Durante o período em que fui presidente da CEDAE, tive a oportunidade de descobrir muitos tesouros escondidos da história do Brasil relacionados ao desenvolvimento do abastecimento de água em nossa cidade. Recentemente, em uma conversa com o competente engenheiro Vitor Lima, que ainda trabalha na CEDAE, lançamos uma pergunta: o que temos em comum com os Jardins do Palácio de Cristal na cidade do Porto, a Ópera de Paris, o município de Nova Iguaçu-RJ e o abastecimento de água no Brasil? A resposta é as esculturas do renomado escultor Albert-Ernest Carrier-Belleuse, que foi professor do grande artista e escultor Auguste Rodin!
Pouco conhecido por muitos, no final da década de 1870 foram inaugurados os reservatórios de São Pedro e Rio D’ouro, com a missão de levar água da reserva biológica de Tinguá, em Nova Iguaçu, até a então Capital do Império do Brasil. Foi um grande feito para os engenheiros da época, e a CEDAE – Companhia Estadual de Águas e Esgotos, sucessora desses serviços, utiliza esse mesmo sistema para o abastecimento de água no Rio de Janeiro até os dias atuais!
Devido à grandiosidade desse feito, na época o Imperador Dom Pedro II ordenou a instalação das esculturas de Albert Belleuse, transformando os reservatórios não apenas em um marco da engenharia brasileira, mas também em um marco cultural de valor incalculável.
Essas esculturas, conhecidas como “Ninfas”, representam as deusas gregas relacionadas aos riachos e lagos. Essas belas esculturas permanecem lá até hoje, e durante meu mandato como presidente, tive a oportunidade de conhecê-las e restaurar todo o parque, que estava bastante degradado.
O que conecta essas belas obras às cidades que mencionei? O Palácio de Cristal, na cidade do Porto, possui uma escultura gêmea daquela existente no reservatório do Rio D’ouro, em Nova Iguaçu, que, por coincidência ou não, são abastecidas por rios com o mesmo nome. Além disso, na Ópera de Paris também existem as Ninfas esculpidas por Albert Belleuse.
Foi um privilégio ter trabalhado com saneamento e ao mesmo tempo ter vivido histórias desses lugares maravilhosos e tesouros de nossa história, junto com meus colegas da CEDAE. É importante ressaltar que essas esculturas estão localizadas em uma área da reserva biológica federal, onde não é possível visitá-las livremente, mas apenas em ocasiões específicas que envolvem a empresa. No entanto, elas são visitas obrigatórias para aqueles que desejam estudar nossa história.
Preferia ver Oxum e Yemanjá, que apesar de não serem brasileiras, se identificam mais com nosso povo. E muito provavelmente com quem trabalhou na obra!.