William Siri: Como o Rep Festival escancara o descaso com a Zona Oeste?

Evento que aconteceu no último fim de semana, em Guaratiba, ainda deixa muitas perguntas sem respostas

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REP Festival 2023 (Foto: Reprodução Twitter)

O Rep Festival (Ritmo e Poesia) é o maior evento deste estilo de música no país, está na quarta edição com um público estimado superior a 60 mil pessoas. A tal cidade do Rep seria na Barra da Tijuca, porção da Zona Oeste produzida para classes mais abastadas, que já recebeu investimentos em infraestrutura para alocar shows de grande porte, sendo o “Rock in Rio” o mais famoso.

Mas, 10 dias antes do festival, a organização anunciou a mudança de local para Guaratiba. A cidade do Rep foi transferida para a Zona Oeste desconhecida, a ZO abandonada pelo Poder Público. Guaratiba é o maior bairro em extensão territorial do Rio de Janeiro, pouco povoado, mas rico em espaços verdes e belezas naturais. Rafael Liporace, um dos organizadores, comentou que a cidade do Rio de Janeiro tem grandes dificuldades estruturais e físicas para eventos superiores a 50 mil pessoas. O Parque Olímpico, na Barra, local anunciado durante as primeiras vendas de ingresso, não foi autorizado pela Prefeitura.

O local para onde foi alocado o festival é gigantesco, é o mesmo espaço onde seria celebrada, pelo Papa, a missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude. Denominado de Campo Fidei ou Campo de Fé, não pôde receber a celebração devido às fortes chuvas que encharcaram os solos argilosos da área. 

Os organizadores do Rep Festival sabiam da elevada concentração de chuvas que atingiram o evento e dos acontecimentos anteriores na JMJ, mas decidiram manter. A Prefeitura foi inerte e não acompanhou adequadamente a estruturação de um festival deste tamanho, mais explicações por parte do Executivo são necessárias. Depois destas somas de erros e negligências, as fotos do lamaçal com cobras e reclamações dos artistas viralizaram e contribuíram para uma série de comentários pejorativos sobre Guaratiba. 

Dez anos separam a tentativa de missa e o festival de música que ocorreu no último final de semana, a gestão era de Eduardo Paes e continua a ser. A questão que quero apontar aqui é a seguinte: como que neste espaço de tempo nada foi feito? Guaratiba tem uma série de potencialidades ambientais que podem ser desenvolvidas, como, por exemplo, um parque urbano-ecológico para lazer e educação ambiental dos moradores locais e demais cidadãos do Rio. 

Porém, nós sabemos a resposta: a desigualdade é estrutural e condena territórios da ZO a total exclusão. Nosso mandato foi eleito pela força da Zona Oeste que não se cala e não aceita mais ser tratada como porção distante e marginalizada da cidade “Maravilhosa”. Seguiremos em luta!!

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