Nove meses depois de ser exibido no Festival do Rio, e uma década após o aclamado documentário sobre o mesmo cantor, estreia hoje em circuito comercial a cinebiografia “Simonal”, que lança um olhar na personalidade privada do músico que foi da água ao vinho, e depois para o vinagre, entre as décadas de 1960 e 1970, depois de plantar um caô sobre si mesmo que acabaria saindo pela culatra.
Mostrar “o pai, marido, empresário” foi a opção do diretor Leonardo Domingues para montar a cinebiografia de Wilson Simonal, estrelada por Fabrício Boliveira no papel do cantor e Ísis Valverde, que interpreta sua mulher Tereza Pugliesi, no filme que, em Gramado, onde faturou três prêmios Kikito, entre os quais os de Melhor Direção de Arte, para Yurika Yamazaki e de Melhor Fotografia, para Pablo Baião.
O terceiro, de Melhor Trilha Musical, saiu para dois personagens de “Simonal”: os músicos Max de Castro e Wilson Simoninha, filhos do personagem principal. “O filme acaba trazendo a vida dele em família, esse homem por trás da fama, do que já se conhecia”, resumiu Domingues, que estreou na direção, depois de trabalhar em edições, como a de “Onde a Coruja Dorme” (2012), e pós-produções, como as de “Herbert de Perto” (2009), “Bruna Surfistinha” (2010) e “João Saldanha” (2010), além de “Simonal – Ninguém sabe o duro que dei”, documentário sobre o cantor, produzido e dirigido por Calvito Leal, Claudio Manoel e Micael Langer, lançado em 2009.
Foi quando Domingues, travou contato mais profundo com o homem por trás da fama. Além do documentário, ele se aprofundou nas biografias “Nem vem que não tem – A vida e o veneno de Wilson Simonal”, de Ricardo Alexandre; e “Simonal: Quem não tem swing morre com a boca cheia de formiga”, de Gustavo Alonso.
O sucesso de “Simonal – Ninguém sabe o duro que dei” – escolhido como melhor longa-metragem documentário no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2010, entre outras premiações – encorajou Leonardo Domingues a fazer a cinebiografia. “Comecei a pensar nisso já em 2010 e falei com o Max e o Simoninha”, recorda o diretor, que deu um duro para “escrever roteiro [em parceria com Victor Atherino], captar dinheiro” até conseguir fazer as filmagens em 2016 e finalizar o filme, no ano passado.
Simonal | Trailer Oficial
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A opção por retratar “o homem por trás da fama” leva a uma linha do tempo que começa em 1960, quando ele dá baixa do Exército, passa pelo encontro com Tereza – dois anos depois, quando era crooner na boate Drink, em Copacabana – e vai até 1975, quando eles ainda estavam casados e ele ainda achava que conseguiria se reerguer, após a queda abrupta.
Wilson Simonal, de fato, conhecia agentes do Dops, os quais usou para obrigar Rafael Viviani, responsável por sua auditar sua contabilidade, a assinar uma confissão de que estaria roubando seu dinheiro. A alegação de que seria informante foi uma forma de reforçar a ameaça, em um tiro que saiu pela culatra: em 1974, o cantor acabaria sendo condenado, junto com dois agentes, pelo crime de extorsão. Além disso, como suposto delator, acabou “condenado” ao ostracismo pela classe artística.
Em 1976 – ano já não incluído na cinebiografia –, Simonal acabaria ficando preso durante o segundo semestre, após apelar da condenação e conseguir mudar sua tipificação para constrangimento ilegal. Ele ainda se separaria se Tereza e se casaria de novo, com Sandra Cerqueira, com a qual permaneceu até morrer, em 2000, vítima de cirrose hepática, consequência do alcoolismo que se agravou na melancolia do exílio de ostracismo.
Horários
Espaço Itaú de Cinema (Praia de Botafogo, 316). Sala 2: 13h30, 15h30, 19h30 e 21h30.Barra Shopping (Avenida das Américas, 4.666). Sala 18: 13h, 15h20, 17h40, 20h e 22h20.
UCI New York City Center (Avenida das Américas, 5.000). Sala 18: 13h15h20, 17h40, 20h e 22h20.
UCI Park Shopping Campo Grande (Estrada do Monteiro, 1200). Sala 4: 13h10, 15h30, 17h50 e 20h10.
UCI Norte Shopping (Av. Dom Hélder Câmara, 5.474). Sala 4: 14h30, 16h50, 19h10 e 21h30.
Girls’n’Guns
Mulheres portando (e usando) armas dão os enredos de dois filmes que também entram em cartaz hoje. Coincidência à parte, cada um traz estilo bem diverso.
“Rainhas do Crime” se passa em Nova York, em janeiro de 1978, quando três mafiosos irlandeses são presos. Sem o dinheiro que era levantado pelos maridos e sem apoio financeiro de Little Jackie (Myk Watford), que herda o comando dos “negócios”, Kathy (Melissa McCarthy), Ruby (Tiffany Haddish) e Claire (Elisabeth Moss) decidem criar sua própria famiglia, extorquindo comerciantes locais, em troca de “proteção”. O poder do trio feminino cresce a ponto de incomodar não somente Little Jackie como também a tradicional máfia ítalo-americana.
O humor negro francês recheia o pastelão em “Mulheres Armadas, Homens na Lata”, calcado em uma mórbida reviravolta na vida de Sandra (Cécile de France).
Desempregada, depois de viver 15 anos na badalada Côte d’Azur, e sem possuir uma graduação, ela volta a morar com a mãe em Pas-de-Calais – cidade também no sul da França, onde consegue emprego na fábrica de conservas local. Ex-miss Pas-de-Calais, ela é alvo constante de assédio do chefe o chefe, o qual acaba matando ao tentar se defender. Ela e duas colegas (Yolande Moreau e Audrey Lamy).
Veja nos links os horários de “Rainhas do Crime” e “Mulheres Armadas, Homens na Lata”.