Vi um filme chamado Meu Primo Inglês (My English Cousin). Karim Sayiad resolveu filmar a saga real do primo dele na Inglaterra. E acabou trazendo um retrato diferente sobre a imigração. Algumas das dificuldades de ser um imigrante, sair de seu país para trabalhar arduamente em outro em busca de uma vida melhor. Assim fez o personagem real Fahed Mameri, em 2001. Dezessete anos depois, o cansaço e o tédio envolvem seu coração. Saudades de casa, do lar, da origem. Será que a vida está valendo a pena?
Fahed não é mais o mesmo, como fala sua tia ao reencontrá-lo na Argélia. Ele já está impregnado pela vida na Inglaterra e não é tão simples quando parece a readaptação ao país de origem. Já passei por uma situação de imigrante também. Por pouco tempo, mas marcante. Minha casa é o Brasil, e sentia ansiedade pelo retorno. Em Portugal, não me sentia residente, e nada ao redor me fazia sentir dessa forma. Era um estrangeiro, um imigrante, na visão de muitos, um invasor. Mesmo quando toca uma música que te leva de volta, ou quando está em um local que pareça, não é igual. Logo depois, a realidade chama de volta. Você é um estrangeiro e sofre preconceito por isso. Xenofobia.
Cidadão do Mundo
Por mais que eu me veja como um cidadão do mundo, não é assim que é. Isso só é possível na imaginação. Como na clássica canção “Imagine”, de John Lennon. Um mundo sem fronteiras, a humanidade como uma irmandade. Porém, sabemos bem que assim não é. Seria a tal utopia? Mas utopia é algo que pode ser criado. Apesar de que a contradição grita no meu peito, quero ser um cidadão do mundo, mas o coração adora ser brasileiro. Tem orgulho mesmo com todas as mazelas. Carioca ainda por cima.
Todavia, não é fácil ser imigrante. Tem gente que até se adapta com certa facilidade, é perceptível. Tudo depende também de sua história pregressa. Talvez a sua origem seja dolorosa e ter um novo começo em outro lugar seja tudo o que precisa. Mas a real mudança ao seu redor acontece a partir do seu interno. Os problemas que você tinha onde vivia vão seguir contigo se não estiverem resolvidos, seja onde for.
Recordo agora de um brasileiro que conheci. Antes de deixar o Brasil, trabalhava em uma lanchonete no Recife. Hoje, em Porto, Portugal, tem um carro que nunca conseguiria comprar no Brasil. Um belo e grande carro francês onde cabem seis pessoas além dele. Está levando pessoas para passeios turísticos e acaba usando o veículo para trabalhar. Disse que comprou na empolgação, ficou muito feliz, financiou em tantas e tantas vezes por um valor que consegue pagar. Três meses depois, acabou a novidade, viu que era só um carro. Porém, parece satisfeito em Portugal e não pensa em voltar, alcançou outra qualidade de vida.
Fahed, o argelino
O caminho de Fahed na Inglaterra foi muito diferente e pesado. Ao chegar, dormiu na rua, para só depois conseguir um trabalho e, finalmente, poder alugar um quarto. Acorda antes do galo cantar e trabalha em vários lugares. São 50 horas de trabalho por semana. Vemos como sua vida é tediosa, mas, ao mesmo tempo, quando volta para Argélia, levado pela saudade, tudo mudou. Em verdade, não foi bem que tudo mudou, quem se transformou foi ele. No fim, percebemos que Fahed agora está dividido entre dois mundos.
[…] quer saber de sair do Rio de Janeiro. Sonham com a Europa, os Estados Unidos. Escrevi sobre isso faz pouco tempo. Nem pensam que ao chegar lá seriam imigrantes. E, convenhamos, imigrante não é um título muito […]
Deixar o Rio de Janeiro, o Brasil, com certeza, não vale a pena . . .
É uma decisão complicada para muitos, Oswaldo. Gratidão pela sua opinião.
Realmente, não vale a pena . . . .