Em agosto de 2016, a Prefeitura da cidade colocou uma referência na placa da Rua da Constituição, no Centro do Rio. O texto, embaixo do nome da via, explica como ela era chamada antes: Rua dos Ciganos.
No ano de 1760, o rei Dom José I, de Portugal, determinou que os ciganos que viviam no Rio de Janeiro só poderiam morar na citada rua. Uma decisão extremamente excludente e preconceituosa (mas muito comum na época), uma vez que o povo cigano se encontrava em muitas partes não só do Rio, mas de quase todo o território nacional na época.
Durante as obras para a passagem do VLT, o calçamento original da Rua dos Ciganos foi encontrado. Em entrevista ao O Globo em agosto de 2016, o carioca Mio Vacite, então presidente da União Cigana do Brasil, disse, emocionado, que pôde tocar com as mãos as pedras sagradas pisadas pelos seus ancestrais.
Onde fica hoje a Praça Tiradentes existiu o Campo dos Ciganos. “No Rio de Janeiro, os ciganos se estabeleceram entre o Campo de Santana, o Valongo e o Campo dos Ciganos (atual Praça Tiradentes). Atuavam no mercado de escravos, liam a sina nas linhas das mãos, eram ferreiros, latoeiros e ourives, comercializavam cavalos e atuavam também como oficiais de justiça, os chamados meirinhos. Foram estigmatizados como supersticiosos, ladrões de crianças, golpistas e ladravazes. Ao mesmo tempo, povoam o nosso imaginário como amantes da liberdade, místicos, sabedores dos secretos da magia”, explica o historiador Luiz Antonio Simas.
A Rua, movimentada na época, foi citada em obras literárias. Machado de Assis usou a via como cenário em trechos de dois contos (Confissões de Uma Viúva Moça, de 1869 e A Mulher de Preto, lançado em 1869), além de um romance: A Mão e a Luva, publicado no ano de 1874.
Não muito distante da hoje Rua da Constituição, ciganos se encontravam na região da Praça Onze, formando um verdadiro caldeirão cultural com outros povos na área considerada um dos berços do samba.
Hoje em dia ainda é possível ver muitos ciganos não só na Rua da Constituição, como nas vias próximas, nos arredores do Campo do Santana, Central.
Tem um plaquinha na Rua da Carioca dizendo que ela já foi chamada de Rua do Egypto (escrito assim mesmo) e de Rua do Piolho.
Seria interessante saber o porquê desse último nome.
Fico feliz em saber que meu povo ciganos ajudou na construção do Brasil.