Uma mistura explosiva está sendo consumida por foliões nos blocos pré-carnavalescos cariocas: sacolé com bala – conhecida pelos nomes de MDMA, MD ou ecstasy -, droga sintética derivada da anfetamina e de venda proibida no Brasil. Apesar disso, o entorpecente tem sido comercializado livremente nas ruas da cidade e na internet.
Um cartaz anunciando a venda do sacolé com vodca e bala, nos sabores morango e coco foi publicado no X (ex-Twitter), no dia 14 de janeiro. Usuários da rede apelidaram o mercado da droga de “Sacolé Breaking Head”, tomando como referência a série Breaking Bad cujo protagonista cria um laboratório para produzir metanfetamina. De acordo com os comentários da postagem, que alcançou mais de R$ 1 milhão de pessoas, seria possível comprar o sacolé com bala por R$ 30.
Autoridades policiais e toxicologistas ouvidas pelo jornal O Globo criticaram o uso da substância misturada em doces, como o sacolé, uma vez que encobrem os seus efeitos alucinógenos, que podem ser intensificados pelo calor. O psiquiatra Marcos Argôlo explicou ao jornal que a combinação entre a euforia causada pelo ecstasy e a agitação da folia, pode gerar uma forte desidratação, com perda considerável de sódio, que pode levar à morte.
“Os sintomas da bala, ou MD, são de euforia, aumento da libido e da sensibilidade. É uma droga que tem meia-vida longa, ou seja, dura muito tempo no corpo, com pico logo após uma hora do consumo. No carnaval, o calor e a animação por si só já fazem o corpo suar e, com a ingestão da droga, isso se intensifica, o que se torna um risco, principalmente porque a perda de sódio pode causar confusão mental, edema cerebral e até morte. Além disso, o consumo com doce, como no sacolé, mascara os sintomas, a pessoa demora mais a perceber a mudança nos sentidos”, explicou o especialista ao veículo, adiantando que o consumo da droga por pessoas com pré-disposição a transtornos psiquiátricos pode ser um deflagrador de quadros clínicos: “O uso prolongado pode gerar ansiedade, depressão e induzir psicoses, mas em pessoas com pré-disposição genética a transtornos mentais, um consumo de pequena quantidade já pode ser suficiente para o surgimento de um quadro clínico”.
De acordo com O Globo, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) afirmou, por meio de nota, que as imagens do comércio de sacolé com ecstasy nas redes sociais devem “se tornar objeto para procedimento investigativo”, com os envolvidos presos, caso haja o flagrante do deleito.
Informações e imagem: O Globo