Há exatos 2 meses, isto é, no dia 02/04, comemorou-se em todo o mundo o Dia de Conscientização do Autismo, tipo de deficiência intelectual – de variados graus – que prejudica a capacidade de comunicação e interação em algumas pessoas.
De acordo com dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), para se ter uma ideia, há cerca de 70 milhões de pessoas, a nível mundial, que se enquadram no Transtorno do Espectro Autista (TEA), sendo 2 milhões apenas no Brasil.
No Rio de Janeiro, especificamente falando, numa tentativa de auxiliar que crianças com TEA consigam ter evoluções, um trabalho realizado por profissionais de educação física vai cada vez crescendo mais. Trata-se do ”personal kids”.
Na Zona Norte da capital fluminense, por exemplo, o professor Bruno Santos atende 3 vezes por semana Miguel Passos, de 8 anos de idade, morador da Penha Circular. O menino tem autismo severo e, embora não apresente dificuldades motoras como correr ou pular, não conseguiu ainda desenvolver a fala.
Entre as atividades realizadas pela criança estão caminhadas de meia hora às segundas e quintas e corrida de 1,5km toda sexta-feira. Após essa atividade, vale destacar, Miguel também realiza 50 minutos de natação, além de treinos direcionados em melhorar equilíbrio, agilidade, tempo de resposta, foco, concentração, coordenação motora ampla e fina, entre outras coisas, geralmente com suporte de bolas, bambolês e outros acessórios.
”Miguel vem se tornando um atleta! Começamos o trabalho em janeiro deste ano e a educação física potencializou avanços significativos no meu amigo. A atividade física para indivíduos autistas é muito benéfica devido ao fato, por exemplo, de diminuir o comportamento agressivo, aprimorar a aptidão física, o desenvolvimento social, físico e motor, melhorar a qualidade de sono, além de reduzir a ansiedade”, explica Bruno.
O profissional também ressalta a autonomia do menino em relação à realização de atividades sozinho e dos avanços graduais que vão acontecendo ao longo do processo.
”Miguel hoje faz atividades sem necessidade de suporte físico, ou seja, sem a necessidade do meu contato para auxiliar em determinado exercícios, situação que não acontecia anteriormente. Ele hoje apresenta memória motora de vários movimentos que podem ajudar em suas tarefas do dia a dia, como tirar e vestir suas roupas, comer sozinho, entre tantas outras. E também proporcionar avanços ainda mais significativos em seu desenvolvimento”, complementa.
A aproximadamente 3km dali, mais precisamente na Vila da Penha, Rafaela Garcia, de 7 anos, realiza o mesmo tipo de trabalho de Miguel, com monitoramento também regular de Bruno Santos. ”Se o Miguel é meu atleta, Rafa é minha princesa! Foi graças ao trabalho que desenvolvo com a Rafa que cheguei até o Miguel. Ela foi minha primeira aluna como personal kids”, diz.
Paralelamente, o professor destaca a importância de proporcionar diversão para atrair a atenção da criançada. Isso, segundo ele, é crucial para que as atividades seja concluídas com sucesso. ”Para trabalhar com crianças, é imprescindível a presença do lúdico, como ferramenta principal, para atingir as metas. A criança aprende a aprender brincando”, comenta.
O trabalho desenvolvido diariamente por Bruno pode ser acompanhado em seu Instagram, onde há diversas publicações – a maioria em forma de vídeos – mostrando suas atividades com os pequenos.