Por André Delacerda
Estava tentando imaginar, fazendo uma volta no tempo, tentando me inspirar nas gravuras, rabiscos, mapas de época que povoam os museus lusitanos, e daqui. Tentando sentir o momento da descoberta vivido pelo navegador Gaspar de Lemos no dia 1º de janeiro 1502, ao encontrar montanhas esplendoras, uma floresta densa e verdejante, uma enorme baía de águas cristalinas, abraçada e emoldurada por grandes monolitos. Baía esta, que de tão grande foi confudida pelo navegador, que acreditar ser ali um rio, fato que o inspirou a batizar a então terra descoberta, como Rio de Janeiro.
De lá para cá, se passaram 445 anos de uma história rica com: corajosos homens que desbravaram estas terras cariocas; expedições que imortalizaram desde aquela época as paisagens que fascinam até hoje, a gente daqui e de todo o mundo. Foram inúmeras invasões; batalhas pela posse da terra com estrangeiros e índios; o enforcamento do herói inconfidente Tiradentes; o acolhimento da Família Real, então em fuga de Portugal por causa de Napoleão; a transformação da província em sede do Império Português.
E os momentos marcantes que essa cidade viveu, que estão nas páginas da história e da vida dos brasileiros, não param por ai, somam-se ainda: a tão esperada Abolição da Escravatura; a Proclamação da República; a Era Vargas, que culmina com seu suicídio no Catete; o apogeu e adeus a mais carioca das portuguesas, a imortal Carmem Miranda; a eleição de JK, que daria início, há certamente um dos fatos que marcou e ainda marca esta cidade, inclusive com sequelas, a transferência da Capital Federal, do litoral para o Centro-Oeste.
O Rio viveu momentos mágicos na cultura que imortalizaram a cidade e seu modo de ser através dos contos de Machado de Assis; da poesia de Noel; da música de Cartola e Pixinguinha; do balanço da Tropicália; e do marcante nascimento da Bossa Nova, com a palavra os mestres Tom e Vinícius.
O Rio não é só carnaval, não é só futebol, é mais que tudo isso.
É muito além, de ser uma das mais famosas esquinas do mundo. É uma grande coxa de retalhos de vários brasis. Uma mistura de gente de todos os cantos, que se mistura com a mais pura e inteligente criação da natureza.
O Rio é como seu maior símbolo.
Está de braços abertos para acolher a todos, convidando-os para juntos contemplar essa “Maravilha de Cenário”, como já dizia os versos do sambista Silas de Oliveira.
Parabéns a querida Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Simplesmente Rio…
Fotos: Chamando o Sol por Roberto Stellling