Arquiteto de formação, segue uma homenagem aos profissionais de Arquitetura e Urbanismo, especialmente aos meus professores, responsáveis pelo despertar da vontade de sempre aprender e a todos alunos com os quais tive a grande satisfação de conviver e compartilhar dúvidas e aprendizagens.
Afinal, Arquitetura não deve, absolutamente, ser para alguns, mas para todos, como atendimento a uma necessidade essencial, que é viver e conviver, princípio que descobri nos bancos da faculdade.
Desde 2012, o Dia Nacional do Arquiteto e Urbanista é celebrado em 15 de dezembro, diferente da data definida pela União Nacional dos Arquitetos (UIA), que estabeleceu a primeira segunda-feira de outubro para esta comemoração, coincidindo com o Dia Mundial do Habitat, criado pela ONU.
A escolha está relacionada ao nascimento de Oscar Niemeyer, em 1907, falecido em 5 de dezembro de 2012, certamente o arquiteto brasileiro de maior expressão nacional e internacional, ainda que objeto de muitas críticas e controvérsias.
A celebração é um momento oportuno tanto para lembrar a importância de Niemeyer como registrar a importância do profissional de Arquitetura para a saúde dos edifícios, da própria cidade e, por consequência, de seus habitantes.
Uma das profissões mais antigas do mundo, presente desde que o ser humano começou a construir seus abrigos, só iniciou sua trajetória regular no Brasil a partir de 1826, quando foi implantada a Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, que ministrava o curso de Arquitetura sob a regência do francês Grandjean de Montigny, primeiro professor e arquiteto oficialmente aqui estabelecido.
No entanto, desde os primórdios da colonização, muitos profissionais exerceram tal função, responsáveis pela construção e ocupação do território. Luiz Dias, na fundação de Salvador, os padres jesuítas, erguendo seus colégios por toda a Colônia, o engenheiro militar Pinto Alpoim, com obras no Rio de Janeiro e Minas Gerais, além de artistas notáveis, como Antônio Francisco Lisboa e Xavier de Brito, para citar apenas alguns arquitetos com formação nos canteiros de obra e nos trabalhos realizados.
Além do tradicional tripé da arquitetura – Beleza, Funcionalidade e Estabilidade – é indispensável acrescentar Sustentabilidade, para inseri-la plenamente nas necessidades inadiáveis do planeta, pois a Economia, que também deveria ser essencial, encontra-se distorcida pelos interesses individuais e de grandes corporações, onde o lucro imediato e incessante é o objetivo maior.
Sem qualquer falso ufanismo, a Arquitetura nacional consegue, desde a criação do Curso, formar notáveis profissionais que frequentam uma galeria seleta no panteão mundial. Alguns nomes mais populares, como o próprio Niemeyer ou Lucio Costa, outros de conhecimento por um grupo mais restrito, nem por isso com menor importância, como Affonso Eduardo Reidy, Sergio Bernardes, Severiano Porto, todos formados no Rio, Vilanova Artigas, com notável produção em São Paulo, ou ainda Lina Bo Bardi, radicada no Brasil, com projetos de qualidade excepcional. A lista se prolongaria e certamente cada leitor incluirá merecidas sugestões.
A escolha do aniversário de Niemeyer para celebração da data certamente se refere à importância do profissional para a divulgação da arquitetura nacional através de diversas obras por todos os cantos do mundo, com a marca registrada do seu traço curvilíneo e o domínio do concreto armado: Argélia, Estados Unidos, Espanha, França, Itália, Libano, Portugal
Sobre a utilização deste material, é indispensável citar os engenheiros responsáveis pela concretização (sem trocadilho) de suas obras, como Joaquim Cardozo, Bruno Contarini, José Carlos Sussekind.
Niemeyer nasceu e faleceu no Rio de Janeiro, cidade onde morou por grande parte de sua longeva vida e para quem sempre dedicou publicamente um carinho muito especial. No entanto, sua cidade preferida abriga menos de vinte obras suas, algumas com merecido destaque, mas outras pouco conhecidas pelo grande público.
Para aqueles interessados, segue uma lista síntese, para algum futuro roteiro sobre arquitetura moderna na sua cidade natal: Obra do Berço (1937), na Lagoa; o edifício para o Ministério da Educação, depois Palácio Capanema (1936), projetado em coautoria com nomes da maior relevância, considerado um marco internacional; a residência própria (1942), na Lagoa; Banco Boavista (1946), no Centro; edifício sede para O Cruzeiro (1949), na Zona Portuária; Hospital da Lagoa (1952); outra própria residência, na Estrada das Canoas (1953), em São Conrado, uma verdadeira casa-manifesto; edifício-sede para o grupo Manchete (1965), projetado para seu amigo Bloch, na Rua do Russel; o hotel Nacional (1972), em São Conrado; a Passarela do Samba (1984), entre o Centro e a Cidade Nova, idealizada por seu amigo Darcy Ribeiro; os Centros Integrados de Educação Pública – CIEP’s (1984), popularizados como “Brizolôes”.
A cidade vizinha Niterói, antiga capital fluminense, abriga um conjunto mais recente projetado pelo arquiteto, concentrado no Caminho Niemeyer, com destaque para o Museu de Arte Contemporânea.
Voltando ao Rio, existe uma obra pouco conhecida, localizada no Parque São José, em Manguinhos, na Zona da Leopoldina da cidade. Trata-se da Igreja de São Daniel Profeta, projetada em 1960, que recentemente assiste ao esforço dos moradores locais com auxílio e participação ativa de dois arquitetos formados há pouco tempo, Éric Gallo e Patricia Oliveira, empenhados na sua recuperação e preservação, visto constituir-se em um bem tombado pelo Estado.
O projeto apresenta uma concepção muito simples, com planta curvilínea, brises verticais e cobertura plana. Internamente, possuía quadros de Guimard, representando a Via-Crúcis, uma réplica da imagem do profeta Daniel, cujo original está no Santuário de Congonhas, MG, e uma pia batismal de pedra-sabão.
Devido a questões de segurança e ao próprio descaso oficial, o templo, perdeu peças e foi muito modificado ao longo do tempo, necessitando de intervenções para sua plena recuperação.
Talvez uma homenagem ao Dia do Arquiteto pudesse ser o compromisso dos órgãos envolvidos em recuperar este bem, devolvendo-o à população, atendendo ao esforço dos jovens arquitetos, fiéis frequentadores e, principalmente, aos ideais de seu autor, que sempre manifestou sua indignação pelo descaso em relação aos menos favorecidos.
Em entrevista concedia a Paulo Henrique Amorim, por ocasião do seu centésimo aniversário, disse Niemeyer:
“A Arquitetura é importante, é a minha profissão, passei a vida debruçado na prancheta. Mas o importante é a vida, fazer a vida mais justa, isso é o que é importante.”
Maravilhoso! Arquitetura é e tem que ser para todos!
Grata por ter tido a honra de partilhar de momentos de sala de aula na FAU com professores incríveis como você! Parabéns pelo dia do arquiteto e pelo dia do professor que também é celebrado num dia 15 (só com dois meses de diferença, mas tudo certo)! ?
Maravilhoso! Arquitetura é para todos!
Grata por ter tido a honra de partilhar de momentos de sala de aula na FAU com professores incríveis como você! Parabéns pelo dia do arquiteto e pelo dia do professor que também é celebrado num dia 15 (só com dois meses de diferença, mas tudo certo)! ?