Santa Teresa é um ferro-velho a céu aberto; ruas tomadas por carcaças de automóveis são regra

Moradores questionam se a Prefeitura faz algum tipo de vistoria no bairro, que está tomado de esqueletos e carcaças de automóveis até mesmo nas áreas mais turísticas, sempre no meio da rua

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Carcaças de carros abandonados são encontradas pelas ruas de Santa Teresa. Nesta foto, uma carcaça de Fusca atirada na Rua do Aqueduto, a metros do Hotel Santa Teresa e do Largo do Guimarães | Foto: Rafa Pereira - Diário do Rio

Muito tem se falado sobre o abandono que Santa Teresa sofre por parte da Prefeitura do Rio de Janeiro. Recentes textos aqui mesmo no Diário do Rio foram publicados por nomes tão opostos quanto Chico Alencar e Rodrigo Amorim, tratando do mesmo tema, assim como diversas reportagens que dão conta do nível de abandono do qual sofre o espaço público do bairro turístico – a Montmartre carioca – há tantos anos. Entra Prefeitura e sai Prefeitura, e simplesmente ninguém toma uma atitude.

A subprefeitura encarregada do bucólico bairro é a mesma do Centro, e parece que o “Reviver Centro” quer mais é que Santa Teresa pereça de vez“, afirma ao Diário do Rio o morador José Clemente, da rua Almirante Alexandrino, principal via do bairro. As pessoas tendem a dizer automaticamente coisas como “ah, mas o Rio está todo abandonado“. Mas pera aí. Transformar um bairro nobre da cidade em cemitério de restos de automóveis jogados no meio da rua, como se o bairro todo fosse um grande lixão de Gramacho é pelo menos estranho. Muitos aparentam ter longarinas rompidas, motores podres, sem contar os que estão aos pedaços. Em que outro bairro turístico de uma grande cidade você encontraria as imagens abaixo?

Uma simples caminhada por um dos mais turísticos bairros do Rio mostra o uso de suas ruas e até calçadas como um preocupante depósito de carcaças de automóveis arruinados, destruídos, verdadeiros esqueletos, uma vergonha tamanha que faz parecer que o bairro não sofre mais nenhum tipo de vistoria por parte de nenhuma autoridade. A ocupação dos espaços públicos do bairro por carros aparentemente destruídos, lixo e detritos já é um problema recorrente, e, embora já tenhamos denunciado isto sucessivas vezes, nada mudou.

“Parece que as autoridades têm preguiça de subir até Santa Teresa e verificar que nossas calçadas viraram crateras lunares, nossa pracinha está abandonada, e nem vou falar da quantidade de automóveis velhos, abandonados, com os 4 pneus arriados, por todo o bairro”, diz uma senhora que se identificou como Naná, que encontramos ao vistoriar a Praça Odylo Costa Neto, cujo mau estado foi objeto de uma outra de nossas reportagens. A moradora chamou a atenção da reportagem para o uso das ruas de Santa Teresa como cemitério de veículos, o que verificamos ser verdade (fotos).

A reportagem encontrou quase 10 carros em situação de abandono, em apenas 25 minutos de caminhada. Dois deles, na rua Filadélfia, uma das mais nobres do bairro (um fusca totalmente podre, e um fiat abandonado que virou viveiro de ratos). Na Almirante Alexandrino, entre o famoso edifício Raposão (o que tem uma piscina enorme, hoje interditada, debruçada sobre a linda vista do bairro) e a Delegacia de Policia, encontramos mais uma meia dúzia de carros largados pelas ruas, apenas em um pequeno trecho.

Uma kombi branca em estado de destruição foi encontrada pela reportagem na Rua Ocidental, na altura do número 580. Na altura do número 103 da rua Leopoldo Fróes, via nobre do bairro nas proximidades do supermercado Big Market, funciona uma espécie de oficina mecânica informal – ou museu do automóvel? – num imóvel em mau estado, onde parece que a regra é consertar e/ou armazenar diversos carros em mau estado bem no meio da calçada e da rua. Não há espaço para pedestres passarem. O mau cheiro e o acúmulo de ratazanas é assunto geral entre os moradores. “Não tem nenhum tipo de cuidado aqui. As calçadas são crateras lunares. Os paralelepípedos todos soltos. Não temos Prefeitura. Ninguém sobe aqui. Somos administrados por um Frade de Pedra e por nossa própria sorte“, lamenta Patrícia Awaló, artista plástica que está se mudando para a Urca, cansada da situação.

No retorno da Almirante Alexandrino, quando se pega a Rua do Aqueduto, junto à Delegacia de Polícia, pedaços retorcidos do que foi um fusca azul claro estão no meio da rua, atirados com a displicência de quem sabe que mora numa cidade sem lei, sem ordem, sem eira e nem beira. “O fusca foi picado aos pedaços e atirado no meio da rua, onde está há cerca de 6 meses, sem que nenhuma autoridade tenha sequer cogitado tomar alguma atitude“, afirmou uma funcionária do Supermercado Big Market, ali próximo, que preferiu não se identificar. O ferro velho a céu aberto está a menos de 20 metros do 5 estrelas Hotel Santa Teresa MGallery, um dos mais badalados de toda a cidade.

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Carcaças de carros abandonados são encontradas pelas ruas de Santa Teresa. | Foto: Rafa Pereira – Diário do Rio

Em outra matéria publicada sobre o assunto, mencionamos uma kombi bege com os quatro pneus arriados no Mirante do Curvelo. Apesar da aparência de destruição, da localização que bloqueia a vista do Mirante de alguns ângulos e dos pneus vazios há mais de um ano, funciona como uma lojinha, que foi defendida por alguns moradores em cartas à redação.

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10 COMENTÁRIOS

  1. Boa noite! SENHOR CLEOMIR antes de afirmarmos qualquer coisa é preciso falar com propriedade, caso contrário estaremos de encontro as normas que regulam uma sociedade e posso afirmar que descendo a rua Leopoldo FRÓES em ambos os lados só há 20 cm de cabeça, isto pode ser considerado calçada?

  2. mas tem que ser muito idiota e otario pra nao pesquisar a fundo antes de sair fazendo a materia, o passat é meu e ta funcionando, so que devido ao nosso lindo bairro ser de paralelepipedo a longarina do meu carro rompeu e encostei ele por segurança e ai ele fico nesse estado, mas ta sendo resolvido ja, agora printei toda a materia e vo entrar no pqnas causas ai pra resolver esssa babaquice toda que falaram, nossa tem que ser muito imbecil pra vir postar uma merda dessa sem pesquisar antes….

    • Seu carro está de FATO num estado tenebroso de conservação. Trabalhei em depósitos e com carros abandonados na rua durante um bom tempo e o seu parece mesmo um carro abandonado.

      A matéria diz que o passat em questão está ” aparentemente abandonado “, logo… eles não deram certeza. Está com aparência de abandonado e está mesmo!

      Vai pros pequenas causas passar vergonha.

  3. O caso dos carros parece perseguição. Quanto a carros comprovadamente abandonados, tudo bem mas, a maioria dos que aparecem aqui ou são de pessoas que os usam para trabalhar ou alguns estacionados enquanto seus donos os recupera eles mesmos o, são carros antigos, raros. Destes, não há nenhum abandonado e na Leopoldo Frois, encontram-se em frente a casa do dono e na calçada onde não passam pessoas pois a mesma é apenas um recuo. Houve no ano de 2020, perseguição na ZONA SUL, A IMÓVEIS “ abandonados´´… Inclusive em um deles, pagaram a moradores de rua para ficar em frente ao imóvel enquanto fotografavam além de encherem o lado de dentro das grades de latinhas vazias, jornais amassados, camisinhas e outros. Vejo o caso se repetindo em Santa Teresa. Se não, investiguem antes de tentar prejudicar pessoas, que ao contrário de quem possui muito e nada tem a fazer, trabalham duro para sobreviver.

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