Com o calor nas alturas, alunos e professores iniciaram o ano letivo enfrentando uma tórrida realidade: a falta de climatização nas salas de aula da rede estadual de ensino.
Segundo um levantamento realizado, em 2024, pela equipe de Educação do deputado estadual Flávio Serafini (PSOL), das 110 escolas visitadas em 32 cidades fluminenses, 43% não contavam com nenhum tipo de climatização.
Antes do retorno das aulas, ainda em janeiro, o grupo entrou em contato com 80 unidades da lista para saber se algum tipo de providência térmica havia sido tomada no período. Apenas três colégios foram beneficiados, fincando 77 unidades sem ar-condicionado ou ventilação adequada. Ainda segundo a pesquisa, 26,8% das escolas visitadas nunca foram climatizadas.
O problema não se resume somente à aquisição e instalação de aparelhos. As escolas precisam passar por uma revitalização da parte elétrica, para que os equipamentos funcionem adequadamente.
Segundo o levantamento, 33 unidades de ensino precisam trocar a rede elétrica para, depois, comprar aparelhos. Caso do Colégio Estadual Dom Helder Câmara, no Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio, cuja direção solicitou os equipamentos em 2023; sem retorno.
“Esse é um exemplo claro do desencontro no planejamento da educação no estado. Há escolas onde os aparelhos vencem a validade por falta de adequação elétrica, enquanto outras já têm a estrutura elétrica pronta, mas aguardam os equipamentos. Climatização não é luxo, é uma necessidade para garantir o conforto térmico mínimo, permitindo que as aulas aconteçam, os alunos aprendam e os profissionais da educação tenham condições dignas de trabalho”, comentou o deputado Flávio Serafini, nesta sexta-feira (7), de acordo com O DIA.
“O CE Dom Helder Câmara fica próximo à Regional III e já está sem climatização. Imagine uma escola mais afastada, como a que está em frente ao BRT de Deodoro, também sem ar-condicionado? Convivemos diariamente com o barulho dos ônibus e um calor insuportável”, comentou o professor Odilson Albuquerque.
Outra educadora, que preferiu não quis se identificar, relatou a ocorrência do mesmo problema no Colégio Estadual Dôrval Ferreira da Cunha, em Rio do Ouro, São Gonçalo:
“Nem todos os aparelhos funcionam, e não há ventiladores nas salas. Os novos equipamentos estão nas caixas, mas, para instalá-los, é necessário adaptar a instalação elétrica”, contou ela ao DIA.
A contadora Juçara Andrade, de 34 anos, mãe de uma aluna que estuda no Colégio Estadual General Dutra, em Campos dos Goytacazes, relatou que na escola não tem ar-condicionado.
“As aulas nem deveriam começar nesse calor insuportável, é um risco de algum aluno passar mal. Fico com medo de que isso aconteça com ela”, desabafou Juçara.
O deputado Flávio Serafini enviará uma cópia do relatório à Secretaria de Estado de Educação do Rio (Seeduc) e ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), além de criar um grupo de trabalho entre o MPRJ, Comissão Permanente de Educação da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e Seeduc, para avaliar as condições das 1.223 unidades da rede estadual de ensino.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Educação afirmou:
“É importante esclarecer que os dados do relatório apresentado pelo deputado têm como base uma quantidade ínfima de escolas. A Secretaria de Educação informa que a rede estadual possui 1.234 escolas com, aproximadamente 90% das salas de aula equipadas com aparelhos de ar-condicionado.
A Seeduc tem trabalhado para climatizar toda a rede estadual no menor tempo possível. Já foram mapeadas todas as unidades que ainda não foram climatizadas, que necessitam de aumento de carga, adequação da rede elétrica junto às concessionárias e (ou) obras maiores de adaptação. Todas as providências estão sendo tomadas e a pasta tem trabalhado para climatizar toda a rede no menor tempo possível”, reproduziu O DIA.
É preciso sabotar a rede pública. Vai que muitos se destaquem, não poderão dizer que pobre é pobre porque quer.
Essa geração Nutella…
No meu tempo era apenas ventilador e eu não morri com isso…