Por Bernardo Moura
Continuando nossa apuração sambística para o carnaval 2010, entram em cena Beija Flor e Grande Rio.
A Beija Flor de Nilópolis levará o enredo "Brilhante ao sol do novo mundo, Brasília do sonho à realidade, a capital da esperança". A escola terá incentivos fiscais do governo federal. Mas, isto não nos interessa, por enquanto. Analisaremos os sambas.
Dos 16 sambas já escolhidos por Laíla, coloco dez no lixo. Mas, com ressalvas. O samba de nº 7 é cantado por Wantuir e feito por Carlinhos Detran, Tomtom, Adilson China, Hugo Leal, Gilson Doutor, Aroldo do CAC. A primeira parte da canção é boa, porém, o primeiro refrão e a segunda parte, não acompanham a animação do primeiro. O de número 15, de Ademir, Betinho de Pilares, Cirino Nóbrega, Márcio Garcia, Marcos Lauriano e Raimundo Sena, é bom. Mas ficou tão pesado, que o samba chega a estagnar. Não flui. E como todos sabem, na Sapucaí, não cabe canto de velório.
Os oito restantes são horríveis. Há um até que diz que Brasília é uma nave no cerrado. Meu Deus!
Em outra parte, separei os regulares. Como se sabe, esta seção é voltada para aqueles sambas que têm chances boas para chegar á final, quiçá ao pódio. O samba de número nove, cujos autores são Wilsinho Paz, Noel Costa, Alexandre Moraes, Silvio Romai e George Costa entra neste time. Cantado pelo Wander Pires, que deu leveza à cançao, possui boas construções e bons versos. Pode empolgar. Tanto o de número dez, de Alexandre Valle, Humberto, Jarbas, Eliseu e Queiroz, quanto o de nº 12, de Nino do Milênio, Wanderley Novidade, Franco Cava, Walney Rocha, Marinho, André Sisti, por incrível que pareça, não achei nada que causassem rejeição. São neutros. E não machucam os ouvidos. O de número dois também está nessa. Composto por Cláudio Vagareza, Lollo e Binho da Paz, imprime a cara da Baixada fluminense. Serginho do Porto arrebenta no samba.
Nos bons, há dois sambas, cujas numerações podem render uma boa sorte na disputa para a escola. Um é o de número três e o outro de número 13. Para quem é supersticioso é um prato cheio. O primeiro composto por Siqueira do Cavaco, Renan da Cuíca e Evandro Barcellos é uma maravilha. Com ótimos refrões, boa melodia, boas construções e versos nem tão complicados. Com os versos “Paranoá, sua água reflete o luar/E JK, a alvorada faz brilhar/Da Humanidade patrimônio cultural/Enche de orgulho nosso carnaval" ocasionam à Nilópolis, uma forte disputa ao título. O samba de número 13, de Marquinho Lessa, Joel Menezes, Chopinho, Dimenor e Nêgo Lindo e cantado por Gilsinho é a mesma coisa. Samba alegre, impactante e com fáceis construções. E o melhor, fiel à sinopse. Já estou até vendo, a comunidade nilopolitana cantar com prazer na avenida o primeiro refrão. Batendo a mão no peito dizendo os versos "Eu sou caboclo, bandeirante, sou sim/Desbravador do coração dessa "nação tupiniquim"".
Na terra de Caxias, a Grande Rio leva seu enredo "Das Arquibancadas ao Camarote Nº1 Um "Grande Rio" de Emoção Na Apoteose do Seu Coração" à Sapucaí. Dos nove sambas disponibilizados, quatro são ruins. Os de número cinco e seis, compostos por Amendoim do Samba, Resemar e Carlinhos Cascadura e Marcio Paiva, Elias Bililico, Régis, Gegê, J.L.Monteiro, respectivamente, são regulares. Na seção dos bons, destacam-se os de número um, dois e nove. Feitos por G.Martins, Barbeirinho, Levi Dutra, Chico da Vila, Isaac, Juarez Pantoja; Marcio das Camisas, Mariano Araújo, Sylvinho, Melo, Foca e Barbosa Jr e Arlindo Cruz, Mingau, Da lua, Rafael Ribeiro, Carlos Sena e Emerson Dias, respectivamente.
De modo geral, fico feliz em saber que as escolas de samba estão com discernimento e fazendo escolhas a partir de boas safras.
Falando em samba, a dama Dona Ivone Lara grava seu primeiro DVD amanhã (dia 11/8) no Canecão. O show contará com as participações de Arlindo Cruz, Beth Carvalho, Bruno Castro, Caetano Veloso, Delcio Carvalho, Gilberto Gil, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho e a Velha Guarda do Império. Preços de 50 a 100 reais. Mais informações no site: www.canecao.com.br ou pelo telefone 21 2105-2000