8 lojas que foram muito famosas e fecharam no Rio de Janeiro

Quem ainda se lembra da Mesbla, Sloper, Sears e estas outras 5 lojas que fizeram muito sucesso no Rio de Janeiro de antigamente

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Lojas de departamento existem aos montes atualmente. Entretanto, há alguns anos não eram tão diversificadas e as que existiam geravam uma “familiaridade” no comprador. Muitos desses antigos locais, hoje, não existem mais, porém estão na memória do carioca. Neste texto iremos recordar algumas delas.

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Mesbla

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A Mesbla nasceu em 1912 e com uma proposta diferente: seu negócio envolvia importação de maquinário, automóveis, aviões e outros equipamentos e era administrada por um empresário francês chamado Luiz La Saigne. Em 1924, La Saigne decidiu transformar o estabelecimento carioca em uma firma autônoma, com o nome de Sociedade Anônima Brasileira Estabelecimentos Mestre et Blatgé, que em 1939 passou a denominar-se Mesbla S.A.

Na década de 1950, Luiz havia falecido, mas a Mesbla ainda estava viva. A empresa tinha lojas instaladas nas principais capitais do país e em algumas cidades do interior. Em 1952, foi inaugurada sua primeira loja de departamentos, no prédio da Rua do Passeio, no Centro do Rio de Janeiro, e a diversificação de atividades nas décadas de 1960 e 1970 transformou a Mesbla em uma das maiores empresas do país, com 180 lojas pelo Brasil.

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Na cidade do Rio, filiais se distribuíram por alguns bairros da região central à Zona Norte. No Centro, à rua do Passeio, funcionava em elegante edifício art-déco projetado pelo francês Henri Sajous, em 1934. Sua torre com o famoso relógio em destaque, ainda marca a paisagem junto ao Passeio Público e foi reproduzida em miniatura na Ilha de Paquetá, assinalando a sede recreativa da empresa. Internamente, além dos pavimentos destinados à exposição e venda, com escadas rolantes e planejada iluminação, contava com um elegante restaurante panorâmico, no 11º pavimento, inaugurado em 1955, com cardápio bilíngue requintado, em francês e português, endereço constante para almoço de negócios ou reuniões políticas, visto que o Senado Federal funcionava no Palácio Monroe, a poucos metros dali.  Havia também um teatro, que recebeu espetáculos marcantes para a cidade, com nomes consagrados na dramaturgia nacional e internacional, uma sala adaptada para um pequeno auditório e um cinema com sessões matinais. Uma fusão comercial e lazer que raramente se viu no cenário de outras cidades.

Já em 1997 a Mesbla adquirida pelo empresário Ricardo Mansur, dono do Mappin, contemporânea, fundada em 1913, e grande concorrente da Mesbla. O novo dono tentou inovar, abrindo outras lojas em Santos, Shoppings e até um ponto eletrônico de vendas para comercio à distância, entretanto, todo o esforço foi por água abaixo, pois em junho de 1999 as redes Mappin fecharam, o que ocasionou, no mês seguinte, o encerramento das atividades da Mesbla.

O advogado Ricardo Viana e seu irmão Marcel Jeronimo, conseguiram o uso da marca em 2022, atualmente propriedade da Mesbla S.A., que ainda aparece em buscas da internet como pertencente ao empresário Ricardo Mansur. Funcionando, entretanto, apenas como Marketplace.

Arapuã

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Antiga concorrente da Casas Bahia, a Arapuã foi uma loja que teve seu início em São Paulo, 1957, e que logo conseguiu conquistar o Brasil inteiro, incluindo o Rio de Janeiro. A rede foi fundada por Jorge Wilson Simeira Jacob, quando ele ainda era menor de idade, que recebeu uma loja de tecidos de herança de seu pai e junto com os materiais decidiu inovar com outras mercadorias, como liquidificadores e anos depois desistiu dos tecidos e investiu no mercado de eletrodomésticos.

Em 1990, a casa era uma das mais populares do país, atingindo o posto a maior varejista de eletrodomésticos do Brasil e concorrente direto de outras empresas como Casas Bahia e Ponto Frio, e chegou ao seu maior lucro de 2,2 bilhões em 1996. Mas, o sucesso acabou em 1998, quando a empresa quebrou. Em uma viagem ao Estados Unidos, Jorge teve uma ideia ariscada, fechando 120 de suas 265, lojas e reduziu a linha de produtos de 7500 para 700 itens, concentrando apenas nos eletroeletrônicos e o tiro saiu pela culatra já que os resultados mostram a má decisão, porque em três anos o faturamento caiu de 800 milhões para 430 milhões e esse foi o começo da falência da Arapuã.

Ainda nos anos 1990 a dívida da empresa com credores chegava a mais de 1 bilhão e os credores contestaram os planos de recuperação judicial da Arapuã, entre a Philips e a Evadin (Fabricante da Mitsubishi) que pediram a falimento da empresa várias vezes. Em 2003, foi decretada sua a falência pela primeira vez e, depois de muita briga na justiça, em março de 2009 o Superior Tribunal de Justiça finalmente se decidiu pela insolvência da empresa.

Casa Sloper

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A Casa Sloper foi fundada no final do século XIX pelo inglês Henry Sloper como uma pequena loja na mais famosa via do Rio Belle Époque, centro da moda e diversão, a rua do Ouvidor, onde permaneceu por algumas décadas até chegar à vizinha Rua Uruguaiana. Ali se instalou em um edifício moderno, fachada revestida em granito e belas vitrines apresentando a variedade de produtos como joias e bijuterias, cama e mesa, roupas femininas, maquiagem, decoração e alguns brinquedos. Ainda que contasse com estoque variado para atender homens, mulheres e crianças, a loja se consagrou como espaço predominante feminino, com balconistas elegantes em seus uniformes, gravatas e penteados, atenciosas, à feição daquelas do cinema americano. Talvez uma versão popular da famosa Tiffany, frequentada por Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo, valorizando os artigos ali adquiridos, colocados em atraentes embalagens.

Na década de 1950, foi construído o edifício Sloper Corporate, na Rua Uruguaiana, construído em estilo art deco, abrigou a maior das lojas da Casa Sloper, ponto tradicional da sociedade carioca. Além de acessórios como cordões, pulseiras, anéis e outros utensílios do gênero, o magazine vendia cosméticos, vestuário feminino, masculino e infantil, roupa de cama e mesa, brinquedos, cristais e objetos de decoração.

O estabelecimento também era conhecido pela beleza de suas vendedoras, que estavam sempre elegantemente vestidas e preparadas para um atendimento qualificado, interessado nas subjetividades de cada cliente.

E a Casa Sloper era considerava mais do que uma simples loja de vendas e sim uma experiência, familiais passeavam no centro carioca apenas para verem as joias expostas nas vitrines, joias essas que chegaram a inspirar uma canção de João Bosco. Em “Bijuterias”, o cantor e compositor diz: “Transparentes, feito bijuteria da Sloper da Alma”. A canção fez sucesso como tema da novela “O Astro”, no final dos anos 1970.

Um presente da Sloper era garantia de bom gosto para uma classe média ainda cheia de esperança. E o seu elevador quase transparente de portas douradas era uma espécie de nave sideral segura, subindo e descendo. Ai, ai. Quem ainda pegou a loja em seus tempos áureos, sabe que entrar lá era uma viagem para crianças e adultos” diz um texto de Carlos Leonam e Ana Maria Badaró, publicado em 2009 no site da revista Carta Capital.

A Zona Norte do Rio também teve suas Slopers. A loja tinha filiais menos charmosas, porém igualmente simbólicas, na Tijuca e no Méier, e em Petrópolis, também tinha uma Sloper para quem subia a Serra. Até o Nordeste do país foi contemplado. Na Bahia, o endereço era na famosa Rua Chile, 21, no centro de Salvador.

O sucesso chegou a ser internacional. Para muita gente, a Sloper era considerada Selfridges tupiniquim. A comparação com a marca londrina se dava por conta da liderança e imponência no mercado. Sediada na capital inglesa, a Selfridges liderou o mercado de varejos mais respeitado e rico do Reino unido por décadas. A Sloper abriu até uma loja na Broadway, em Nova Iorque!!!

Mas, infelizmente, o sucesso carioca veio ao fim, contudo, a memória ainda é eterna de cabeça de muitas pessoas.

Supermercados Peg Pag

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Na primeira metade da década de 1950, uma inovação no varejo brasileiro nascia, a criação de supermercados bem-sucedidos no país, como o Supermercado Peg Pag, que investia em ofertas como o famoso “Pegue 2 – Pague 1”, além dos grandes e variados tipos de produtos e ainda contava com estacionamento gratuito, sistema de ar-condicionado, uma raridade à época, e farta distribuição de hot dogs por algum tempo.

Em 23 de dezembro de 1954, surgia a primeira unidade dos Supermercados Peg-Pag, na rua Rego Freitas, 172, na região central da Paulicei e o principal mentor da idealização e sucesso do primeiro supermercado brasileiro veio da mente de Raul Borges, empresário bem-sucedido da época. No ano de 1955, o empresário prometeu uma abertura de mercado a cada seis meses e cumpriu essa promessa até meados de 1958.

Porém, São Paulo já estava ficando pequena para tantas redes e a expansão em metrópoles brasileiras aconteceu, seguindo com uma nova rede em nossa bela cidade maravilhosa. Em março de 1963, com a abertura da sua primeira unidade no Rio de Janeiro, em um dos corredores mais badalados da cidade, a rua Visconde de Pirajá, em Ipanema e nos meses seguintes continuaram com a ambição de conquista territorial, abrindo outras lojas em pontos igualmente valorizados como Leblon, Copacabana e Grajaú. Em dois anos, o Peg Pag já era um dos maiores sucessos do Rio. A loja mais emblemática da rede no Rio era na esquina da Bartolomeu Mitre com a Mário Ribeiro, num prédio – hoje demolido – onde hoje funciona parte do Hospital Miguel Couto.

Contudo, nessa mesma época sua maior concorrência nasceu, a rede Pão de Açúcar, e anos mais tarde esse mesmo concorrente arrematou o Peg Pag por um valor de Cr$ 250 milhões, que atualmente valeriam em real R$0,09 centavos.

Casa Tavares (1938 – 1990)

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Foto: Reprodução/Web

A Casa Tavares foi uma revolução na indústria de roupas já feitas, sendo uma das pioneiras no negócio. A loja do Rio foi uma das primeiras firmas que acabou industrializando o mercado de roupas em que anteriormente predominavam as alfaiatarias.

A Organização Casa Tavares surgiu em 1938, com um capital de 300 contos de réis e com sede na Rua São José, no Centro do Rio de Janeiro. Logo se expandiu para outros bairros, como as ruas da Quitanda e Senador Dantas, Avenida Copacabana e Rua Dias da Cruz, no Meier.

Em 1985, a rede de Lojas Casa Tavares queria expandir seus negócios e fundou uma subsidiaria como opção de ‘sportswear’ – roupas mais informais – e assim nasceu a TACO, que está no mercado até os dias atuais. Mas em 1990, a Organização Tavares encerrou suas operações.

Sears (1949 – 1980)

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Foto: Luiz Paulo – Loja Sears – 03/03/1972

Sears chegou no Brasil em 1949, já sendo considerada uma promessa nas lojas de departamento. Moda feminina, eletrodomésticos, móveis e outros produtos para casa, um pouco de cada coisa era comercializada pela empresa.

No Rio de Janeiro, a loja se fez presente em Botafogo, trazendo um estilo diferente, americanizado, na hora de comprar, oferecendo um volume impressionante de produtos, que iam de perfumaria a itens automotivos, passando por apetrechos esportivos, utilidades domésticas e vestuário. Atualmente, o local é ocupado pelo Botafogo Praia Shopping.

Seu slogan impactante ainda é lembrado e até utilizado por muitas lojas, “Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta”.

A Sears trouxe revolução nas propagandas e no investimento para chamar atenção dos clientes. Desfiles eram organizados nas lojas para a promoção de novas coleções e, durante o mês de outubro, as lojas promoviam o Mês da Beleza, com liquidação de produtos de maquiagem e consultoria de estilo.

No auge do seu sucesso, em 1980, a Sears começou a ter problemas em sua filial de origem, nos Estados Unidos, e a cadeia de lojas da América Latina foi vendida. Em 1983, o Grupo Susa adquiriu o controle acionário das 11 lojas da Sears no Brasil, num negócio calculado em cerca de U$ 60 milhões. O que salvou a Sears dos Estados Unidos, mas afundou de vez a brasileira.

Casa Garson (1920 – 1995)

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Foto: Reprodução/Internet

A Casa Garson foi uma das pioneiras no varejo em todo o país, com 45 lojas espalhadas pelo Rio de Janeiro e Minas Gerais, contava com uma equipe de 2.500 colaboradores treinados e motivados que fizeram da Casa Garson referência no mercado. Sua criação gira em torno de década de 20.

Mesmo sendo um modelo do varejo brasileiro, a empresa também passou por dívidas e se viu obrigada a fechar as portas. Em 1995 foi adquirida pelas Casas Bahia e pelo acordo, a Casas Bahia incorporou a Garson ao assumir a dívida de US$ 48 milhões da rede de lojas carioca com fornecedores.

A negociação envolveu transferência de dívidas, “a família Garson não receberá um tostão pela venda das suas 36 lojas espalhadas pelo Grande Rio de Janeiro”, afirmou Samuel Klein, proprietário da Casas Bahia na época.

Supermercados Disco (1952 – 1990)

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Foro: José Vidal – Supermercado Disco na Avenida Suburbana – 30/1/1976

Pioneira na implantação de redes de supermercado do Rio e no Brasil. Foi criada em 1952 e sua primeira loja foi em Copacabana, mas ampliou seu negocio para o Brasil todo, chegando a ter mais de 60 lojas pelo país.

O Disco, como era chamado popularmente, foi a maior rede de Supermercados do Rio de Janeiro até a década de 1980. Juntamente com o Supermercado Disco, a empresa também investia em outras redes, duas de suas lojas eram destaques no Rio, sendo elas: “Gigante”, localizada no Bairro de Fátima e a outra era o “Discão”, localizada na Penha, Avenida Brasil. O “Discão” era considerado uma local mais povão, já que atendia aos clientes dos subúrbios cariocas.

Em 1989 a empresa mergulhou em uma crise financeira e a morte de seu fundador foi a gota d’agua para a empresa, pois em 1990 a organização foi vendida.  

Matéria originalmente escrita por Estéfane Magalhães e acrescida de informações de artigo de William Bittar e Felipe Lucena

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10 COMENTÁRIOS

  1. Pessoal, a proposta do Diário não foi falar de todas. Leiam o título e vejam que eles se referem a 8 lojas e não a todas as lojas que não existem mais. Vamos torcer para que façam a parte 2.

  2. fui cliente da mesbla lá nos anos 90, antes de fechar. se fosse hoje não sobreviveria. porque o conceito é muito comum. todas são assim. é bom ficarem no passado. não cabem mais no presente.

  3. Está faltando a rede de lojas eletro domésticos, onde trabalhei quase 10anos . A famosa Brastel. Era a primeira em eletro domésticos. O excelente patrão, que olhava muito pelos funcionários. Assis Paim Cunha, nunca esquecerei dele.

    • Concordo que está faltando a Brastel originária da antiga Rei da Voz e Lojas Par. Trabalhei no grupo, que se denominava Coroa Brastel, de 1981 a 1987.

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