Papo de Talarico: Rosa Amarela faz show iluminado no Teatro Rival

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Rosa Amarela no Rio de Janeiro
foto: Alvaro Tallarico

O título já fala bastante, mas é bom explicar. Foi a primeira vez que vi ao vivo o duo Rosa Amarela com Pris Mariano e o músico Rodrigo di Castro. Fiquei impressionado com o capricho da direção artística e com a atmosfera de emoção que o show proporcionou. Todos estavam de branco, o duo e os músicos, e a iluminação variava de acordo com o orixá que era o principal da canção que vinha.

A música que abriu foi “Oxalá”, e as luzes brancas abriam como se fosse as portas do céu. Pris num vestido brilhante, lindo. “Canta bem alto, o nome de meu pai” e o público cantou em uníssono. A potência vocal de Pris Mariano é encantadora, assim como a forma que Rodrigo faz um tipo de cama com seus complementos e instrumentos, para que ela brilhe.

“Pena Branca” veio em seguida, e aí ficou tudo verde, fazendo os espectadores se sentirem na floresta de Tupinambá. Pris fez questão de exaltar os povos originários. “Oxossi” foi flecha logo depois, mantendo a energia das matas.

Reza do Vento da Rosa Amarela

Rodrigo então contou um pouco da história do Teatro Rival, lembrando que a primeira apresentação ali se chamou “Amor”. Disse “que o amor se faça” e era visível a emoção dos músicos no geral por estarem ali. Pediram que o público fechasse os olhos e discorreram palavras sobre espiritualidade, paz e amor. Foi aí que o azul tomou conta do palco, Rodrigo puxou a flauta, e a “Reza do Vento”, uma das músicas mais famosas do duo, fez o ar ficar mais denso e leve ao mesmo tempo. Sem entender bem o porquê, lágrimas rolaram de meus olhos.

Pris canta com tamanha fé e força… Olhava ao redor e via todos felizes. O vento da Rosa Amarela “Esteve nas montanhas brancas / Nos cabelos de Jesus / É o rezo do pai velho / Na espada de Ogum”. A interpretação da cantora vai direto no coração daqueles que tem fé, faz a alma vibrar de alegria. Acho que por tudo isso e muito mais, eu chorava. Pensava nos tantos sangues que se unem no meu. África, Américas, povos originários, Europa. Imaginei aquele vento passando por Jesus e chegando até aquele momento. Senti. E agradeci.

Todo o desenho do show, a forma como começa devocional e vai num crescente, tem um esmero extrodinário. Percebendo tudo isso, ouvi “Iemanjá”, essa divindade tão querida no Rio de Janeiro. Foi de uma beleza sublime. Ao meu lado, assim que acabou a música, uma espectadora soltou uma só palavra: “perfeito”. Nanã, Omulu, Oyá, Oxum foram louvados na sequência, cada qual com sua canção.

Terra e Mar

Pris de repente, sutilmente, desapareceu. E quando voltou, trouxe a força cigana, num novo figurino, “Rosa de Fogo”. Foi a hora do Rosa Amarela chamar o povo para levantar. “Vem caminhar” se seguiu e foi mais um “vem dançar”, com os ciganos da terra, com o cigano do mar. Por parte de mãe, sei que tenho ancestrais ciganos. E se eu disser que senti que bailavam comigo? Arrepiante.

Para finalizar, São Jorge foi cantado em versos e rezos. E um bailarino entrou representando Ogum. Então vimos que além de cantar, Pris também dança, e com firmeza! Fizeram um “duelo” cheio de energia com espadas imaginárias. Contei sete. Ah, aí pareceu que acabou, a cortina fechou, os pedidos de bis aconteceram, e eles voltaram saudando Iansã e Xangô. Salva de palmas.

A banda toda merece ser ressaltada. Jimmy Santa Cruz no baixo, com os olhos marejados no fim; Sandro Lustosa na Percussão, como um polvo; Katy Moret, Carlos de Xangô e Francisco Mariano (filho do duo) nas Curimbas. E palmas para a produção de João Luiz Azevedo que acreditou no projeto e contou com um show de lotação esgotada. Fica a dúvida quando e onde será o próximo. Visualizo a Rosa Amarela no Circo Voador. Que voe a cada dia mais, trazendo mais música, devoção, fé e gratidão para nós, guerreiros da Luz.

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