Romário, o Infiel

Para Clarissa Garotinho, Romário levou para a política a sua lógica do futebol negociando seu passe em troca de espaços na administração pública

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A sofrência tomou conta do PL. Bolsonaristas fiéis estão indignados com a postura do senador Romário, que declarou apoio à reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD) na capital e ao ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), em detrimento dos candidatos do partido, Alexandre Ramagem e Carlos Jordy, respectivamente.

O PL está irritado, e com razão. Afinal, foi pela sigla que Romário garantiu sua reeleição para a única vaga ao Senado nas eleições de 2022, com pouco mais da metade dos votos que obteve no primeiro mandato. Além disso, o crescimento de Alessandro Molon (PSB) nas pesquisas estimulou o voto útil em Romário, que, embora não fosse nada demais, carregava o número da direita, para evitar uma vitória da esquerda.

Mas qual é a surpresa? Romário não “assumiu a relação” nem durante a campanha. O ex-presidente Jair Bolsonaro, que disputava a reeleição, sequer era mencionado no horário eleitoral de Romário na televisão, fato que sempre causou estranheza entre os correligionários.

Enquanto aliados fiéis de Bolsonaro exigem punição ao senador Romário, o também senador Flávio Bolsonaro contemporizou, lembrando que Romário já estava no PL antes da chegada da tropa da direita e deixou o caminho livre para seu amigo pessoal abandonar o barco mais à frente, sem enfrentar uma tempestade. Uma resposta que não agradou a base e que deixou Romário muito confortável.

A verdade é que o PL não tem muito com o que se preocupar, a não ser com o noticiário negativo. Romário é celebridade! Chama atenção nas agendas de rua, tira mais fotos que os próprios candidatos, mas não transfere nenhum voto. Aliás, capacidade de transferir capital eleitoral é privilégio de poucos na política.

O baixinho faz o que sempre fez: trouxe para a política a lógica do futebol. Entra em campo negociando seu passe em troca de espaços na administração pública. E assim segue, indiferente a qualquer fidelidade política. Esse comportamento está sendo muito mal digerido pelo grupo de Bolsonaro.

Mas saindo um pouco do gramado, território que não domino, prefiro resumir esse imbróglio todo em sofrência sertaneja. O PL está tentando acuá-lo, citando um trecho do grande sucesso de Marília Mendonça: “Estou te expulsando do meu coração, assuma as consequências dessa traição“. Ao que o senador responde com a canção de Zé Neto e Cristiano: “Sinto em te dizer, mas eu já superei você.”

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