Por muito tempo, o bairro do Leblon foi considerado de forma unânime como tendo o metro quadrado mais caro do Brasil. E antes dele, Ipanema. E antes de Ipanema, Copacabana. Em resumo, o bairro com metro quadrado mais caro do país sempre foi no Rio. Só que, recentemente, pelo menos segundo o Grupo Zap, dono do Portal Zap, agora em 2021 a coisa virou, e o Leblon teria perdido seu posto. Segundo dados do FipeZap Venda, uma espécie de índice econômico de avaliação imobiliária desenvolvido pelo portal, o famoso bairro carioca acaba de perder esse título para um bairro paulistano.
Segundo o tal levantamento, o Leblon teria caído para a segunda posição, perdendo o título de bairro mais caro do país para o bairro Cidade Jardim, em São Paulo. A pesquisa da empresa paulistana afirma que alguns fatores, como o acesso facilitado à serviços diversos, a presença de áreas verdes e a suposta maior segurança, teriam feito com que alguns bairros se valorizassem mais do que outros, e esta seria a causa principal da perda do título.
Segundo João Paulo Mallet, CEO da Privilégio Imóveis, que tem uma filial no bairro carioca, é preciso considerar que a pesquisa leva em conta o valor médio de cada região avaliada. Ele contou que determinadas áreas do Leblon têm valores bem maiores que os da pesquisa: às vezes mais que o dobro. Como exemplo, Mallet citou o prédio que ocupará o local da antiga Churrascaria Plataforma, que vendeu todas as 61 unidades do residencial foram em apenas dois dias, com o valor inicial do metro quadrado em cerca de 30 mil de reais. O tal prédio é localizado bem em frente a um CIEP, numa zona que, tradicionalmente, não é nada valorizada dentro do contexto do bairro mais chique da Zona Sul.
“Além disso, o levantamento do FipeZap considera os valores de anúncio, não os valores negociados. No Leblon, costuma-se negociar menos, então normalmente os imóveis são vendidos com o valor do anúncio mesmo“, ele também destacou, deixando claro que o vendedor de imóvel no Leblon, não costuma dar mole pra comprador chorão.
A superintendente de vendas da Sérgio Castro Imóveis, Lucy Dobbin, afirmou ter ficado surpresa, e argumenta que o tal índice contrariaria dados oficiais: “Estou muito surpresa e confesso que duvido. A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), em dezembro agora, divulgou dados oficiais sobre a valorização de imóveis em determinados bairros de São Paulo e do Rio. Fazia referência à alta de preços e valorização de alguns bairros paulistas, e que alguns desses, comparativamente, haviam se valorizado mais que os do Rio de Janeiro. No entanto, as informações demonstram claramente que não só o Leblon, como também Ipanema e Lagoa, superam qualquer bairro de São Paulo no quesito preço de metro quadrado médio” . A Sergio Castro também trabalha o mercado do Leblon com grande frequência, e tem uma loja lá.
Josué Madeira, fundador da Enjoy Imóveis, afirmou que os preços no Rio de Janeiro estão menores do que costumavam ser, mas destaca que falar de preço médio pode distorcer um pouco a leitura: “Acho que se falar de preço potencial, o Leblon tem os preços mais caros do Brasil […] Para mim o Leblon tem tudo para ser o maior preço, pela exclusividade que é morar naquele bairro, próximo à praia, pelo tipo de produto que está estabelecido ali… O Leblon é realmente um centro muito valorizado por toda a estrutura que o bairro oferece“.
Segundo o índice FipeZap, o bairro Cidade Jardim passou a ter metro quadrado cerca de 5% mais valorizado que o do Leblon. O assunto está longe de ser pacífico, mas a verdade é que os cariocas não gostam de perder pra São Paulo. Falando nisso, a casa mais cara do país continua à venda, e fica…no Leblon. Pede-se 220 milhões de reais, conforme já vimos aqui no Diário do Rio.
Confira a lista dos 10 bairros do Brasil com maior preço do m² em venda Residencial:
- Cidade Jardim, São Paulo – R$ 22.773
- Leblon, Rio de Janeiro – R$ 21.444
- Vila Nova Conceição, São Paulo – R$ 18.843
- Ipanema, Rio de Janeiro – R$ 18.631
- Jardim Paulistano, São Paulo – R$ 16.142
- Lagoa, Rio de Janeiro – R$ 15.981
- Ibirapuera, São Paulo – R$ 15.879
- Jardim Europa, São Paulo – R$ 15.792
- Gávea, Rio de Janeiro – R$ 15.738
- Comércio, Salvador – R$ 15.659