A construção das primeiras estações da Linha 1 foi com escavação a céu aberto. Não havia tatuzão na década de 70, pelo menos no Brasil. A cidade sofreu um bocado com gigantescas valas rasgadas da Praça Onze à Glória. Depois vieram as estações que ligaram a Tijuca a Botafogo. Durante as obras, muitas lojas foram à falência, com anos de poeira na porta, os pedestres passando apertados em currais de madeira nas calçadas. Mas a promessa era ter um serviço de primeiro mundo.
E ele veio. Não importava que não fosse muito longe. Era o lugar mais limpo da cidade. A todo momento uma funcionária passava o esfregão no chão preto de plurigoma, aquele piso emborrachado com bolinhas, que brilhava de tão limpo. Contagiados, ou intimidados com tanta limpeza e cuidados, os cariocas, sempre anárquicos, eram outros ao entrar no metrô. Nem uma guimba de cigarro era jogada no chão, nem um papel de bala. E havia proibições, como não viajar sem camisa.
As primeiras estações foram projetadas pelos arquitetos Sabino Barroso, Jaime Zettel e José Leal, que haviam sido colaboradores de Oscar Niemeyer. Os materiais eram os mais nobres possíveis: parapeitos e paredes de mármores, painéis de paredes revestidos de vidrotil, uma espécie de pastilha de vidro, de cores variadas, degraus de granito preto. Nada do brutalismo do concreto aparente que caracterizava o metrô de São Paulo. Talvez o metrô do Rio tenha sido o último suspiro da nobreza perdida com a transferência da capital para Brasília.
Depois vieram novas estações, cada uma com uma cara, de acordo com o governo do momento. Escavadas na pedra, em concreto aparente, com pinturas murais de artistas pouco conhecidos, ou painéis de azulejos homenageando a mãe de Jesus, numa total falta de projeto unificador. Com uma jogada de mestre da destruição do planejamento, o ex-governador Cabral criou algo monstruoso, jogando a Linha 2 dentro da Linha 1 e desprezando a projetada ligação do Estácio com a Praça XV. Uma plataforma fantasma, abaixo da plataforma em uso na Estação Carioca e destinada a essa ligação, permanece inutilizada, atestando o desperdício de recursos públicos.
Em 1997, o metrô foi concedido ao consórcio Opportrans, concessão depois assumida pela empresa MetrôRio. Aparentemente, um dos maiores propósitos era auferir lucros, sem muita preocupação com a qualidade do serviço. Vieram os envelopamentos dos vagões com propagandas, que dificultam a visibilidade de dentro para fora, e as adesivações de pilares, degraus e de todos os espaços disponíveis. E vieram quiosques em profusão, agora até com pregão de pão de queijo na estação Largo do Machado. As antigas estações, elegantes e bem projetadas, foram transformadas em verdadeiros mafuás.
A nova concessionária, em sua grande sabedoria arquitetônica, julgou que a arquitetura dos colaboradores de Niemeyer não era boa o suficiente. E saiu fazendo as intervenções mais estapafúrdias. Paredes de vidrotil? Tinta branca nelas e painéis que as escondam com faixas de acrílico supercoloridas. Programação visual sóbria? Vieram decalques infantilizantes de sandálias havaianas e sorvetes. Agora, as escadas da estação Glória ganharam uma tinta vermelho-bombeiro. Nesse caso, para fazer a propaganda da ESPM. Uma escola que ensina design sendo agente e cúmplice do desrespeito a um projeto arquitetônico, que tem autoria.
O metrô do Rio virou um lugar confuso, barulhento, sujo e com ar de improvisação provinciana. Os percursos nas estações são dificultados pela imensa quantidade de estandes de venda. A manutenção das estações deixa a desejar, assim como sua limpeza. E o bilhete do metrô não está integrado a outros meios de transporte sem adição de valor. O carioca, ao dar uma volta por São Paulo, não apenas encontra um sistema de metrô infinitamente mais amplo, mas também mais organizado. Até o hábito dos passageiros paulistas de esperar o fim do desembarque dos demais passageiros, para iniciar o próprio embarque, é invejável.
Durante a campanha, o atual governador prometeu expandir o metrô e terminar a estação Gávea, atualmente propositalmente inundada para não colapsar. No entanto, depois de eleito, não voltou a falar no assunto. Seria muito bom que o metrô fosse expandido. Apesar de ser um equipamento estadual, nunca ultrapassou as fronteiras do Município do Rio de Janeiro, nunca adentrou a Baixada, por exemplo. Mas, além de ampliar o sistema, seria também importante ouvir os usuários e respeitar a boa arquitetura das primeiras estações. E que as próximas estações tenham projetos de boa qualidade.
O sistema de transporte assim como as demais estruturas urbanas refletem o espírito do tempo de uma população e uma cultura. Esse artigo é um retrato disso, pois vem do padrão “nórdico” dos anos 70,80 a algo tipo “Sudão do Sul” ou “Venezuela” este ultimo que tem metrô na capital, construido pelo nossa engenharia e hoje algo que ninguém cuida e remunera. Da população que entrava nas estações com certa reverência hoje vê camelos, artistas de rua, pedintes num ambiente de desorganização e limpeza. Se o cidadão se desinteressa pelo público, como exigir obras e serviços? Por fim, os comentários do Paulo Duarte são matadores, se não levarmos as pessoas de volta ao uso do transporte, este se esfacelará ano a ano.
O (des)governador já declarou que ampliação do metrô não é prioridade, portanto não vai buscar recursos para tal. Ótimo para população de São Gonçalo, por exemplo, que paga mais de onze reais numa tarifa de ônibus intermunicipal. Isso para quem não tem o privilégio (?) de poder usufruir da tarifa do Bilhete Único e que tem que subsidiar a tal tarifa social dos trens e metrô.
Rio cidade ex maravilhosa um dia não sei quando vai voltar a ser maravilhosa. Mais uma coisa eu sei este governador e igual aos outros só fala que vai fazer isso e aquilo mas na hora H não sai nada em 2026 ele volta com o mesmo papo, e ai vira governador de novo e nos votamos com os mesmos comentários aguardem o próximo capitulo .
Muito choro e pouca vela.
Temos 2 problemas que afetam o sistema de tranaporte metroviario do RJ. O primeiro, é que temos que decidir se vamos continuar nessa auto-destruição de home-office. Digo isto porque, se formos continuar com as pessoas sem se locomover, os transportes rodando abaixo do seu limite mínimo pra manter o equilibrio financeiro, por qual motivo vamos enterrar bilhoes na ampliacao de um transporte de massa se não tem usuários? Olhem o que aconteceu com as empresas de onibus do Rio, que quebraram todas após a pandemia e não conseguiram se manter, rodando a maior parte do dia com ônibus vazios queimando diesel pra lá e pra cá. Foi preciso a prefeitura intervir, colocar dinheiro público pra sustentar o sistema de transportes através dessa MOBI RIO e até agora estamos. Centro da Cidade vazio, Tijuca e vila Isabel comércio cheio de portas fechadas e sem movimentos nas ruas. O prefeito e o Governador nao tem peito pra ordenar o retorno dos funcionarios ao trabalho até hoje. Por questões eleitoreiras preferiram deixar de vez uma quantidade significativa de funcionarios em casa trabalhando de vez, vendo a cidade afundar cada vez mais. Qual foi a solução que as concessionárias estão encontrando? Se o sistema está com poucos usuários, ESTES que vão ter que bancar a conta dos que estão em home office. Resultado: passagem de trem sobre pra 7 reais, metro agora subindo pra 7 reais e não se enganem, a de onibus também vai explodir. Pelo simples fato de que não tem como manter o sistema de transportes rodando vazio ppr uma cidade zumbi! Parabéns ao prefeito e ao governador, vocês estão conseguindo destruir o resto desta cidade, deste Estado. O segundo problema a que me referia no início deste comentário vai com relação a prioridade de gastos do Rio de Janeiro. A matéria foi muito bem redigida ao comprar o sistema de metro de Sao Paulo. A grande diferença entre Rio e Sao Paulo está aí. São Paulo save priorizar o retorno dos impostos paulistas em investimentos. Já o Rio de Janeiro, pega toda montanha de dinheiro de dinheiro que recebe de Royalties de petroleo, de ICMS e torra tudo rapidamemte com custeio da maquina, com aumento de salarios de funcionarios publicos, com cabides…e por aí o dinheiro todo ecapora, quando na verdade o Rio de Janeiro já era pra ter estações de metrô completa, com inauguração de estacoes todo ano, como ocorre em São Paulo. O Rio de Janeiro recolhe muito e gasta mal, muito mal. Quer ver um exemplo? Tive a curiosidade essa semana de ver um.anuncio de concurso publico que o estado do RJ está abrindo pra uma empresa publica chamada AGERIO. Alguém conhece? Alguém ja ouviu falar? Nem eu. Ao que parece é uma empresa que foi criada no sentido de “fomentar” novas empresas e industrias para o Estado e já foi concebida há bastante tempo. O concurso publico dispõe no anuncio de quantidade significativa de cargos e altos salários e regalias. Agora te pergunto: quem paga essa conta? Quem paga esses cabides? Alguem está verificando aumento de industrias, empresas no Estado fomentados por essa agencia? Esse é o grande problema do nosso Estado que não larga esse socialismo histórico de jeito nenhum. Poderíamos estar inaugurando 1 estacao de metro todo ano como Sao Paulo, mas infelizmemte não temos dinheiro pra completar nem a da Gavea, pprque o governo tem como prioridade um concurso pra ampliar cabides numa agência num momento em que as empresas industrias estão indo embora porque o Estado e Cidade estão numa aspiral de empobrecimento alimentado por um sistema de trabalho remoto criado numa pandemia que já era pra ter terminado faz tempo. Mas esqueçam tudo que falei, continuem brincando de hpme office, distribuindo dinheiro dos impostos com custeio da maquina. Do jeito que as coisas estão caminhando, muito em breve o setor imobiliário vai ser o próximo a desmoronar nessa cidade zumbi. O crédito está caro e quem está pagando IPTU pra sustentar sala comercial e loja vazios há anos não vai ter onde mais pegar emprestado pra pagar. Aí a inadimplência virá no pagamento doa impostos que sustentam essa máquina ineficiente e obesa. Aí veremos como ficará. “Fica em casa, a economia a gente vê depois”.
Privatiza, vai ficar ótimo!
Como tudo no Rio, seu próprio povo destrói e vai degradando. Vão achando normal tudo de errado e não civilizado, depois reclamam.
Não demora estará como os trens da Central do Brasil.
Esse foi o texto mais preconceituoso que eu li neste site. Até que se tentou disfarçar, mas o odor elista impregnou tudo.
A linha 2 dentro da linha 1 foi uma excelente solução pra quem mora da zona norte e baixada. Até concordo que ficou mais cheio a linha 1. Sabe porque? Porque facilitou o acesso. Uma solução para a estação de Estácio, seria colocar mais trens circulando na linha 2 alternando entre Botafogo e Estácio. Muitas pessoas iriam preferir ir até Estácio pra sentar ou simplesmente conseguir acessar o metrô.
O governador Cláudio Castro prometeu expandir a Linha 2 da Pavuna até Nova Iguaçu, a contrução da Linha 3 e a finalização da estação Gávea para futuramente ser expandida a outra linha mas até agora não fez nada, nenhuma obra foi começada, devemos cobrar sim.
Só não me arrependo de ter votado nesse Claudio Castro porque cpm certeza seria muito pior se estivesse nas mãos da esquerda. Péssimo Governador, pega o dinheiro todo dps impostos e torra com cabides e funcionalismo, regalias. Pela quantidade absurda de dinheiro em royalties que esse Estado recebe todo ano, éramos pra estar inaugurano NO MINIMO uma estação de metrô todo ano, fora outros investimentos urgentes necessários. Mas não se vê nada de investimentos, torra o dinheiro todo com custeio da máquina. Ele quis dar aumento pra funcionário público, e foi recomendado em Brasília que deveria respeitar o regime de recuperacao fiscal a que o Estado estava submetido e não poderia aumentar despesas com folha de pagamentos, pois ele comprou briga com Paulo Guedes até conseguir dar reajuste. Esse Claudio Castro se Deus quiser é a ultima passagem pela politica do RJ. Você visita Nova Iorque, Las Vegas, Barcelona, Florida e tantos outros, tem sempre monumentos novos, points publicos novos, atracoes novas… mobilidade excelente. Aqui no Rio de Janeiro nós paramos no tempo, o turista chega aqui já sabe que só tem Cristo Redentor pra visitar. E ainda se dizem uma cidade com vocação turística. Não inauguram estações novas de metrô, atrações novas que despertem vontade das pessoas virem fazer turismo. São sempre os mesmos aparelhos de sempre, os mesmos lugares… pq simplesmente a Prefeitura e Estado só se limitam a fazer a conservação do que já existe, e muito porcamente. O resto do dinheiro dos impostos é pra folha de pagamentos, cabides.
Sr. Roberto talvez a intenção do ex-governador Sérgio Cabral, um cara que foi condenado em várias instâncias e que errou bastante, ao meu ver, ele não errou não em colocar a linha 2 dentro da linha 1.
Eu peço a opinião de qualquer um aqui que mora na Baixada, zona norte ou oeste se não facilitou a chegada deles na zona sul.
Talvez a intenção possa ter sido em ganhar dinheiro, mas ao mesmo tempo com essa inclusão, beneficiou milhares de passageiros.
P.S.:Hoje é sábado 08/04/23, estou amando que o Metrô está indo da Pavuna até General Osório, infelizmente pra um rir, outros tem que chorar, sempre vai ter um que não aprove esse tipo de decisão.
Desculpe. Mas você está errado ao dizer que Sérgio Cabral não errou ao unir as linhas 1 e 2 a partir da estação da Central do Brasil. Ele criou 3 problemas: 1-o que fazer com o trecho Estácio-São Cristóvão, da linha 2 e com a plataforma inferior do Estácio, destinada à linha 2? A solução dada pela concessionária foi dar trajetos diferentes ao trem da linha 2 durante a semana e nos fins de semana e feriados. De 2ª a 6ª, o trem da linha 2 faz o “novo” trajeto, isto é não passa pelo Estácio, indo de São Cristóvão à Central, via Cidade Nova, e daí até Botafogo ou Ipanema; nos fins de semana e feriados, a linha 2 é Estácio-Pavuna, o trajeto original. Estranho não é? 2-impediu o uso de trens maiores, com maior capacidade na linha 2, muito mais movimentada, pois as plataformas da linha 2 original (Estácio-Pavuna) são mais longas do que as da linha 1. Como o trem da linha 2 passou a usar estações originalmente da linha 1, cuja plataforma é mais curta, isso inviabiliza o uso de trens com mais vagões na linha 2; 3-segurança e eficiência. Ao unir as linhas 1 e 2, Cabral criou um problema de segurança, pois os trens vêm de caminhos diferentes e, bem perto da Central do Brasil, passam a usar os mesmos trilhos,o que os obriga a fazer uma parada ou uma redução de velocidade para evitar colisão. Desde que concluiu essa obra, os intervalos cresceram, visto que, no trecho compartilhado, você vai ter trens das duas linhas e não de uma só. Com intervalos maiores, por uma questão de segurança, você acaba perdendo eficiência e dificultando a expansão. O pior é que, com as Olimpíadas, o metrô teve que ser estendido até a Barra, o que agregou mais usuários ao sistema. As linhas têm de ser independentes. Podem ter estações comuns, mas os trens devem correr por diferentes trilhos e usar diferentes plataformas. Baldeação é comum a qualquer sistema metroviário do mundo. Basta que os intervalos entre trens sejam pequenos para que a baldeação seja curta. O que ele deveria ter feito era prolongar a linha 2, a partir do Estácio para a Cruz Vermelha, Carioca (que sempre esteve pronta para receber a linha 2) e praça Quinze. O problema, agora, foram os efeitos da pandemia, que provocou queda de número de usuários, como bem apontou Paulo Duarte, acima.
Fosse a linha 2 estendida até a Praça XV como no projeto original e tanto a linha 1 como a 2 poderiam ter mais trens circulando, cada um em seus trilhos. Seria preferível fazer uma baldeação, ou na estação Estácio em direção a Tijuca, como na Carioca, em direção a Zona Sul, com muito mais trens operando. Repare que uma baldeação na Carioca resultaria em embarcar nos trens da linha 1 esvaziando de passageiros oriundos da Tijuca com destino ao Centro da Cidade.
Essa é a percepção dele que andou na linha 1. Se ele andasse na linha 2 o cara ia surtar.
O meu sonho era o Metrô chegar à Jacarepaguá. Infelizmente, não estarei vivo para ver isso acontecer.