Nas eleições municipais do Rio em 2024, o pragmatismo eleitoral tem se mostrado evidente, especialmente entre os candidatos a vereador que, em muitos casos, optaram por omitir o nome de seu candidato a prefeito nos materiais de campanha. No caso do Partido Liberal (PL), essa estratégia se destaca, com candidatos preferindo não associar suas campanhas ao nome de Delegado Ramagem, que conta com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A prática de evitar o nome do candidato majoritário quando ele não agrega votos é comum, mas em algumas situações vai além do mero pragmatismo. Candidatos como Marcelo Monfort, do Progressistas, por exemplo, colocaram em seus panfletos o nome de Eduardo Paes, candidato com mais de 50% de intenções de voto, mesmo que o partido tenha seu próprio nome na corrida, Marcelo Queiroz, que aparece com apenas 3% nas pesquisas. “Para que fazer campanha para alguém que não dá voto?” questiona um analista político, ao explicar a lógica por trás da escolha de Monfort.
A exclusão de Ramagem
Entre os apoiadores de Bolsonaro, a situação é ainda mais delicada. O caso de Ronaldo Faria, irmão do senador Romário, é emblemático. Apesar de estar na coligação de Ramagem, Ronaldo optou por não incluir o nome do candidato a prefeito em seu material de campanha. “Ele não é bolsonarista, é pragmático,” explica um analista. Romário, que fez campanha por Eduardo Paes, torna até estranha a possibilidade de Ronaldo colocar o número 22 em seus santinhos.
Outro caso que chamou a atenção foi o do candidato a vereador Diego Faro, apoiado pelo governador Cláudio Castro. Embora Castro se posicione como aliado de Bolsonaro, o governador recentemente ameaçou romper com Ramagem após o candidato chamar seu governo de “medíocre” durante o debate da Globo. Os materiais de campanha de Faro, no entanto, foram impressos antes dessa polêmica.
O caso Alexandre Knoploch
A situação mais notável de distanciamento entre vereadores do PL e Ramagem envolve o ex-deputado estadual Alexandre Knoploch. Conhecido por ser um dos aliados de Bolsonaro, mas que já chamou o capitão de demente no passado, Knoploch surpreendeu ao não incluir o nome de Ramagem em seus santinhos, o que gerou revolta entre alguns bolsonaristas. “Foi um verdadeiro ato de traição,” desabafou um apoiador de Ramagem em vídeo.
Em contrapartida, Rogério Amorim, irmão do candidato a prefeito Rodrigo Amorim, manteve a fidelidade tanto ao PL quanto à sua família, estampando o seu nome e o de Ramagem em seus materiais de campanha.