Não estranhem! O título dessa crônica foi exatamente o que o saudoso amigo Luiz Paulo Conde me falou cerca de 20 anos atrás, para minha total surpresa.
Para quem não conheceu, Luiz Paulo Conde foi um arquiteto brilhante, com obras urbanísticas geniais em diversos locais no Rio de Janeiro. Foi prefeito na cidade do Rio de Janeiro com diversas intervenções em comunidades. Também foi Vice Governador e acumulou a função de Secretário de Ambiente do Estado na gestão da então Governadora Rosinha, quando tivemos uma convivência muito próxima, pois na ocasião eu era Secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo também naquele mesmo Governo.
Conde tinha aquele estilo bonachão, muito culto e principalmente engraçado! De origem espanhola, tinha seus argumentos sempre colocados de forma muito contundente. Acredito que tenha sido pelo nosso estilo parecido que nos dávamos bem! Apesar de sempre estarmos discutindo, a convergência e as pazes aconteciam quase que imediatamente às acaloradas divergências, que, aliás, eram muito engraçadas.
Nossas discussões eram sempre muito interessantes. Conversamos sobre os temas do Rio de Janeiro e principalmente sobre gastronomia, já que sempre fomos fisicamente um pouco robustos e amávamos comida de qualidade, farta e obviamente com oferta diferenciada.
Me recordo que uma vez discutimos onde era o melhor risoto de camarão. Não chegamos ao ponto comum, pois na ocasião eu como bairrista insulano insistia no Siri da Ilha e ele no Salete da Tijuca, mas acabou pelo menos me convencendo que a melhor empada de camarão era a do Salete e fomos comemorar aquela vitória com empadas derretendo com azeite.
Para minha surpresa, um dia, no meio de uma de nossas resenhas ele me pergunta sobre a Padaria Hamburgo, atualmente com o nome Padaria Schwarzbrot, na Ilha do Governador, que fazia diversos pães da Alemanha e eu dizia que não conhecia. Ele ficou totalmente indignado, achou um absurdo e lançou a frase: “A melhor padaria Alemã do mundo fica na Ilha do Governador”! A discussão foi acompanhada da obrigação de irmos imediatamente ao bairro onde eu já morava há décadas, pois ele queria pessoalmente me mostrar pessoalmente.
Saímos do antigo Banerjao, hoje sede da ALERJ, em 4 carros pretos com películas e seguranças, como se fosse uma incursão policial, indo para o bairro da Ribeira, que fica ao final da Ilha do Governador e que é bem tradicional… naquela época, ainda existiam as barcas da Ilha do Governador fazendo o Trajeto para Praça XV, que posteriormente conseguimos no próprio Governo Rosinha levar para o Cocotá.
Chegamos na Padaria com o nome difícil de “Schwarzbrot Bread”, aliás que significa pão preto, que estava como ainda está atualmente, ou seja, totalmente descaracterizada, até porque não é aberta ao público em geral, mas sim uma fábrica de pães voltada somente a clientes especiais que conhecem esse belo ponto gastronômico do Brasil. O amigo Conde, com toda intimidade, entrou no local e manuseou pães, cortava e me fazia provar, aliás como se fosse o real patrono daquela excelente ideia de produzir pães fora da Alemanha! Aliás, ele já conhecia o roteiro inteiro de todos os pães.
Talvez por minha origem suíça logo consegui verificar minha adaptabilidade com os pães, até porque todos são feitos com fermentação natural, baixíssimo nível de glúten e principalmente a maioria sem levar açúcar sem gorduras, exatamente do jeito que eu gosto. Aliás, o pão alemão é uma iguaria e alguns de seus insumos, como o centeio, tem baixo valor calórico e baixíssimo teor de glúten, o que é muito recomendado por muitos nutricionistas e os adeptos da vida saudável!.
Além de produzir um Biscoito de nome Spekulatius, um dos poucos produtos que levam açúcar e totalmente diferenciado, como se fosse uma casquinha linear de sorvete, produto exclusivo, eles produzem regularmente 11 tipos de pães diferentes. Cada pão desses com a sua formulação própria, fermentação natural e pode até ser guardado na geladeira e durar por semanas.
Os nomes dos pães são os mais diferentes possíveis, logicamente mantendo a tradição alemã e muitos usando o centeio e outros grãos e farinhas diferenciadas que não encontramos em padarias tradicionais. Os pães caseiros alemães são lá conhecidos como “Sauerteig”, em inglês “Sourdough”, em francês “Levain” e em italiano “Massa Madre”.
De forma rotineira produzem diversos tipos de pães, alguns pretos, meus preferidos, que são excelentes para degustar com patês, e com os diversos óleos e grãos com nomes interessantes como Kummel Brot, Hummel, Kieler Brot, Lune, Frankenbrot, Kornbrot (5cereais), trigo integral, 7 grãos, Munsterlander pumper nikel (centeio alemão) e o vega (vegano).
A fábrica/padaria de pães Schwarzbrot Bread continua na Ilha, no bairro da Ribeira, na Rua Paramopama 41 (Pracinha da Ribeira), onde está instalada desde 1966 e faz um sucesso enorme para a rede e especializadas que vendem produtos qualificados como o Supermercados Zona Sul, Rede Hortifruti e alguns restaurantes de elite e delicatessen, e pouquíssimas pessoas no Rio de Janeiro e até na própria Ilha do Governador conhecem, assim como eu não conhecia até aquela situação.
A fábrica de pães surgiu em 1952 na vinda de um alemão do Westfalen Nordwalde para o Brasil na década de 50 e teve instalação em Caxias, depois na Praça XI e depois na Ilha do Governador, em meados da década de 60. Com um sucesso absurdo ainda é conduzida por um dos filhos do dono, o simpático Karl Heizn.
A padaria tem produtos exclusivos que valem muito a pena conhecer e o próprio site (Schwarzbrot.com.br) apresenta com detalhes e possui telefone para pedidos diretos e entregas (3396-1442 e 98339-1229).
Essa fábrica de pães é um achado da gastronomia Fluminense ou alemã que temos aqui no Rio de Janeiro, escondido na Ilha do Governador, e que me faz escrever essa crônica em homenagem a boa gastronomia alemã, a Ilha do Governador e ao saudoso amigo Luiz Paulo Conde!
Bem tive o prazer de conhecer e comer os biscoitos falado no post ,realmente são otimos vale a pena .
De Victer eu só lembro:
– Secretário, o senhor me ouve?
– OuVo sim…!
Brincadeiras a parte, boa história. Tem errinhos de português…E de conduta profissional..
Acho que no pão não leva ouro não!! Kkkk
Gostei do texto,inteligente,alegre,bem escrito e de bom gosto. Parabéns e obrigado!
Ilha do governador e o melhor lugar do mundo !
O Vagner Victer destruiu a Cedae e agora deseja destruir a panificação do Rio de Janeiro? Sou morador do Catete, fui maltratado pela gestão dele durante anos. Agora ele começa a falar de pão. Já falou de futebol, de ciência e tecnologia. Ele muda de tema para ver se esquecem do praticou. Não confio no Vagner Victer.
Luiz Carlos Prestes Filho
Deve ter tido alguma razão de cunho comercial ou até eventualmente ética para você ter se sentido mal tratado mas não me recordo da situação. Quanto a sua opinião eu tenho que respeitar até porque a que tenho de você desqualifica Darwin no seu Princípio da Evolução das Espécies.
Vamos em frente e continue lendo minhas crônicas . Beijos
Não possui cerimônia alguma em dizer que usou transporte e motorista pagos com dinheiro público para diversão pessoal.
Não fico admirado, isso é senso comum entre o corpo político brasileiro. Acham que os bens públicos e as pessoas existem para servi-los.
Parecem crianças mimadas.
É isso mesmo. Os pães são muito bons, e a fábrica não chama tanto a atenção. Muito insulano não sabe. Os produtos são vendidos em vários lugares.
Que bacana me fez lembrar de 1986 ano tem que tiver felicidade e a honra de fazer parte da família Cia de canetas compactor e desde essa época meu saudoso patrão Eric call Vitor buschle já fazia parte da clientela desta fábrica de pão alemão então ele designava um motorista para buscar os pães de sua preferência para ele e sua família e funcionários que quisesse eu tive o prazer de ser um desses funcionário que saudade dessa época Deus abençoe sempre sempre toda a família compactor!!!
Só achei estranho alguém que mora na ilha falar que a ribeira e o último bairro da ilha do governado, sendo que a pedra da onça que fica no bananal onde se encontra realmente o último bairro da ilha, já estava no mapa a bastante tempo.
Se vc ver o mapa da ilha toda orla é ponta a ribeira é extremo assim como pedra da onça
Essas são as únicas pontas uma de um lado e a outra do outro
Agora esse pão é maravilhoso é
Moradora da Ilha desde que nasci,adoro conhecer tudo relacionado a Ilha ,mas nunca tinho ouvido falar nessa fábrica de pães .Uma grata surpresa
Preciso conhecer essa padaria.
Que alegria ler esse texto! Como moradora da Ilha, apaixonada por pães me senti agraciada com esse presente. Muito obrigada por compartilhar essa informação.
Ouve bem? Ouvo sim. kkkkkkkkkkk
Claro que ouvo