Nas últimas semanas, li dois livros que tem a Psicologia como tema: “Sessão de Terapia”, comprado de uma pessoa em situação de rua, no Largo do Machado; e “Terapia Zen”, que adquiri numa livraria. No primeiro caso, vi várias obras literárias ali, no chão, em cima de um lençol, enquanto o homem varria ao redor, buscando deixar a calçada limpa. Era como uma pequena livraria a céu aberto. Uma amiga que estava ao meu lado se interessou em um livro e quis pagar por pix. O homem não tinha, e chegou a ficar desconcertado. Tirei 10 reais e comprei a obra que ela queria, e o tal “Sessão de Terapia”, baseado na série que passava no GNT.
Os transeuntes passavam, cada um com suas vidas, na correria do Rio de Janeiro, a qual só perde para a aceleração de São Paulo, pelo que até hoje vi no mundo. Pensando sobre isso, naquela mesma noite, comecei a ler “Sessão de Terapia”. Adorei. Não conseguia parar. Havia visto as primeiras temporadas da série, mas fazia muito tempo. Contudo, o livro traz os pensamentos do psicólogo protagonista de uma forma que a obra televisiva não mostra. A trama me prendeu e foi fascinante perceber como a autora Jaqueline Vargas adentrava os recônditos da mente do personagem Theo Cecatto e suas muitas dúvidas.
Além disso, percebia meu privilégio de estar ali, altas horas das noite, podendo ler, desligando um pouco das atribulações e das preocupações do cotidiano voraz, e entrando em um outro mundo. Está aí uma das maiores virtudes de ler um bom livro. Terminei de ler em alguns dias (madrugadas) e emprestei para aquela amiga do primeiro parágrafo. Uma leitura ágil, que me entreteve e trouxe muitos insights sobre a psique humana, uma boa obra de ficção. Animado, acabei numa livraria descobrindo “Terapia Zen” de Mark Epstein. De certa forma, obras semelhantes, mas diferentes.
Empatia
Enquanto “Sessão de Terapia” é ficcional, “Terapia zen: Quando a psicologia e o budismo se encontram no divã” explora a experiência pessoal do psiquiatra Mark Epstein e como a combinação da sua formação em psicoterapia ocidental e seu estudo do budismo trouxeram maior consciência e gentileza aos seus pacientes e a si mesmo. Ele descobre que a separação entre o psicológico, o emocional e o espiritual não é tão clara como pensava, e compartilha suas inclinações espirituais durante as sessões, encontrando interesse e aceitação dos pacientes. Epstein mostra como a meditação e a psicoterapia podem ajudar a lidar com as dificuldades da vida e trata a relação terapêutica como uma amizade espiritual. Ao se libertarem de autoimagens falsas e entrarem em contato com seu verdadeiro ser, os pacientes podem encontrar relaxamento e maior paz interior.
Ou seja, só de ler esse resumo, dá uma curiosidade, certo? A união da filosofia budista com a visão ocidental no tratamento dos pacientes resulta em um livro extremamente útil, pois ajuda o leitor a obter respostas sobre si mesmo, e acessar a empatia, algo tão em falta nos dias atuais. Empatia é a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa, compreender e compartilhar seus sentimentos, pensamentos e experiências. É a habilidade de se conectar emocionalmente com os outros, reconhecendo e respeitando suas perspectivas individuais. É respeitar aquela pessoa em situação em rua. Afinal, o que a levou até ali, o que sofreu, ou sofre? É ter paciência e comprometimento nas suas relações diárias, seja com quem for. É entender a dificuldade do outro e, quem sabe, até ajudar, né?
Você exerce a empatia?