“O inferno são os outros”, o tema da obra do filósofo existencialista Jean-Paul Sartre cabe como uma luva nas relações entre vizinhos no Estado do Rio de Janeiro. Um levantamento realizado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) mostrou em números a realidade da convivência nos condomínios do Rio. De acordo com o C, de janeiro de 2018 a dezembro de 2022, foram registrados no Estado 35.244 casos de ameaça, lesão corporal dolosa, tentativa de homicídio, homicídio e feminicídio envolvendo vizinhos. A soma equivale a uma ocorrência a cada hora e meia, em média.
Em 2022, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) contabilizou 560 ocorrências ligadas ao direito de vizinhança. Somente até o fim de maio deste ano, o TJRJ já registrou 226 casos. Os motivos são os mais variados e vão desde disputas por vagas de garagem à implicância contra o vaso de planta colocado em algum lugar que desagrada a alguém.
Pelos condomínios do território fluminense, os casos mais comuns, e que muitas vezes podem levar a desfechos trágicos, estão relacionados à injúria, difamação, calúnia, perturbação do sossego, lesão corporal, uso arbitrário das próprias razões, entre outras causas.
A delegada Daniela Campos Rodriguez Terra, titular da 14ª DP (Leblon), explicou à Veja Rio que, na Zona Sul da cidade, as desavenças entre vizinhos são as ocorrências que mais demandam as delegacias da região. Entre 2018 e 2022, foram praticados 70 homicídios dolosos entre vizinhos no Estado. Desse total, 17 ocorreram na capital fluminense, informou o ISP, acrescentando que a cidade também contabilizou 14.574 casos de lesões corporais — quase oito agressões por dia.
As informações são da Veja Rio e do jornal O Globo, que teve acesso aos dados do ISP via Lei de Acesso à Informação.
O problema é que poucos conseguem ficar quietos em “seu quadrado”. Tem muita gente espaçosa, folgada, e absurdamente sem noção. Tem (muita) gente que não entende nada a respeito do que significa liberdade, e invade o espaço alheio sem o menor pudor.
Perturbar o sossego dos outros parece ser um dos esportes favoritos do pessoal aqui deste canto sujo do mundo. Em tempos de dificuldade econômica, carência de direitos básicos, proibição de prazeres, e outras coisas que vão deixando a vida cada vez mais chata e insuportável, não é de se surpreender que as pessoas “estourem” quando um engraçadinho sem noção vem invadir o seu já precário espaço.
Temos muito que aprender e melhorar. Enquanto não aprendemos e melhoramos, salve-se quem puder.
Que doemos mais amor ao próximo, em em harmonia feito doces canções!