Transformação de hotéis em prédios residenciais é tendência no Rio

A conversão do Hotel Flamengo Palace é a próximo a tornar-se realidade, mas o verdadeiro teste deste mercado ocorrerá com a transformação do Hotel Glória em condomínio residencial.

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Foto: Reprodução

A tendência do retrofit está ganhando cada vez mais força no Rio de Janeiro. No próximo mês, a D2J Construtora lança um empreendimento residencial que será construído no prédio do antigo e estreito Hotel Flamengo Palace, fundado nos anos 1970. As obras de transformação devem durar cerca de um ano e a expectativa é alcançar um Valor Geral de Vendas (VGV – a soma do valor de venda de todos os apartamentos) de R$ 36 milhões no projeto.

O hotel, que fechou as portas em 2016, foi comprado pela construtora por R$ 10 milhões, conforme foi noticiado em primeira mão pelo DIÁRIO DO RIO. Com 17 andares, um dos diferenciais do edifício é a vista privilegiada para a praia do Flamengo. O antigo hotel funcionava com 60 apartamentos e 2 elevadores. Era conhecido no mercado do turismo por oferecer hospedagem barata e com vista, muito próximo ao aeroporto Santos Dumont e ao centro da cidade.

A tendência de transformar hotéis antigos em apartamentos existe, e não ocorreu pela primeira vez com o Flamengo Palace. Outra construtora comprou o tradicional Hotel Paysandu, quase na esquina da rua de mesmo nome com a Praia do Flamengo, e está promovendo seu retrofit. O Hotel estava fechado há alguns anos, e é um ícone do estilo de arquitetura art déco no Rio. Ali, a construção fica a cargo da construtora Piimo. Especialistas confirmam que a venda do prédio, que precisava de reformas pois havia sido alugado a um inquilino inadimplente que começou e não terminou uma reforma, ocorreu entre 6 e 7 milhões de reais. “Chovia dentro do prédio“, disse uma vizinha que não quis se identificar.

Laudimiro Cavalcanti, diretor do CRECI RJ, o mercado imobiliário carioca está ativo e a Zona Sul sempre chama atenção de quem pensa em comprar um imóvel: “O mercado imobiliário carioca segue bastante ativo. Com a escassez de terrenos para a construção de novos imóveis uma tendência que vem sendo registrada, especialmente nessa região [Zona Sul], é a transformação de hotéis icônicos e com relevância para a história do município em empreendimentos residenciais, pois a demanda é sempre alta por moradias na região“.

Ele destacou ainda que “bairros como Flamengo e Botafogo tem se destacado nesse cenário” e que “esse empreendimento tem tudo para atrair o interesse dos investidores“.

Nem tudo é tão simples como parece“, adverte Lucy Dobbin, da Sergio Castro Imóveis, que atua fortemente no segmento de venda de hotéis inteiros, tendo sido responsável pelas negociações do Largo do Boticário, Hotel Ambassador, Hotel Santa Teresa, Hotel Ouroverde, na Avenida Atlântica, e dezenas de outros, nos últimos anos. “Muitos hotéis assinaram termos de obrigações com a municipalidade, recebendo vantagens para os grandes eventos que o Rio recebeu na última década, e a lei não permite seu desmembramento e venda como apartamentos residenciais. Por isso só temos assistido a venda de hotéis mais antigos para este mercado, e por valores que os hoteleiros, mesmo neste momento, têm resistido em aceitar“.

O maior ‘case’ ainda está para sair. É a transformação de uso do Hotel Glória, um dos mais tradicionais do país, em apartamentos residenciais, o que está ocorrendo pelas mãos do Opportunity, um dos mais conhecidos e rentáveis fundos imobiliários da cidade. O enorme hotel quebrará paradigmas ao se transformar em apartamentos de alto padrão na Glória; tanto que diversos prédios no seu entorno, outrora comerciais, têm sido vendidos para construtoras que querem pegar carona no provável sucesso do empreendimento do fundo imobiliário de Daniel Dantas e Dório Ferman.

O novo empreendimento que surge no lugar do Flamengo Palace Hotel terá serviços como coworking e lavanderia. O projeto é voltado ao público investidor e tem administração da Housi, uma startup que oferece um modelo de assinatura para as locações, gerindo os apartamentos comprados pelos investidores e cuidando do aluguel para eles.

A D2J foi fundada em 2018 e deve fechar o ano com R$ 180 milhões de VGV. A construtora negociaria ainda com outro hotel, em Copacabana, para ser transformado em residencial.

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