Podcast “Rio de Encontros” debate crise climática e qualidade do ar na Maré

Episódio "Respirando o Futuro" alerta para os impactos da poluição e do calor na saúde dos moradores do Complexo de Favelas.

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O podcast “Rio de Encontros” lançou seu quarto episódio, intitulado “Respirando o Futuro”, abordando a relação entre as mudanças climáticas, a poluição e a saúde pública, com foco na qualidade do ar no Complexo de Favelas da Maré.

Apresentado pela jornalista Anabela Paiva, o episódio conta com a participação da geógrafa Renata Gracie, coordenadora do Observatório de Clima e Saúde da Fiocruz, e de Everton Pereira, geógrafo e coordenador de direitos urbanos e socioambientais da Redes da Maré.

Durante o programa, os especialistas alertam para os impactos do aumento das ondas de calor e da poluição na saúde dos cariocas, especialmente em comunidades vulneráveis como a Maré.

“A Maré é limitada por três das principais vias de circulação de automóveis do Rio: Avenida Brasil, Linha Vermelha e Linha Amarela. Isso, somado ao adensamento urbano e à poluição da Baía de Guanabara, contribui para a piora da qualidade do ar”, explica Everton Pereira.

Dados alarmantes sobre a qualidade do ar na Maré

O projeto “Respira Maré”, que mediu a qualidade do ar e avaliou o calor nas 16 favelas do complexo, revelou dados alarmantes. A qualidade do ar está abaixo de qualquer nível aceitável e a diferença térmica entre a Maré e o Aeroporto do Galeão chega a 4 graus Celsius.

“É fundamental levantarmos informações detalhadas sobre os impactos da crise climática em diferentes territórios, para que possamos pensar em soluções adequadas a cada realidade”, destaca Renata Gracie.

Desastres climáticos e saúde pública

O episódio também aborda a relação entre os desastres climáticos e a saúde pública. Segundo o Observatório de Clima e Saúde da Fiocruz, o número de pessoas que adoeceram em locais atingidos por desastres aumentou significativamente entre 2020 e 2023, passando de 54 mil para 157 mil.

“Por exemplo, em inundações, a gente tem aumento de leptospirose, aumento de hepatite A, aumento de dengue, e aumento de ocorrências de fraturas logo no primeiro momento de inundação. Em alguns momentos posteriores, em geral após essas inundações, podemos ter problemas de infarto, AVC, a gente pode ter também problemas de saúde mental. Mas isso um tempo depois, não imediatamente à ocorrência”, afirma Renata Gracie.

O episódio “Respirando o Futuro” já está disponível em diversas plataformas de podcast, incluindo o Spotify.

Sobre o Rio de Encontros

Criado em 2010 pelo Instituto 215, o projeto “Rio de Encontros” se dedica a analisar e debater os diversos aspectos do Rio de Janeiro. Ao longo de quase uma década, o projeto promoveu 59 debates, reunindo diferentes vozes da sociedade para discutir temas relevantes para a cidade.

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