Faltando apenas 1 dia para que o carioca escolha seu próximo prefeito, a candidata do PDT, Martha Rocha, é o único nome da esquerda capaz de ir para o 2º turno. Por mais que se tente usar o argumento do empate técnico de Benedita da Silva (PT), a verdade é que ela está no limite da margem, e dificilmente surpreenderia a ponto de chegar a ser competitiva.
Seria natural acontecer o que ocorreu em 2016, quando as candidaturas de Jandira Feghali (PCdoB) e Alessandro Molon (PSB) acabaram sendo desidratadas a favor de um voto útil em Marcelo Freixo (PSol), que acabou indo para o 2º turno. Mas, até o momento, não é o que se vê acontecendo com Martha, que pode disputar voto a voto a ida para a próxima fase do pleito com Marcelo Crivella (Republicanos).
Alguns fatos explicam isso:
Martha Rocha de esquerda?
É verdade que Martha Rocha está hoje no PDT e já havia ficado muito tempo no PSB, inclusive sendo candidata a vice-prefeita na chapa de Jorge Bittar (PT) nas eleições de 2004. Mais precisamente, ela esteve no partido por mais de 10 anos, de 2001 a 2013.
Só que a esquerda carioca não a enxerga assim, e o fato de ter sido eleita deputada estadual pela 1ª vez em 2014 pelo PSD não ajuda a modificar a opinião. Ter sido chefe da Polícia Civil no governo Cabral também atrapalha, mesmo que o PT tenha feito parte do governo e que Cabral tenha sido apoiado por Lula. E Martha só se filiou ao PDT em 2016, por onde consegue se reeleger deputada estadual.
Talvez ser delegada, na concepção de parte da esquerda, especialmente daquela que chamam de ”cirandeira”, atrapalhe o voto útil dela entre eleitores do PSol. Mas, convenhamos, ser delegada é o que garante seu voto entre a própria direita.
PSol não quer perder espaço no Rio
Outro fato importante é que o PSol domina a esquerda carioca, seja na Assembleia Legislativa Estadual (Alerj) ou na Câmara Municipal. Para deputado federal, o partido elegeu 4, enquanto o PDT apenas 2.
Um crescimento do PDT atrapalharia diretamente os candidatos do PSol, podendo haver uma tendência de alguns votos da esquerda irem para os trabalhistas, diminuindo, assim, a bancada e o poder do partido. Isso seria similar ao que o próprio PDT fez com o PT do Rio de Janeiro, que nunca conseguiu se destacar graças a força do ”Brizolismo”.
Não é por outra razão que Freixo, quando tentou ser candidato a prefeito em 2020, insistiu apenas em seu nome, que poderia ser mais competitivo no 1º turno, mas poderia perder até para Crivella no 2º turno.
PT e o efeito Ciro 2022
Já quanto ao PT, eles querem fazer de tudo para evitar que Ciro Gomes (PDT) se torne uma candidatura competitiva para presidente em 2022. Já fizeram algo similar em 2018, mas com o PT perdendo cada dia mais forças, qualquer tipo de forma de evitar o crescimento do partido de Brizola é pouco.
Claro, Benedita ser uma candidatura competitiva até o final da campanha pode ter evitado maiores aproximações. Sem esquecer que o próprio PT chegou a sinalizar, no período pré-eleitoral, que poderia apoiar até Eduardo Paes, do qual fez parte do governo.
A falta de experiência administrativa de Martha
A campanha negativa contra Martha Rocha, especialmente aquela que fala de sua falta de experiência administrativa, comparando-a a um novo Wilson Witzel (PSC), funcionou. Não dá para comparar os 2, afinal o PDT não é o PSC e Martha é deputada há 2 mandatos, isto é, não é alguém que surgiu do nada.
Mas é inegável que alguns eleitores decidiram trocar de voto, saindo dela e indo para Paes. Isso, inclusive, entre pessoas que se dizem progressistas.
Mas e o eleitor?
Boa parte do eleitor não se importa se Benedita ou Renata apoiará ou não Martha. Eles vão votar com suas próprias razões – e a falta delas. Poucos políticos são como o Lula, que tinham uma capacidade gigantesca de transferência de voto (anti-Lava Jato, claro).
Caso eles enxerguem nestas poucas horas que faltam para a eleição que Martha pode passar Crivella e ter um nome de esquerda no 2º turno, podem fazer isso. Mas que uma ajudinha dos outros candidatos não atrapalharia, isso não atrapalharia.
Perfeito.
Santa ignorância Batman!!! Quem lembra de Benedita como governadora, com certeza não votará nela. Ela foi precedida por Garotinho e depois perdeu a reeleição para Rosinha…3 desgovernos sucessivos… Não faço apologia a nenhum candidato, mas com certeza acho que está na hora de refletir mais sobre em quem votamos e sobre a maioria dos políticos que estão anos, anos e anos na política e não fizeram nada de bom ou que seja realmente significativo.
[…] Quintino Gomes Freire, editor chefe do DIÁRIO DO RIO, escreveu um artigo sobre a desunião das esquerdas nesta eleição do Rio de Janeiro. […]
E por que não a Benedita? O PCdoB abriu mão da candidatura para apoiá-la. O PDT não é há muito bem reflexo do Leonel Brizola, mas um partido de centro-trabalhista híbrido, que aqui no RJ está maculada pelo garotismo-rosinha. “Chamar a delegada” aparenta uma tentativa de imiscuir uma falsa esquerda na política miliciana-justiceira que capturou a cidade maravilhosa e todo o Estado do Rio de Janeiro. Precisamos de educação, saúde, trabalho, desenvolvimento sustentável, promoção e paz social. Votar Benedita da Silva significa retomarmos essas políticas públicas e contemplar a inclusão dos negros na governação, combatendo o racismo, os preconceitos e todo um apartheid que discrimina por zonas a população carioca e fluminense. Martha Rocha não passa de uma tentativa pequeno-burguesa de tornar palatável o mesmo modelo e ainda joga na divisão entre as mulheres e os afrocariocas. Vote Bené, prefeita!