Principal porto de entrada de escravos no Brasil e nas Américas, o Cais do Valango, no Centro da cidade, pode perder o título de patrimônio da humanidade, concedido pela UNESCO, em 2018, por má conservação local. As falhas foram evidenciadas durante uma vistoria realizada, nesta terça-feira (10), pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Defensoria Pública da União (DPU). Segundo representantes das instituições, vários compromissos assumidos com a Unesco não foram cumpridos. Entre eles estão: a criação do centro de acolhimento turístico e do memorial da celebração da herança africana. As informações são da BandRio.
De acordo com a defensora pública e coordenadora do grupo de trabalho de políticas étnico-raciais da DPU, Rita Cristina de Oliveira, foram identificados vários problemas relacionados à má conservação do local, como falta de indicação e sinalização para os turistas, falta de iluminação e problemas de drenagem – quando chove o Cais do Valongo vira uma piscina.
“Foi verificado o estado precário do edifício “Docas Dom Pedro II” e também o estado de abandono de políticas públicas de conservação do Cais. Além disso, não há nenhuma sinalização que indique que o local é o Cais do Valongo é um patrimônio da humanidade, que contextualize a história do Cais e com toda a região da zona de amortecimento, que é a da pequena África”, afirmou Rita Cristina de Oliveira ao veículo.
A defensora ressalta que o Cais do Valongo precisa de uma série de uma de intervenções urgentes para que o seu valor histórico e arquitetônico não fique mais degradado ainda. Na sua avaliação, é necessário restituir o comitê de gestão do Cais do Valongo para que as ações de preservação sejam levadas à diante.
Rita Cristina de Oliveira identificou como razão do abandono do sítio arqueológico, o racismo manifestado nas suas mais variadas dimensões.
“O que justifica esse estado de abandono é o racismo. O racismo nas suas diversas dimensões. Dimensões ambientais, porque existe uma interdição do direito à memória da cidade, nesse espaço que é dinamizado por esse racismo estético, cultural em relação a tudo o que diz respeito ao patrimônio afro-brasileiro. E também como estrutura social, que sempre isola e coloca a população negra numa situação de periferia, violência e invisibilidade”, comentou a defensora pública.
O Cais do Valongo foi descoberto, em 2011, através das escavações do Porto Maravilha. Construído em 1811 e aterrado em 1911, por ele passaram mais de 1 milhão de pessoas negras escravizadas. O sítio arqueológico é um memorial contra o regime escravagista.
isto é uma vergonha, o município tem que tomar urgentemente providências por este patrimônio, que não é só do Brasil, mas da humanidade em geral. Prefeito e Governador se aliem para providências neste caso, pois será uma vergonha para este Estado e para este País se isto acontecer. Providências JÁ.