Em entrevista a TV Globo, na manhã desta quarta-feira (27/05) o governador do Rio, Wilson Witzel disse que recebeu informações de que as investigações da Operação Placebo partiram da Procuradoria Geral do o aval do presidente Jair Bolsonaro.
“Chegou ao meu conhecimento que essa investigação partiu de dentro do gabinete do procurador-geral da República, com aquiescência do presidente da República”, afirmou.
Witzel e a primeira-dama, Helena, são investigados sobre suspeitas de fraude na saúde durante a pandemia de Covid-19. Nesta terça (26/05), a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na residência oficial do governo e na casa onde morava, no Grajaú.
De acordo com o governador, no entanto, “a busca e a apreensão não resultaram em absolutamente nada“.
“É uma narrativa fantasiosa. Nós vamos desmontar isso tudo. Vamos ao Senado, ao Conselho Nacional do Ministério Público“, emendou.
“Estão jogando meu nome na lama de forma absolutamente inadequada. Isso é uma farsa, uma perseguição política“, repetiu.
O chefe do estado também criticou a atuação do Governo Federal na pandemia.
“A União não está nos dando nenhuma ajuda, os ministros da Saúde estão sendo trocados, os estados e municípios estão sozinhos, totalmente descoordenados a nível nacional. isso não podia dar certo. Só não está pior porque os governadores assumiram o protagonismo. Senão nós tínhamos empilhado os corpos nas ruas, e muita gente estaria sofrendo”, destacou“.
“Quem não está tendo sucesso nos efeitos da pandemia é o presidente da República, que estimula as pessoas a ir para a rua e ataca os governadores”, completou.
Nesta quarta, Bolsonaro afirmou que haverá novas operações da Polícia Federal (PF) nos estados. “Vai ter mais, enquanto eu for presidente, vai ter mais. No Brasil todo. Isso não é informação privilegiada não, vão falar que é informação privilegiada“, disse o presidente.
Em outro trecho da entrevista, Wilson Witzel classificou como positiva a condução da Saúde durante a crise do Coronavírus, mesmo com os atrasos na entrega dos hospitais de campanha do estado.
“Eu avalio muito positivo. Nós fizemos várias ações. Eu fui o primeiro a adotar as medidas no Brasil. Não perdemos controle nenhum”, afirmou. “Nós inauguramos mais de 1.400 leitos desde o dia 15 de março. Quando eu decretei o lockdown, nós tínhamos zero leitos de Covid-19.”
O governador também defendeu a mulher, Helena Witzel. O MPF aponta “vínculo bastante estreito e suspeito” entre a primeira-dama e as empresas do empresário Mário Peixoto, preso no início do mês.
O escritório de Helena teria recebido R$ 105 mil de grupo de Mário Peixoto.
“Desconheço essa documentação que foi encontrada, não me foi apresentada. A Helena não tem nenhuma empresa que mantém contrato com o governo do estado. Há inclusive o cuidado que ela tinha para exigir que qualquer cliente que se apresentasse que assinasse uma declaração“, explicou.
Segundo Witzel, “tudo vai ser apresentado”. “Ela está preparando a defesa dela, amanhã (quinta, 28) ou depois vai marcar o depoimento, vai apresentar os documentos“, emendou.
“Se Helena recebeu, se ela tem contrato, se ela é advogada, isso é atividade específica da advocacia. Essa empresa que está sendo mencionada, há suspeita de que ela está envolvida com esse tipo de atividade ilícita. Isso tem que ser investigado. Estamos no início da investigação“, pontuou.
“Advogado não pode ser confundido com a figura do cliente. Não vamos permitir criminalizar advogado e fazer ilações absurdas”, concluiu.