Um dos primeiros prédios tombados do Rio, Igreja de São Pedro dos Clérigos foi derrubada para a construção da Avenida Presidente Vargas

No ano de 1733, a Igreja São Pedro dos Clérigos começou a ser erguida. Mais precisamente na esquina das ruas São Pedro, que na época se chamava Rua dos Carneiro, e dos Ourives, onde hoje fica a Rua Miguel Couto, centro do Rio

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Marc Ferrez. Igreja São Pedro dos Clérigos, c. 1890. Rio de Janeiro, RJ / Acervo IMS

Já contamos aqui no DIÁRIO DO RIO a história da construção da Avenida Presidente Vargas. Para que a grande obra fosse concluída, muita história ficou pelo caminho. Inclusive a da Igreja São Pedro dos Clérigos.

No ano de 1733, a Igreja São Pedro dos Clérigos começou a ser erguida. Mais precisamente na esquina das ruas São Pedro, que na época se chamava Rua dos Carneiro, e dos Ourives, onde hoje fica a Rua Miguel Couto, centro do Rio. O templo também era conhecido como Igreja do Príncipe dos Apóstolos.

O terreno para a construção foi doado por Franciso Barreto de Menezes, em 9 de outubro de 1732. A igreja Ficou pronta em 1738 e era considerada uma joia barroca.

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Seu interior era decorado por um rico trabalho do mineiro Mestre Valentim (1745 – 1813), um dos principais artistas do Brasil colonial. Era propriedade da Venerável Irmandade do Príncipe dos Apóstolos de São Pedro“, informa o 17º artigo da Série O Rio de Janeiro desaparecido, do portal Brasiliana Fotográfica.

coro Um dos primeiros prédios tombados do Rio, Igreja de São Pedro dos Clérigos foi derrubada para a construção da Avenida Presidente Vargas

Interior da Igreja São Pedro dos Clérigos – Coro e órgão – IPHAN

De acordo com a tese de doutorado de Luís Alberto Ribeiro Freire, A Talha Neoclássica na Bahia, Universidade do Porto, 2001, a autoria do projeto carrega algumas questões: “O livro de tombo não nos informa, assim como nenhum outro documento encontrado nos arquivos da irmandade, da autoria do projeto da igreja. No entanto, Moreira de Azevedo cita o engenheiro militar Tenente-Coronel José Cardoso Ramalho como o autor do risco, baseando-se, para tanto, na tradição oral e numa informação que teria recebido diretamente de descendentes do referido militar, que teriam afirmado ser dele a autoria da igreja de São Pedro, assim como também a de Nossa Senhora da Glória do Outeiro. Souza Viterbo contestou esta autoria comprovando que o Tenente-Coronel somente teria se instalado na capitania do Rio de janeiro em 1738, portanto ao final já da construção. Apesar disso, constatou-se posteriormente que o tenente-coronel poderia, ainda assim, ter sido o autor do risco, pois durante dez anos antes de ter tomado posse de seu posto no Rio de Janeiro, a serviço do rei, escoltava constantemente as frotas que da metrópole vinham ao Brasil”.

A planta da São Pedro dos Clérigos é elíptica, modelo atualmente só encontrado na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Ouro Preto, Minas Gerais. Além disso, é também uma das igrejas brasileiras que se enquadram na tipologia curvilínea barroca, assim como a da Lapa dos Mercadores, no Rio de Janeiro, e outras igrejas em Minas Gerais – a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Ouro Preto e a de São Pedro dos Clérigos, em Mariana.

A Igreja São Pedro dos Clérigos foi uma das primeiras igrejas tombadas pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN -, criado em em 13 de janeiro de 1937. O SPHAN é o atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.

“O tombamento deveria ser a garantia para sua conservação e permanência, porém a Igreja São Pedro dos Clérigos foi demolida, em 1944, durante o Estado Novo, devido à construção da avenida Presidente Vargas, um projeto de modernidade do governo de Getúlio Vargas (1882 – 1954) que promulgou, em 29 de novembro de 1941, o Decreto-Lei 3866 de destombamento de bens do patrimônio histórico. Havia, na época, um pensamento segundo o qual resolver os problemas da cidade era solucionar seus problemas de tráfego“, pontua o texto do portal Brasiliana Fotográfica.

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Diário de Notícias, 18 de maio de 1944

Tamanha era a riqueza da igreja que seu desmonte e a dispersão das suas peças por acervos públicos e coleções particulares alimentou durante anos o mercado de artes no Brasil. A portada principal da capela e a imagem de São Pedro se encontram na Igreja de São Pedro, construída no Rio Comprido.

Em meio às obras para a construção da Presidente Vargas, a rua onde ficava a igreja também acabou. Ela havia sido aberta em 1620.

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