Homem de Ferro, Capitão América, Batman, Mulher-Maravilha… Antes da pandemia, era comum ouvir todas as especulações sobre o futuro dos super-heróis e ver as filas quilométricas para assistir os novos filmes nos cinemas. Depois da chegada da Covid-19, assim como quase tudo na rotina, os lançamentos também passaram por mudanças e se adaptaram. Mas, por que só acompanhamos os heróis internacionais e não apoiamos as criações nacionais? Por que sequer sabemos da existência dos vários super-heróis criados por cariocas, cujas histórias muitas vezes se passam no Rio de Janeiro?
Sim, as criações de moradores do Rio de Janeiro não apenas existem, como têm heróis diferentes, que muitas vezes lutam contra os “monstros” que afetam a rotina da população.
Pensando nisso, o DIÁRIO DO RIO selecionou 10 dos super-heróis do Rio de Janeiro. Confira:
Chama Negra
Quem acompanha o DIÁRIO DO RIO já ouviu falar do Chama Negra algumas vezes. O herói Francisco, criado por Julio Paladino, mora em uma comunidade e sofre com a eterna guerra entre traficantes e policiais, preconceito e falta de recursos básicos como acesso a serviços de saúde. Entretanto, mesmo diante de tantas adversidades, o rapaz tenta transformar sua vida por meio da educação, sonhando em se tornar cientista. E ele também tem amigos com o mesmo sonho: Bruna, por quem o garoto é secretamente apaixonado, e Gabriel, colega de longa data.
Após ganhar super poderes, a vida de Francisco e de seus amigos começa a mudar. Vale citar aqui que, conforme publicado em janeiro deste ano, o livro mostra a arte imitando a vida, já que conta a história de uma jovem que se apaixona por um traficante. Ao descobrir sobre o envolvimento com o crime, ela termina o relacionamento. Entretanto, assim como em muitos casos da vida real, ele não reage bem ao término e muitas coisas acontecem.
Mas a história não parou por aí… após o sucesso da primeira edição, a história do Chama Negra ganhou continuação. Agora, o trio de protagonistas terá novos desafios, como, por exemplo, Francisco e Gabriel realizando uma investigação que revelará novos vilões e Bruna tendo que tomar decisões importantes sobre estudo e profissão que podem mudar o rumo de sua vida pessoal.
Os livros do ”Chama Negra” estão à venda no Instagram oficial do herói.
Escorpião Negro
A história do super-herói da região serrana do Rio se passa em uma Petrópolis dominada pelo crime. O protagonista Bruno Reis é filho de um candidato a prefeito que prometeu lutar conta as milícias da Cidade Imperial; durante um comício ele é assassinado. Bruno então descobre que seu pai faz parte de uma confraria secreta que visa limpar a cidade e restaurar seus dias de glória. Essa mesma sociedade tenta recrutá-lo, mas ele não quer apenas justiça e sim vingança.
Um dos agentes dessa sociedade, que era “segurança” do pai dele, resolve treiná-lo e ele aproveita os recursos da fraternidade para criar a persona do Escorpião Negro, e enquanto limpa a cidade do Império do crime comandado pelo Rei Miliciano (Henri Mustafá), busca respostas sobre o assassinato do pai.
O autor da história, Cleyton Duarte, contou que decidiu criar um vigilante inspirado em seus personagens preferidos, mas dentro da realidade brasileira: “A escolha da cidade foi não só pelo estilo estético incrível, mas também pela minha paixão histórica. Tento sempre enquadrar os problemas cotidianos (com um grande toque de fantasia, já que não há regras de realidade nos quadrinhos) dentro das histórias que escrevo para o personagem“.
Os quadrinhos do Escorpião Negro estão à venda através da página ou do Instagram @escorpiao.negrohn.
Mulher Atômica
E o Escorpião Negro não foi a única criação de Cleyton Duarte. Ele também criou uma super heroína para o Rio de Janeiro. E se o Escorpião vem da região serrana, a Mulher Atômica vive pertinho da praia, em Angra dos Reis.
A Mulher Atômica trabalha como pesquisadora na área da física nuclear na usina de Angra, e em uma das trocas de combustível ela acaba caindo na câmara radioativa. Ao invés de sofrer danos por conta da radiação, a mesma ativa poderes sobre humanos em seu corpo. Só que nem tudo é tão simples como parece… Ela só sobreviveu e ganhou poderes por conta de um tratamento feito na infância que não foi bem manuseado. A história da heroína será mais explorada na HQ de origem, que ainda está em produção.
Jou Ventania
Criado por Lincoln Nery, Augusto Oliveira ganhou seus poderes ao ser escolhido por uma força mística. Com isso, ele serve como um equilíbrio entre as forças do bem e do mal. Usando uma roupa militar adaptada, ele é chamado pelas crianças da cidade pelo apelido de Jou Ventania, que adotou em sua luta contra o crime.
“A ideia de criar o Jou Ventania surgiu quando eu era uma criança, fascinada por super-heróis, mas que sem acesso à internet (nos anos 90), achou que estava na vanguarda ao criar o “primeiro super-herói brasileiro”. Longe disso, anos mais tarde descobri que existiam vários outros super-heróis nacionais com uma vasta tradição, apesar de pouca divulgação”, contou o autor.
A história se passa em em Vencesleng, uma ilha fictícia dentro do estado do Rio de Janeiro. Lincoln explicou que criou essa cidade para ter mais liberdade criativa na hora de escrever as histórias, e usar o Rio como base, mas sem ter que usar exatamente as personalidades, políticos, criminosos da vida real.
Para saber mais sobre o personagem, basta seguir o Instagram @jouventania.
Bombeiro Mascarado
A história tem como protagonista um bombeiro militar que sofre um acidente e fica paraplégico. Depois disso, ele foi cobaia de uma experiência científica e ganhou super poderes, como super força e sentidos super aguçados, além de um traje de alta tecnologia que o ajuda a combater incêndios e resgatar vítimas. Desta forma, ele se torna o Bombeiro Mascarado.
Passada em pontos turísticos do Rio, o personagem também conta com uma série em desenho animado e games. Para saber mais sobre o herói, basta seguir o Instagram @bombeiromascarado.
Repressora
“Ela é a Maria da Penha em carne e osso“. A frase que aparece na capa do quadrinho da Repressora define bem sua missão como heroína: salvar mulheres. A vigilante do Rio de Janeiro, mais precisamente de São Gonçalo, invade casas onde estão acontecendo quaisquer tipos de agressões familiares, sejam violência contra mulheres ou casos de pedofilia, por exemplo.
“Ela é uma vigilante, uma heroína que não tem super poderes, e não tem ideias de super herói, ela combate os crimes do jeito dela. É uma mulher que se revoltou contra as injustiças que as mulheres sofrem e luta contra o feminicídio, violência doméstica, pedofilia… e ela invade a casa, salva a vítima e bate no agressor“, contou Ruan Victor, autor da Repressora.
Lâmina Selvagem
O volume 1 da história do Lâmina Selvagem se divide em três capítulos: o primeiro, Gênese Selvagem, narra que por trás da chacina na Candelária outro crime ocorria: pessoas em situação de rua eram sequestrados e submetidas ao implante do P.B.H. (Protótipo Biomecânico em Humanos) criado pela Biotec, para tornarem-se super soldados. Uma empresa rival, a Biotron, rouba o projeto da Biotec e o aperfeiçoa surgindo assim um ciborgue que destrói o grupo de super soldados chamado Esquadrão Selvagem.
Já no segundo capítulo, Desfecho Selvagem, um sobrevivente do Esquadrão começa a ter recordações de sua vida passada e resolve desmascarar a Biotec e a Biotron. Ele é capturado e passa pelo processo de aperfeiçoamento da Biotron, mas durante a experiência foge, tornando-se um herói e parte para o embate com o ciborgue que está aterrorizando a cidade do Rio de Janeiro.
No terceiro capítulo, Cidade “Maravilhosa”, a história expõe o contraste que é o Rio de Janeiro: belas praias, belas paisagens, vários pontos turísticos, mas também mostra o lado violento e pobre da cidade. Lâmina Selvagem depara-se com um desmoronamento de barreira e acompanha todo o drama de um garoto que fica soterrado.
No volume 2, em uma história repleta de mistérios e violência, Lâmina Selvagem, após um breve embate, passa a contar com a ajuda de um novo aliado, o Matador, e juntos encaram o mais poderoso vilão de suas vidas, o Legião, um ser que surgiu de rituais satânicos e vem fazendo várias vítimas na cidade do Rio de Janeiro.
Para adquirir as histórias do Lâmina Selvagem, basta entrar em contato pelo Instagram ou pelo Mercado Livre.
Homem-Caos
O Homem-Caos não é exatamente um super-herói. Pelo contrário, ele é o que chamamos de “anti-herói”: um protagonista com grandes poderes, mas completamente perturbado e problemático.
Criado e ilustrado por Lucas Pinho Gomes, morador de Nova Iguaçu, o personagem é um mercenário com poderes de super força, super velocidade e invulnerabilidade. No entanto, ele tem o hábito de perder o controle e acabar destruindo tudo de forma desnecessária (por isso o nome).
Quando começou essa obra, Lucas sabia que mercado dos heróis estava super saturado e dominado pelos heróis da era de ouro dos quadrinhos norte-americanos, então resolveu tentar começar com algo diferente. Ele ouviu falar da “desconstrução do super herói” e viu uma oportunidade de investir no tema: “No fim das contas, apesar de sempre ter sido um grande consumidor das revistinhas de super heróis, a ideia do herói íntegro, de caráter firme e incorruptível nunca me convenceu, nem quando eu era criança“
“Se o ser humano é capaz de cometer tantas atrocidades mesmo dentro das suas limitações, por que seria conveniente acreditar que se um humano tivesse super poderes ele acabaria se tornando um herói perfeito e incorruptível? A verdade é que se existissem humanos com super poderes, eles seriam um completo caos”, disse Lucas, destacando que essa foi a base de pensamento para criar o Homem-Caos.
O Doutrinador
O Doutrinador é um personagem carioca de grande sucesso, criado por Luciano Cunha. Concebido em 2008, mas publicado somente em 2014, o Doutrinador é um personagem polêmico em sua guerra contra políticos e empresários corruptos.
O vigilante mascarado se sustenta em seus milhares de fãs e viaja o mundo: em janeiro deste ano estreou na França, em maio chega à Itália, já tendo sido recebido com boas críticas no Japão e Coreia do Sul.
Nos quadrinhos, após 6 edições esgotadas no Brasil (3 reimpressões), terá toda a sua saga publicada nos EUA pela editora parceira Arkhaven Comics. Já teve 3 modelos de colecionáveis esgotados, coleção de camisetas, 300 mil ingressos vendidos em circuito nacional, 1,6 milhão de views no Youtube, além do maior público do canal TNT até hoje.
O Doutrinador também foi o primeiro e único filme latino convidado a participar da Semana Internacional de Filmes de Ação, evento idealizado pelo astro Jackie Chan. Toda essa história de sucesso nasceu de uma ideia simples: Cunha precisava extravasar a indignação contra a corrupção da classe política brasileira e decidiu usar tinta e papel para expressar isso, e as pessoas se identificaram.
Xamã
Criado pelo carioca Eberton Ferreira, o super-herói indígena Xamã tem seus poderes inspirados no folclore brasileiro. Apesar de ser original da Amazônia, ele tem o poder de se materializar onde a natureza precisar dele. Dessa forma, a história tem trechos em vários pontos do país, entre eles o Rio de Janeiro.
Falar com os animais, as plantas, poder de cura, falar com os espíritos ancestrais são alguns dos poderes do Xamã, mas o principal deles é que o corpo dele recebe os espíritos da Terra e serve de morada temporária. Com isso, o Xamã se transmuta para que esses espíritos possam se defender no plano físico.
“Todos os personagens que a gente conhece, Lobisomem, Boitatá, Curupira, Iara, no universo do Xamã, todas essas criaturas são ele. E eu vou narrando como ele conseguiu esses poderes e se tornou um defensor da Terra“, explicou Eberton.
Meus parabéns, querida. Por divulgar esses trabalhos. Não tinha conhecimento deles!
Esqueceram de mencionar o super-herói m********* Capitão presença
Super Silva um ótimo livro de um herói das favelas do rio de janeiro.
Super Silva um ótimo livro, de um herói das favelas do rio de janeiro.
Gostei da matéria. Depois dê uma olhada no “projeto Força BR”. Eu sou apoiador e recebo suas HQs. Heróis Brasileiros. Histórias boas.
Excelente matéria. Confesso que desses heróis só conhecia o Doutrinador. Mas conheço alguns outros super heróis do Rio de Janeiro como os Paladinos Escarlates, a Fúria Negra, e também o ÁS Acrobata. Os três são de autoria de James Dallacosta e podem ser encontrados na Amazon do Brasil.
Que interessante!
Gosto muito do conteúdo de vocês!
Melhor jornal do Rio!!