Mesmos governos, mesmos problemas. No último dia 30 de abril, foi publicado um projeto de lei do prefeito Eduardo Paes que torna possível a venda da Escola Doutor Cícero Penna, na Avenida Atlântica, que estaria em um terreno valioso demais para ser ocupado por uma escola pública. Lá, de acordo com o desejo do atual governo, seria possível construir um prédio de doze apartamentos de luxo. Já sobre o destino dos 600 alunos da escola, este “pequeno detalhe”, nada foi dito e estranhamos o silêncio do secretário municipal de Educação.
Felizmente, a reação contrária da sociedade à proposta faz crer que ela não será aprovada pela Câmara Municipal. De todo modo, é uma iniciativa emblemática da atual administração da cidade e diz muito do que são capazes de fazer. Este mesmo grupo político, entre 2009 e 2016, esbanjou recursos públicos e, ao contrário do prometido legado positivo para o Rio, contribuiu para a sua falência, que, agora, exigiria a venda de bens públicos. Hoje, querem vender uma escola em Copacabana, amanhã, decidirão vender o Hospital Miguel Couto, também localizado numa região nobre da cidade… Ou o Hospital Lourenço Jorge, na Barra. E que tal vender a Escola Barão de Itacurussá, na valorizada Rua Andrade Neves, na Tijuca?
Ironias à parte, é um desalento enorme constatar que nossa cidade continua sendo tão mal administrada e que as bandeiras da Educação e da Saúde são meros jargões eleitorais para aqueles, que, quando chegam ao poder, assumem agendas diversas. Não por acaso, nossos governantes e nossos problemas continuam sendo os mesmos! Responda: o que melhorou na cidade do Rio de Janeiro nos últimos 20 anos? A maioria dos cariocas vive melhor agora? Os serviços públicos prestados são melhores do que há duas décadas? Saúde, educação, moradias, saneamento básico, transportes e segurança? Nem os mais otimistas são capazes de fazer uma retrospectiva positiva.
Portanto, se não mudarmos a forma e a estratégia de resolver os nossos desafios, jamais avançaremos. A Prefeitura do Rio dispõe de um quadro de servidores capacitados e prontos para cuidar da cidade. Mas o atual prefeito precisa abandonar os seus métodos. Até aqui, lotear a máquina administrativa por interesses político-partidários não deu certo. Terceirizar as atividades-fim da Prefeitura também não. E vender o patrimônio público para acertar as contas do passado só comprometerá ainda mais o nosso futuro… É preciso não repetir os erros de ontem, alçar nossos servidores a papéis protagonistas e envolver mais os cariocas no processo de recuperação da cidade, tão maltratada e a cada dia mais distante da cidade maravilhosa para todos que um dia poderá ser.
Sr. Pinheiro, à parte da questão dos sucessivos governos ruins – o que você tem razão nisso (embora creia que uma gestão PSOL não faria melhor, vide o fiasco de Itaocara…) – a questão é que a venda da escola seria uma boa medida. O poder público deve gerir seus ativos de maneira eficiente, não por “boniteza” ou por um fetiche de manter um prédio na Av. Atlântica para estudantes.
Já temos escolas públicas demais no RJ, mais que qualquer outra cidade. Existe o RioCard que banca o deslocamento de alunos, gratuitamente. A escola pode ser reposicionada para um local menos caro de Copacabana, isso SE necessário mesmo for a escola, dado que poder-se-iam alocar os alunos em outras escolas de bairros adjacentes. Uma escola não é a Santa Sé não, não é algo sacro, intocável.
Os casais têm cada vez MENOS filhos, necessitando menos escolas. A pandemia mostrou a força do EaD, que indica MENOS escolas no futuro. O caixa da prefeitura está baixo: venda então o imóvel, livre-se dos custos de manutenção e pague as dívidas da prefeitura! O vereador é também responsável pelo erário público, ok?