrora belíssima Cidade Imperial num chiqueiro a céu aberto…
Enquanto isso, cidades em estados com bons administradores e gente responsável atuando em prol de benesses por elas, como Gramado, Canela, Campos do Jordão, Domingos Martins – estas cidades florescem e vicejam, atraindo milhares de turistas por ano e faturando uma nota preta com isso.
E nós aqui no estado do Rio de Janeiro permanecemos sempre comendo moscas, estacionados na Idade da Pedra Lascada, sempre nas mãos destes políticos cariocas incompetentes, corruptos, embusteiros e quadrilheiros.