Seis anos após incêndio, Museu Nacional faz apelo por doações

Sem novos recursos, a restauração do museu corre o risco de ser interrompida ainda em 2024. A continuidade da reconstrução depende da captação de R$ 95 milhões até fevereiro

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Fachada do Museu Nacional - Foto: Fábio Caffé (SGCOM/UFRJ)

Nesta segunda-feira (02/09), completam-se seis anos do incêndio que atingiu o Palácio de São Cristóvão, onde estava grande parte do acervo do Museu Nacional. Considerado o maior desastre na história da instituição, o incêndio destruiu documentos, livros e coleções, reduzindo a cinzas salas de aula, arquivos e laboratórios. Embora a reconstrução esteja avançando, o museu faz um apelo por mais doações para cumprir o prazo estimado de reabertura do palácio histórico, previsto para abril de 2026.

“O trabalho está excelente, no sentido de que as obras estão andando e nunca pararam”, afirmou à Agência Brasil o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner. O diretor acrescenta que, no entanto, há a necessidade de conseguir mais recursos a curto e médio prazos. “Precisamos captar até novembro R$ 50 milhões e, até fevereiro do ano que vem, mais R$ 45 milhões. São R$ 95 milhões. Se a gente não tiver, a obra não vai acontecer e não vamos entregar o museu”, alertou.

Sem novos recursos, a restauração do Museu Nacional pode ser interrompida, com a falta de verbas ameaçando paralisar as obras ainda este ano. O orçamento total para a reconstrução, que já inclui o valor arrecadado, é de R$ 491,7 milhões. Os fundos são provenientes do setor público e da iniciativa privada.

São patrocinadores do projeto o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Ministério da Educação (MEC), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Congresso Nacional, Bradesco e a Vale. “Apesar do grande apoio que temos do MEC, que recentemente concedeu R$ 14 milhões para as obras que envolvem uma parte do palácio, é fundamental a participação da sociedade brasileira”, afirmou Kellner.

De acordo com a Agência Brasil, o diretor do museu descreve o trabalho de recuperação como “árduo”, incluindo a criação de novos roteiros e circuitos expositivos. A previsão é entregar o Bloco 1 (histórico) do Museu Nacional em abril de 2026, com a reabertura total prevista para 2028.

Enquanto as entregas à população não chegam, o museu faz, anualmente, o Festival Museu Nacional Vive. A última edição ocorreu neste domingo (1º), com diversas atividades gratuitas na Quinta da Boa Vista, grande área verde que funciona como jardim da instituição.

Após seis anos sem um espaço permanente para visitação, o Museu Nacional inaugurou, na última quinta-feira (29), uma área vizinha ao prédio histórico para receber alunos de escolas cariocas.

Obras após a tragédia

O Paço de São Cristóvão, palácio histórico que sediava o Museu Nacional, foi destruído pelas chamas no dia 02 de setembro de 2018. O principal museu de história natural da América Latina perdeu cerca de 80% do acervo de 20 milhões de itens. De acordo com a Polícia Federal, o fogo começou em um aparelho de ar-condicionado.

As obras emergenciais, como a remoção dos escombros, o escoramento do edifício, a instalação de um telhado provisório e de contêineres para apoio na recuperação do acervo, tiveram início ainda em setembro de 2018 e seguiram até agosto de 2019. As intervenções na fachada e no telhado começaram em novembro de 2021.

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Museu Nacional em chamas em 2 de setembro de 2018. Reprodução: Internet

A gerente executiva do Projeto Museu Nacional Vive, Lucia Basto, explica que as primeiras obras de reconstrução focaram nas fachadas, coberturas e esquadrias. “Cinquenta por cento do prédio já estão recuperados. Estamos avançando, continuamos com esse processo e agora, no segundo semestre de 2024, vamos dar início às obras do interior”, detalhou.

No site do Projeto Museu Nacional Vive são publicados boletins sobre o andamento da recuperação. Um dos avanços mais recentes é a preparação para a instalação da futura claraboia do pátio da escadaria.

Mais de 5 toneladas de vigas e pilares foram içadas. A claraboia é uma das novidades do projeto de arquitetura e restauração, que recebeu a aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Apelo por doações

Ao enfatizar a importância de contribuições para a reconstrução do Museu Nacional, o diretor Alexander Kellner sugere duas formas de apoio: doações financeiras e contribuições de acervo.

Ele ressaltou que, no final do ano passado, foi incluída na Lei Rouanet — que incentiva doações para projetos culturais — a possibilidade de captar R$ 90 milhões destinados ao projeto de recuperação. Assim, empresas e pessoas físicas podem direcionar para a reconstrução valores que seriam pagos em impostos.

“É fundamental que as empresas venham, nos procurar para doar, porque elas pagam impostos e, por meio da Lei Rouanet, conseguem abater esses impostos, sendo mais uma ajuda do governo, já que deixa de arrecadar”, explicou.

O diretor ainda afirmou que a instituição está avançando na doação de itens de acervo por pessoas e instituições. “Estimamos que vamos precisar de 10 mil exemplares. Já conseguimos 1.815, que farão parte da exposição no primeiro momento, e precisamos de mais”, expõe.

Resgate o Gigante

Além de convocar a sociedade a participar da reativação da parte expositiva do Museu Nacional — que, além de seu acervo, também está ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde realiza pesquisas e oferece cursos de pós-graduação — Alexander Kellner pede apoio à campanha “Resgate o Gigante”.

A iniciativa visa remontar o Maxakalisaurus topai, o primeiro dinossauro de grande porte montado no Brasil, conhecido como Dinoprata. Antes do incêndio, o esqueleto, que mede 13,5 metros de comprimento, precisou ser desmontado devido a problemas com cupins na base que o sustentava.

A instituição busca arrecadar R$ 300 mil através de colaboração coletiva para a pré-produção, produção e exposição do crânio, além da finalização de toda a coluna vertebral. Com a meta atingida, o Museu Nacional compromete a adicionar mais R$ 200 mil, valor necessário para completar a montagem e pintura do Dinoprata. As doações podem ser feitas no site Resgate o gigante.

“Não é possível que a gente abra em 2026 sem o nosso dinossauro montado”, disse Kellner.



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