Solidão, arte e memórias: “Solidão de Caio F.” estreia no Ateliê Alexandre Mello

Espetáculo reflete sobre solidão, amor e morte, homenageando a obra de Caio Fernando Abreu

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Foto: Felipe O´Neill

A solidão e a busca pelo amor nas grandes cidades, temas recorrentes na obra do escritor Caio Fernando Abreu (1948-1996), ganham vida no espetáculo “Solidão de Caio F.”, que estreia no dia 29 de novembro no Ateliê Alexandre Mello, em Laranjeiras, Rio de Janeiro. A peça, dirigida por Alexandre Mello e com roteiro de Hilton Vasconcellos, combina dois contos do autor – “Uma praiazinha de areia bem clara, ali, na beira do sanga” e “Dama da Noite” – com cartas escritas entre 1987 e 1990, para explorar a complexidade de uma geração marcada pela solidão, pelo preconceito e pela luta por justiça.

Um mergulho no universo de Caio F.

O espetáculo apresenta um escritor desdobrado em dois personagens interpretados por Hilton Vasconcellos e Rick Yates, que dividem o mesmo espaço-tempo, mas pertencem a universos diferentes. Quando um é autor, o outro é personagem e vice-versa, compondo um diálogo indireto sobre as angústias e reflexões do autor. A encenação utiliza como referência visual a famosa tela de Van Gogh, retratando o quarto do artista, que serve de cenário para as memórias e percepções de Caio F.

No ambiente, além do espetáculo, o público poderá conferir uma exposição com textos, projeções e músicas citadas por Caio Fernando Abreu, de artistas como Maria Bethânia, Maysa, Fassbinder e Oscar Wilde.

“Este monólogo-tributo foi escrito durante a pandemia, quando a palavra de Caio parecia ‘gritar pelos cantos’. Suas crônicas e cartas dos anos 1990 denunciavam a ignorância sobre um vírus também desconhecido e expunham o ódio e preconceito em tempos de crise”, explica Hilton Vasconcellos, que já interpretou o autor em “Homens de Caio F.” (2012).

Para Rick Yates, “as palavras de Caio são intensas e nos emocionam. Sua narrativa cinematográfica ativa todos os sentidos, gerando imagens potentes que traduzem o sentimento urbano de seus personagens”.

Contexto histórico e relevância da obra

Caio Fernando Abreu, considerado um dos mais importantes escritores brasileiros contemporâneos, completaria 76 anos em 2024. Sua obra, composta por contos, romances e peças, reflete uma geração que transitou entre os ideais hippies, punks e clubbers, marcada pela censura da ditadura militar e pelo impacto devastador da epidemia de Aids.

“Caio é um autor que responde com sensibilidade às demandas de liberdade do seu tempo. Sua obra permanece atual, tocando em temas como homofobia, amor e resistência”, observa Alexandre Mello, diretor do espetáculo.

Sobre o Ateliê Alexandre Mello

Fundado em 2016, o Ateliê Alexandre Mello é um espaço intimista, com capacidade para 40 pessoas, situado no alto da Rua Alice, em Laranjeiras, oferecendo uma vista privilegiada para os ícones cariocas Pão de Açúcar e Corcovado. O local é dedicado à experimentação artística, abrigando apresentações teatrais, exposições e performances.

Além do espetáculo “Solidão de Caio F.”, o ateliê já recebeu temporadas de peças como “Felizes”, de Mário Bortolotto, e “Fantasiosa exposição da palavra”, de Cecília Ripoll, com lotação esgotada e discussões enriquecedoras com o público.

Ficha técnica e informações do espetáculo

Texto: Hilton Vasconcellos, a partir da obra de Caio Fernando Abreu
Direção, iluminação e trilha sonora: Alexandre Mello
Elenco: Hilton Vasconcellos e Rick Yates
Produção: Ateliê Alexandre Mello
Temporada: 29 de novembro a 22 de dezembro de 2024
Dias e horários: sextas e sábados às 20h30, domingos às 19h30
Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada) – disponíveis no Sympla e no local
Capacidade: 25 pessoas
Duração: 55 minutos
Classificação etária: 12 anos

Local: Ateliê Alexandre Mello, Rua Alice, 1.658/201, Laranjeiras
Contato: (21) 99255-9036 / (21) 98272-0499

Observação: O local não possui estacionamento. A subida até o ateliê pode ser feita de Uber, táxi ou ônibus (linhas 133 e 507 saindo do Largo do Machado). É necessário subir três lances curtos de escadas para acessar o espaço.

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