Samba do Rio: Últimos ensaios técnicos de 2009

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Por Bernardo Moura

Império da TIjuca Final de semana feliz e intenso para os sambistas. Natal que se aproxima? Que nada! Dia de muito samba e animação na Marquês de Sapucaí.

 

A Unidos do Padre Miguel, a primeira agremiação a ensaiar, veio natalina. Ás 20H15min, seus componentes vestiam gorros de Papai Noel, no seu primeiro ensaio técnico, na Sapucaí. Falando de "Aço – Universo Presente na Riqueza da Terra,o Futuro a Ti Pertence!", a Unidos chegou com o santo guerreiro de todas as batalhas, Ogum.

 

Logo em seguida, as mães de santo estavam atrás. O curioso foi ver uma delas segurando uma garrafa de cachaça na mão. Perguntei ao coreógrafo da ala, o motivo da presença da bebida na cena religiosa. Ouvi um sonoro "porque ela é cachaceira". Ok. Seguindo adiante, a escola veio com cinco tripés com belas mulheres em cima marcando os setores do enredo.

O samba de Andrezinho, Carlos Junior, Eli Penteado e Marquinho Sorriso contém melodia e letra forte. Porém, não foi o bastante para a comunidade da Leopoldina. Havia partes em que as pessoas arrastavam a canção.

 

Por fim, a agremiação veio empolgada, em sua maior parte, e por ser um ensaio, foi uma boa pedida para o pouco público presente na Marquês de Sapucaí.

 

No entanto, o mais esperado da noite era a União da Ilha. E todo mundo já sabia disso. As bandeiras, as camisas e as faixas presas nos setores 1, 3 e 5 mostravam o que o público realmente queria.

 

Minutos antes do desfile começar, perguntei a um componente da escola, o que ele esperava para o ensaio. Disse que estava nervoso com a volta ao grupo Especial, mas depois acabou relaxando. E que estava muito preparado.

 

Aliás, preparação foi o que disse também o presidente da escola, Nei Filardi. Que após oito amargos (longos) anos, a União da Ilha voltava ao seu lugar de origem. Voltava ao seu devido lugar e mandou até recado: "Aos diretores que não tem função, por favor, não atrapalhe…Não quero ninguém na frente da bateria. Não tem o que fazer? Vai para casa ver novela…"

 

Recado dado, o esquenta foi o hino da agremiação: "ô ô ô a União voltou…ô". O intérprete Ito Melodia não cansava de elogiar a escola. De acordo com os componentes, ela está disposta a fazer o melhor carnaval de domingo.

 

A comissão de frente revelou pouca coreografia, contudo havia uma parte em que seguravam o escudo da escola. Desnecessário dizer que a platéia ia ao delírio. 

 

Os 3.800 componentes vieram inflamados. O sentimento era de total emoção. Até porque a Ilha volta ao seu devido lugar. A comunidade veio cantante. O esforço dos diretores de ala não era em vão. Estes, sempre lembravam às suas respectivas alas, do canto, apontando o dedo para os lábios.

 

O recuo da bateria no segundo box não foi perfeito. Sua entrada lenta deixou um clarão na pista. A ala de passistas que serve para cobrir o espaço, veio mais lenta ainda. A escola estava alinhada, apesar de vir brincando e dançando.

 

No fim, a baiana Dona Geralda, 87 anos, resumiu numa só frase, a passagem da União da Ilha na Sapucaí: " Foi maravilhosa!".

 

No domingo, na última noite de ensaios técnicos de 2009, a Sapucaíu lotou. Beirava os 25 mil espectadores. A Liesa fez um esforço e até abriu o setor 11 para o público que neste ponto, se esprimia num calor de 30 graus. Mesmo assim, não arredaram o pé e assistiram às três escolas da noite.

 

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A primeira, Império da Tijuca, trouxe 1.600 componentes, segundo um diretor de harmonia da escola. A comissão de frente veio vestida de guerreiros africanos. No entanto, o coreógrafo Junior me assegurou dizendo que no dia do desfile, eles não virão assim. Virão profetizando a escola, homenageando a Rainha Ginga.

 

Com bola de encher nas mãos, os componentes tentavam animar a si próprios e  aos espectadores. Missão não cumprida. A eterna carnavalesca Maria Augusta, que passeava pela pista observando cada detalhe, não cansou de pedir canto aos componentes.

 

O primeiro setor da Tijuca era todo africano.  Começando com o tripe de elefante com a mulata do Góis, Dandara, em cima, até a ala que trajava vestimenta e com as faces pintadas igual a uma verdadeira tribo.

 

O samba fraco não rendeu empolgação. Na hora do refrão "Eparrei oiá…oiá oiá..", a bateria de Mestre Capoeira fazia paradinha com os ritimistas agitando as baquetas para o alto.

 

O que nas escolas, geralmente, aparece no final do desfile, o cansaço, apareceu antes na Império da Tijuca. Parecia que já no setor 3 ele que estava desfilando. A escola se arrastou, do começo ao fim. Até que no final, formou uma grande muvuca como se fosse um bloco de carnaval.

 

Beija FlorA Beija Flor de Nilópolis veio melhor. A escola vai falar dos 50 anos de Brasília. E falando da capital do país, o clima ficou quente. O presidente de honra da escola, Aniz Abrãao David, o Anísio, distribuía squeezes aos espectadores. O apresentador da Record, Wagner Montes, saudava a todos os presentes. E Laíla, um dos membros da comissão de carnaval, direcionava a escola ao lado do casal de mestre-e-sala-e-porta-bandeira Claudinho e Selmynha Sorrisoz. Quando o intérprete Neguinho da Beija Flor fez seu famoso grito, o público delirou.

 

A comissão de frente, da coreógrafa Gislaine Cavalcante, retrata o Sonho de Dom Bosco. De acordo com ela própria, faz a anunciação da terra prometida, entressonhada e celestial. Como sempre, podia se ver que haverá um beija flor. Já virou marca da escola.  Com coreografia que não era a oficial, a comissão foi ovacionada.

 

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A comunidade, com 3.500 componentes, veio em peso. Mas, logo de cara, a Beija Flor cometeu uma falha em harmonia e evolução. Nos primeiros 20 minutos de "desfile", a escola evoluía a passos lentos. Ficando, por muitas vezes, parada no mesmo lugar. Erro a consertar.

 

O primeiro setor já podia conferir o surgimento da capital, os primeiros habitantes, os bandeirantes. Algumas alas estavam coreografadas e com bandeiras.

 

Um bom ponto da escola foi a ala das passistas. Nesta ala, estavam presentes meninas de 4-5 anos de idade até as mulatas já conhecidas e admiradas. Parecendo uma escadinha, vestindo azul e branco. Lindo de ver!

 

Já em pontos ruins, a Beija trouxe muitas alas com coreografia. E, quando a bateria estava em frente ao setor 11, os componentes tornaram a voltar pela pista, causando estresse e confusão. Portanto, a truculência dos seguranças e do pessoal da escola não foi o bastante para prevenir este episódio lamentável.

 

Adriane Galisteu na Unidos da Tijuca O relógio já marcava quase 23 horas, quando a Unidos da Tijuca entrou na avenida. Com seus 2.800 componentes, a escola do Borel não deixou ninguém ficar parado.

 

A comissão de frente não revelou movimentos. Fizeram uma oficiosa coreografia. A assistente da coreógrafa, Priscila Mota, não quis revelar muita informação. Limitou-se a dizer que falará sobre todos os tipos de segredo.

 

Em harmonia e evolução a escola deu show. O samba usou e abusou da animação da comunidade e do público. Bruno Ribas cantava majestosamente canção de Júlio Alves, Marcelo e Totonho.

A rainha de bateria, Adriane Galisteu, saudava a todos ritmistas e espectadores, com muito samba no pé e seu encanto. Até chegou a beijar uma senhorinha no setor 1. A bateria do Mestre Casagrande fez um recuo perfeito, porém com poucas paradinhas.

 

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Logo, o único final de semana de ensaios técnicos do ano rendeu um êxtase que o carioca tanto esperava. Agora, é torcer para que o ano vire logo e chegue o tão sonhado dia 9 de janeiro. Dia de mais um ensaio técnico no Sambódromo. Feliz Natal!

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