Há quem não acredite, há quem leve na brincadeira e até na falta de respeito, há quem deixa em aberto, no ar, e há quem crê e estuda a presença de seres e criações extraterrestres. A ufologia, todas as suas bases, questões e mistérios, está muito presente no Rio de Janeiro – acreditem ou não. E com o assunto em alta no mundo atualmente após as aparições de objetos voadores não identificados (ÓVNIS) em alguns países nos últimos dias, vamos contar histórias do tipo que aconteceram em nosso estado.
Em maio de 2020, os ufólogos do Rio de Janeiro e de outros lugares do Brasil voltaram seus holofotes de estudos para Magé, na Baixada Fluminense, onde luzes no céu chamaram a atenção. Contudo, o caso ficou sem muitas respostas – e com algumas postagens bem humoradas nas redes sociais.
De acordo com a ufóloga Danielle Pedra, o caso de Magé foi um objeto voador não identificado, de fato, mas acabou abafado por forças militares. Arthur Sérgio Neto, um dos mais importantes nomes da ufologia do Rio de Janeiro e do Brasil, explicou que a incidência em Magé “teve grande repercussão, mas infelizmente não podemos concluir a investigação por motivos de força maior e por conta da pandemia, pois tivemos pessoas acometidas por Covid-19 durante as pesquisas”.
No mundo, o estudo da ufologia se iniciou no final dos anos 1940. No Rio de Janeiro isso também vem de longe. Tudo começou na década de 1950, com Irene Granchi, primeira pesquisadora do RJ e pioneira da pesquisa em todo Brasil. Filha da matriarca dos ufólogos em terras fluminenses e tupiniquins, Chica Granchi, que é artista visual, graduada em filosofia e conselheira da Revista Ufo, diz que sua mãe “começou a pesquisar o assunto em razão de um avistamento pessoal em Vassouras”.
Segundo o site da Justiça e Segurança Pública, do Governo Federal, em 1952 ocorreu a primeira documentação da aparição de um OVNI no Brasil e foi na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e foi registrada com nove imagens fotográficas. O objeto é comparado à nave DC-5 na primeira foto. Porém, as outras fotografias mostram que ele tinha formato de disco, lembrando um prato. O responsável pela equipe de processamento técnico do acervo da Coordenação Regional do Arquivo Nacional no Distrito Federal (COREG) e técnico em assuntos culturais do AN, Raynes Castro, conta que há suspeitas de montagem nas fotografias, mas que, particularmente, ele não acredita na hipótese. “Acho pouco provável. Para mim elas são originais. Até porque naquela época não existia manipulação de imagens como existe hoje em dia”, disse Raynes.
Em 1986, o Rio de Janeiro viveu o que para o ufólogo Arthur Sérgio Neto foi o dia mais impressionante em relação à ufologia. Foi o chamado “Dia Nacional dos OVNIs” (ou “Noite Oficial dos OVNIs”), quando 21 objetos luminosos interferiram no tráfego aéreo com manobras entre Rio, São Paulo e Brasília. Houve a tentativa de interceptá-los com caças saídos da base aérea de Santa Cruz, na Zona Oeste da cidade do Rio, e de Anápolis (GO). Por quase duas horas foram vistos objetos sendo perseguidos por caças nos céus do RJ.
Na mesma década, mais precisamente no dia oito de março de 1980, outro momento marcou a ufologia no Rio de Janeiro. Informados por um homem chamado Edílcio Barbosa, que se definia como mensageiro de Júpiter, imprensa e milhares (sem exagero) de pessoas foram para a cidade de Casimiro de Abreu para ver a chegada de um disco voador. O disco não chegou, mas a data foi marcante para muita gente, como mostra o documentário dirigido por Clarice Saliby.
Os ufólogos explicam que existem casos a serem estudados em todo o Rio de Janeiro. “Há uma razoável incidência de avistamentos na Serra da Beleza, em Niterói, em Saquarema, Ponta Negra, na Região dos Lagos, Campos e Vassouras. Na verdade todo o estado do Rio é bastante ‘visitado’“, conta Chica Granchi.
Bastante atuante no Norte e Noroeste do estado do Rio, moradora de Campos dos Goytacazes, a ufóloga Danielle Pedra comenta os relatos que presencia na região: “Por aqui tem muita incidência de seres, além dos OVNIs. E são locais difíceis de acesso, por isso, muitas vezes, é difícil checar os tantos relatos na hora que acontecem. Os moradores dessas áreas, por já estarem lá, acabam vendo tudo e contando depois, aí os grupos de pesquisa chegam e aprofundam. É muito comum ver marca em plantação, além da presença de OVNIs em locais de rochas, pedras”, destaca ela, que lembra que o primeiro UFO que viu foi no Méier, na capital do Rio, às 17h.
Todavia, um lugar no estado do Rio de Janeiro se tornou referência para a ufologia em todo o país: Serra da Beleza, em Conservatória, sítio ufológico descoberto, nos anos 1980, por Marco Antonio Petit, outro grande nome do tema no Brasil.
A quem possa interessar e quer estudar ufologia no Rio de Janeiro, Arthur Sérgio Neto indica a integração com as atividades do Grupo Vigília na Serra, que promove palestras, eventos e imersão na pesquisa da Serra da Beleza. Até porque, como lembra Danielle Pedra esse é um dos assuntos mais procurados na Internet.
“Muita gente não acredita no que a ufologia estuda, mas respeita. Às vezes diz que não acredita por vergonha. Mas esse é o segundo assunto mais pesquisado no Google, só perde para sexo. Ainda assim ‘surram’ a gente com chacota, tratam como gracinha, então, muita gente fica com vergonha de se expressar e falar sobre. Vamos nos informar, isso ajuda até para saber melhor se devemos acreditar ou não”, afirma a ufóloga.
Faltou enfatizar que OVNI e UFO significam “Objeto Voador Não Identificado”. Isto é, pode ser qualquer coisa que voe e não sabe se o que é: Um balão perdido, uma aeronava espiã de algum outro país, aeronaves efetuando vôos clandestinos e, até aeronaves de não-humanos. Mas não significa OBRIGATÓRIAMENTE ETs…
Felipe sendo Felipe: com sua sensibilidade à flor da pele, sempre divulgando temas que nos fascinam, independente das crenças e descrenças de seu entorno.