Há cerca de 5 anos, um jovem Country Manager de uma empresa do setor de petróleo, que eu tive a oportunidade de acompanhar desde menino, ligou-me para saber o que eu achava da ideia de ele participar de um programa de voluntariado. A iniciativa seria realizada em escolas da rede pública que eu, como então Secretário de Educação, havia implantado em parceria com instituições como o IBP e a Junior Achievement, uma organização internacional.
Em resposta, eu o incentivei fortemente a participar e ainda recomendei que ele, como líder na organização que acabava de assumir, desse visibilidade à ação, como exemplo para seus funcionários.
Posteriormente, o mesmo executivo me ligou relatando o quanto aquela ação havia colaborado para o seu entendimento de seu papel como profissional, permitindo-lhe estabelecer o sentimento de que está contribuindo para a sociedade e não cair no senso comum de esperar somente o Estado agir.
Segundo a definição conceitual das Nações Unidas, “voluntário é o jovem ou adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo sem remuneração alguma a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem-estar social ou outros campos…”.
No cenário mundial, entre os movimentos e iniciativas de destaque, estão o Greenpeace, a Anistia Internacional, a ONU e o WWF. Até mesmo entidades técnicas internacionais voltadas para sistemas de conhecimento disponibilizam programas de voluntariado, como o Project Management Institute (PMI).
No Brasil, estima-se que as primeiras iniciativas voluntárias registradas surgiram com a fundação da Santa Casa de Misericórdia, na vila de Santos, em 1543. A Cruz Vermelha, por sua vez, só chegou ao país no ano de 1908, enquanto o escotismo foi trazido para o Brasil em 1910, na cidade do Rio de Janeiro. Em 1942, Getúlio Vargas criou, no ambiente federal, a Legião Brasileira de Assistência (LBA). A partir dos anos 1950, surgiram as primeiras Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs), que, juntamente com as Fundações Pestalozzi, se configuram como um imenso movimento social filantrópico brasileiro.
As práticas de voluntariado têm crescido significativamente e já são incentivadas na formação educacional regular por instituições de ensino privadas e públicas, desde o ensino fundamental.
Nas organizações empresariais de ponta, cada vez mais as áreas de recursos humanos (RH) reconhecem funcionários que desenvolvem espontaneamente tais práticas e, em alguns casos, já as consideram um elemento decisivo para a contratação de novos talentos e executivos.
Certamente, o potencial de crescimento das organizações empresariais no país é elevadíssimo, porém, as ações ainda são incipientes diante da capacidade de alavancagem de alguns segmentos econômicos, especialmente funcionando como mitigadores de imagem negativa de grande impacto que muitas atividades proporcionam em termos ambientais.
Nesse cenário, a orientação individual do planejamento de carreira dos profissionais deve considerar a prática do voluntariado, ao passo que as áreas corporativas de RH devem criar mecanismos que distingam tais ações como elemento importante da cultura organizacional.