Sara Rodrigues: Favorito na corrida do Oscar, Belfast narra conflitos políticos e religiosos sob ótica de garoto de 9 anos

Com cinco indicações da academia, o filme chegará aos cinemas brasileiros no dia 10 de março

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Assistir Belfast mudou completamente a minha perspectiva em relação ao Oscar 2022.
Ainda não parei para jogar minhas apostas em vocês, mas podem ter a certeza de que a
premiação deste ano me deixou um pouco xoxa. Até agora. Belfast é um longa ‘curto’ para
o padrão informal de duas horas do Oscar, mas isso não significa que é uma obra
incompleta ou mal contada.

Dirigido por Kenneth Branagh, Belfast conta a história de uma família protestante que vive
na Irlanda do Norte dos anos 1960. A narrativa parte da perspectiva de um garoto de nove
anos chamado Buddy, que mora com os pais (Caitriona Balfe e Jamie Dornan) e o irmão
mais velho, em um período turbulento, em meio a conflitos políticos e religiosos, além de
uma grande dívida da família.

A direção de Branagh é acolhedora, simples, porém impactante. Enquanto algumas tramas
se passam em determinadas épocas como pano de fundo, este consegue unir
harmoniosamente ficção e realidade. Ele consegue conciliar bem os momentos de tensão e
de tranquilidade da vida de Buddy, e isso torna o filme muito mais humano. O diretor foi
indicado na categoria de melhor direção, e apesar de ter ido muito bem, acredito que não
seja o vencedor. Jane Campion é a grande favorita para o prêmio com Ataque dos Cães
(Netflix).

Outro aspecto que chama muita atenção em Belfast é a fotografia, que é fantástica. O filme
faz uma transição de uma cidade colorida e vívida e moderna, para uma Belfast preta e
branca, tradicional e mais tímida. Pode parecer que a mudança é difícil e trazer certos
preconceitos para quem não curte o estilo, mas o jogo é feito de uma forma tão sutil que
nem percebemos a mudança. Infelizmente, o filme não foi indicado na categoria de
fotografia.

Algo que me trouxe muita paz também foi o som do filme. Desde o início, músicas tranquilas
e que dão vontade de deitar e descansar percorrem o roteiro triste e as descobertas de
Buddy. Não é à toa que também está indicado na categoria de melhor montagem de som.
Ao todo, Belfast foi indicado sete vezes, disputando o ranking com o filme “Amor, Sublime
Amor” (confira a crítica).
Se você busca um filme que te abrace, te ensine, e principalmente impacte o seu dia, não
deixe de assistir Belfast nos cinemas brasileiros a partir de 10 de março, e torcer por ele no
Oscar.

Leia o artigo “Streaming no Oscar: Avanço ou Decadência”.

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Jornalista, produtora e apresentadora do podcast cineaspectos. Como amante do cinema, ficou imersa em roteiros fantásticos, conheceu a beleza dos filmes de máfia e os incompreendidos dramas europeus. Sara adora desbravar a singularidade do cinema brasileiro, e acompanha de perto os principais festivais e mostras ao redor do mundo.

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