A Federação de Pescadores do Rio de Janeiro (FEPERJ) vem desenvolvendo o projeto “Águas da Guanabara”, há dois anos, uma iniciativa na qual os pescadores assumem o papel de guardiões da natureza realizando limpezas frequentes dos manguezais. Por três vezes por semana, eles recolhem cerca de 25 toneladas de lixo por mês nas colônias Z-8, em Niterói e São Gonçalo, e Z-9, em Magé.
O objetivo do projeto é não apenas remover os resíduos sólidos que ameaçam o ecossistema da Baía de Guanabara, mas também quantificar e qualificar o impacto desses detritos na fauna e na flora local. Por meio de novos olhares sobre esses problemas, busca-se conscientizar a população sobre a importância da preservação desses ambientes costeiros.
Na atualidade, os pescadores estão focados em realizar a limpeza dos Rios Imbuaçu, Bomba e Marimbado, em São Gonçalo, bem como nos Rios Suruí e Estrela, na Baixada Fluminense, incluindo o Canal de Magé. O lixo retirado nesses esforços muitas vezes não segue para a coleta seletiva e é descartado de forma inadequada, acabando por poluir os Rios e a Baía de Guanabara.
E neste ano, além da limpeza dos mangues, a FEPERJ planeja apresentar um plano com propostas de educação ambiental. Em meio as ações, será assinado um Termo de Cooperação entre a FEPERJ e a Prefeitura de São Gonçalo, visando fortalecer os esforços para proteger esse ecossistema valioso.
Para o presidente da FEPERJ, Luís Cláudio Furtado, é fundamental promover a conscientização sobre a importância dos manguezais, fortalecer a legislação ambiental e incentivar práticas de conservação sustentáveis. “E além disso cada um de nós também pode contribuir, evitando a poluição e o descarte inadequado de resíduos, além de apoiar projetos de preservação e restauração desses preciosos ambientes costeiros” enfatiza.
A bióloga, Amanda Berk, destaca o papel crucial desempenhado pelos manguezais no equilíbrio ecológico, funcionando como berçários naturais para diversas espécies de peixes, aves e animais marinhos, além de proteger a costa contra a erosão e atuar como barreiras naturais contra tempestades.
Já a geógrafa, Jamylle de Almeida Ferreira, afirma que os manguezais estão enfrentando ameaças significativas, como a degradação causada pela urbanização, poluição, desmatamento e aquicultura não sustentável. “A perda desses ecossistemas pode ter impactos devastadores no meio ambiente e na vida das comunidades que dependem deles para sustento” comenta.
O presidente da colônia de pescadores de Niterói e São Gonçalo, Gilberto Alves, enfatiza que o lixo flutuante e os resíduos sólidos na costa e nos manguezais representam uma dura realidade para os pescadores. Essa poluição não apenas degrada o meio ambiente e os recursos hídricos, mas também prejudica a atividade pesqueira e afeta negativamente a flora e a fauna local.
O projeto “Águas da Guanabara” visa analisar as condições territoriais, ambientais e econômicas, fornecendo um diagnóstico ambiental e poluidor dos resíduos sólidos flutuantes e de fundo. Além disso, o mapeamento dos pontos críticos e a conscientização sobre os riscos são essenciais para assegurar a futura sustentabilidade e a adequada destinação dos materiais recolhidos, conforme explicou Gilberto.