O prefeito do Rio, Eduardo Paes, assinou nesta sexta-feira (31/03) a compra do Joseph Gire, o famoso edifício “A Noite”, na Praça Mauá, no Centro da cidade. O município adquiriu o imóvel histórico por R$ 28,9 milhões, bem abaixo do lance mínimo de R$ 98 milhões apresentado em maio de 2021, data do primeiro leilão. A venda de edificação ocorre após tentativas frustradas de negociação entre o governo federal e a iniciativa privada. O objetivo da Prefeitura ao adquirir o prédio, inicialmente, é o de negociá-lo com setor privado. Além do prefeito, o superintendente substituto do Patrimônio da União (SPU) no Rio, Carlos Augusto Rodrigues, também participou da cerimônia.
“A gente vive uma consolidação do projeto Porto Maravilha. Estamos vendo agora os lançamentos imobiliários, mais de seis mil unidades de apartamentos residenciais já vendidas, sendo construídas. Em três meses a gente conseguiu realizar esse sonho, que é ter o edifício A Noite disponibilizado para o mercado, em condições favoráveis. A Prefeitura consegue negociar melhor com o setor privado, nosso desejo é ter aqui um projeto residencial ou um hotel, entendemos que é um estímulo que estamos dando ao Centro da cidade. O papel da Prefeitura é fazer a infraestrutura, e isso já temos aqui, estamos em frente ao mar, com esta vista incrível da Baía de Guanabara“, disse o prefeito.
O município fará a negociação do edifício via fundo de investimento imobiliário, a transação, de acordo com a Prefeitura, permite mais versatilidade à negociação com investidores privados, como pagamento com entrada mais parcelamento e permutas. Nos últimos anos, o Rio fez negociações de imóveis públicos similares, como um terreno no Santo Cristo onde está sendo erguido um empreendimento residencial, o Rio Energy. Outro exemplo é o prédio no Largo dos Leões, no Humaitá, que será convertido em outro residencial.
Após quatro tentativas de venda pelo governo federal entre 2021 e 2022, a SPU disponibilizou o prédio no mercado pela quinta vez. Em setembro de 2022, o prefeito Eduardo Paes anunciou que o compraria caso não houvesse uma proposta até o prazo estabelecido para lances, no dia 18 de fevereiro de 2023. Como as propostas privadas não vieram, dias antes do prazo a Prefeitura do Rio deu entrada na aquisição do A Noite.
“Um imóvel desse porte não pode ficar sem uso, e a recuperação do prédio vai ter um efeito multiplicador em todo o Centro. Essa já é uma região revitalizada, com vários empreendimentos. E ficamos muito felizes com esse projeto – comentou o superintendente da SPU”, Carlos Augusto Rodrigues.
O poder público trata a compra do prédio como um marco importante para induzir ainda mais a revitalização da região central. O edifício é um ícone da cidade na Praça Mauá, coração do Porto Maravilha. O entorno já revitalizado pelas obras do Porto deve ganhar ainda mais potencial com a venda do edifício, que fica em endereço privilegiado, em frente ao museu mais visitado do Brasil e símbolo da renovação da área: o Museu do Amanhã.
“A Praça Mauá foi o início da revitalização do Porto Maravilha, a gente fez o Museu do Amanhã, hoje tem o Museu de Arte do Rio, é um lugar muito frequentado. Esses dois museus, juntos, atraem mais de 100 mil pessoas todo mês, e o prédio, infelizmente, ficou no meio dessa revitalização. Aqui na frente passava a Perimetral, às vezes a gente esquece disso, era um lugar escuro, ninguém passava, as pessoas vinham pela Rio Branco, não atravessavam esse limite aqui da Praça Mauá. E esse prédio, infelizmente, ficou esses oito anos fechado. Agora, vindo para a Prefeitura, somos capazes de estruturar um projeto para dar uma ocupação ao imóvel”, disse o presidente da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), Gustavo Guerrante.
O edifício A Noite
O edifício A Noite, construído na década de 1920, no Centro do Rio de Janeiro, é tido por muitos como um dos grandes marcos da arquitetura brasileira. Considerado o maior prédio da América Latina na época da sua inauguração, em 1929, foi batizado em referência ao jornal homônimo sediado no local. O arranha-céu de 22 andares e 102 metros de altura, em estilo art déco, também foi a casa da vanguardista Rádio Nacional – emissora de maior audiência do país na época – além de consulados e do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi).
Inaugurado de frente para a Praça Mauá e com o cenário da Baía de Guanabara ao fundo, o edifício foi projetado pelos arquitetos Joseph Gire – nome por trás do Copacabana Palace e do Hotel Glória – e Elisiário Bahiana. Em 1936, recebeu sua moradora mais conhecida: a Rádio Nacional.
Pelos corredores dos quatro andares ocupados pela emissora passaram nomes como as cantoras Emilinha Borba, uma das intérpretes mais populares da Rádio Nacional, e Marlene, além de outros grandes artistas da música popular brasileira como Dalva de Oliveira, Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto e Elizeth Cardoso.
Foi no ano de 1940, por conta de dívidas com o Governo Federal, que o prédio passou a ser propriedade da União. Tombado em 2013 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pelas suas características arquitetônicas e históricas, tornou-se ícone da região portuária da cidade.
Se faz necessário uma legislação que permita a população poder opinar no uso do dinheiro público. Não tem verba para fazer pequenas obras necessárias e nem para contratar e melhorar escolas e hospitais, mas para o prefeito virar corretor tem. Queremos transparência no dinheiro dos impostos e verbas federais.
A Prefeitura do Rio agora é imobiliária, comprou um edifício para depois renegociar com empresários? Imagina se a moda pega e os governos e prefeitos começarem a comprar e vender imóveis para ganhar dinheiro, isso é tarefa da iniciativa privada, é inacreditável uma coisa dessa, mas no Brasil, sobretudo no Rio, tudo é possível. Agora imaginem esses R$30 milhões indo para o HM Souza Aguiar? Ou para reformar dezenas de escolas que estão caindo aos pedaços? Mas isso não interessa aos nossos brilhantes executivos, melhorar a vida de quem precisa de saúde não é prioridade, melhorar a educação idem. É INACREDITÁVEL como isso acontece e ninguém reage.