Pesca predatória na Baía de Sepetiba preocupa pescadores artesanais

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Grandes embarcações se tornaram um problema na Baía de Sepetiba. Elas atrapalham, de muitas formas, o trabalho do pescador artesanal, normalmente moradores da região. Além disso, mortes de botos-cinza, símbolo da cidade do Rio e muito presente nesta Baía, também podem estar relacionadas a isso.

No geral, os barcos dos pescadores artesanais de Sepetiba levam, no máximo, 30kg de peixes. As grandes embarcações, que praticam a pesca industrial, têm capacidade de até 10 vezes mais que isso. A concorrência desleal impacta diretamente na vida dos trabalhadores locais.

Alguns pescadores contam que, muitas vezes, as grandes embarcações são jogadas contra os pequenos barcos dos trabalhadores, para intimidar ou até mesmo virá-los na água.

“Era comum agente pescar quase o mês todo. Sempre tinha o que pegar, praticamente todo dia. De uns tempos pra cá, isso ficou ruim e tem períodos que a gente, em um mês, consegue só uns cinco, seis dias de trabalho bom, pegando uma quantidade normal de peixe pro nosso sustento”, disse Mario, pescador artesanal de Sepetiba há quase 10 anos.

A pesca industrial é proibida pelo Instituto Nacional do Meio Ambiente (Ibama) na Baía de Sepetiba desde 1993.

Em 2015, o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ) expediu recomendação ao Ibama e à Marinha do Brasil para que promovam, de forma independente ou por ação integrada, fiscalizações rotineiras na Baía de Sepetiba, com o intuito de coibir a prática de pesca industrial clandestina. No entanto, como a fiscalização não é constante, o problema sempre volta.

“O impacto econômico é devastador na vida dos pescadores pobres de Sepetiba. Há também o desequilíbrio ambiental. Muitas espécies praticamente desaparecem, pois esse tipo de pesca predatória não respeita o tempo de reprodução dos animais. Tem também a questão do boto-cinza, que tem na Baía de Sepetiba seu último reduto no Rio de Janeiro”, destaca o ambientalista Robson Costa.

Há alguns anos, pesquisadores estão em alerta com a morte em massa de botos-cinza na Baía de Sepetiba. A pesca predatória e o avanço industrial e portuário no entorno da Baía são os principais motivos de mortandade na região. Sobretudo a morte de fêmeas, o que desestabiliza o sistema de reprodução dos animais.

Por uma união de fatores negativos, dentre os quais a instalação de complexos portuários, o aumento das áreas de exclusão de pesca e a pesca industrial irregular, em menos de dez anos a população de boto-cinza foi reduzida de, aproximadamente, dois mil indivíduos para pouco mais de oitocentos. Se o percentual de mortalidade continuar alto, a expectativa é que a espécie desapareça da Baía de Sepetiba em oito anos, informa o ICMbio.

A pesca industrial prejudica diretamente a alimentação e o ambiente dos botos-cinza, além da renda dos trabalhadores artesanais.

“Se essa situação, que não é de hoje, não mudar logo, não sei o que vai ser da gente”, disse o pescador Mário.  

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8 COMENTÁRIOS

  1. A pesca predatória não é a unica causa da diminuiçao do pescado na bahia de sepetiba. Tem que fiscalizar as industrias tambem que estao no entorno da bahia , alem de poluir os rios com dejetos industriais temos tambem os portos que jogam minerio diariamente no mar, e ainda há a questao do esgoto que não é tratado e é jogado no mar tambem…entao porque culpar so os pescadores .?

  2. O que não foi falado também é o despejo de metais pesados na Baía de Sepetiba pelas indústrias do entorno…Em nenhum momento foi apresentado um plano de preservação da pesca artesanal e seus pescadores…Nem mesmo um fundo pra dar apoio financeiro aos mesmos…

  3. Cadê a marinha a nação paga alta pra ter resultado e deixa está corja de destruidor da pesca no país mais não dê covarde isso e em todo o Brasil mar e água doçe também

  4. É um descaso total, a cerca de 15, 20 anos atrás os pescadores artesanais eram muitos e conseguiam além de seu sustento ainda uma boa renda para sua família. Hoje muitos filhos de pescadores já não seguem a profissão de seus pais pois já não existe mais matéria prima para o trabalho como antigamente, onde se pescava até 100kg de peixe por dia e hoje sorte de quem consegue algo pra comer.
    As traineiras de arrasto acabam com tudo inclusive no período de defeso.
    Falta fiscalização e boa vontade.
    Tem que seguir firme com as denúncias pra que não acabem com a nossa Baia de Sepetiba.

  5. SÃO VERDADEIROS CRIMINOSOS OS QUE A PRATICAM EOS QUE A PERMITEM.
    ARAM O SOLO MARINHO . DESERTIFICAM A FLORA E A FAUNA DIZIMANDO TODA A CHANCE DE RECUPERACAO DE FORMA IMPUNE.
    ENQUANTO ISTO , OS ÓRGÃOS DITOS DE PROTEÇÃO PERSEGUEM AOS PESCADORES ARTEZANAIS COM EXIGÊNCIAS VISIVELMENTE MONTADAS A PREJUDICA LOS.

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