Como extensão da exposição “Ultramar”, em exibição até 25 de fevereiro na Casa Museu Eva Klabin, a artista visual Kika Carvalho conduz duas oficinas artísticas, em janeiro e em fevereiro no espaço cultural localizado na Lagoa, no Rio de Janeiro.
Na primeira, “Arqueologia da Cor”, agendada para 17 de janeiro às 16h, os participantes serão convidados a colorir peças, utilizando técnicas de pintura que formam camadas de tinta que, em seguida, serão raspadas, revelando desenhos imersos em camadas de cores. A atividade é destinada a adolescentes e crianças a partir dos sete anos. As vagas são gratuitas e limitadas a 20 pessoas, que receberão senhas 10 minutos antes, por ordem de chegada.
Na oficina “Sonhar em ciano”, que ocorre no dia 21 de fevereiro às 14h, Kika Carvalho ensinará técnicas de cianotipia, que consiste na impressão de fotos em tons de azul. Os participantes poderão enviar previamente, via formulário, as imagens que desejam revelar. Cada um receberá sua cianotipia para levar pra casa. A atividade é voltada para o público adulto e adolescentes a partir de 16 anos, incluindo entusiastas de arte contemporânea, estudantes universitários, professores e pesquisadores. As inscrições poderão ser feitas a partir de 1º de fevereiro, via formulário, ( https://bit.ly/SonharEmCiano no valor de R$ 15 (quinze reais).
“As propostas educativas da Casa Museu Eva Klabin oferecem ao participante a possibilidade não só de complementar as discussões propostas na exposição, mas também a chance de trabalhar e dialogar frente a frente com uma artista no exercício de seu ofício. Desmistificam o fazer artístico e torna possível a ideia de tornar-se um artista também”, Lucas Albuquerque, diz o curador da exposição “Ultramar”.
Sobre a exposição “Ultramar”
Fruto da parceria entre a Casa Museu Eva Klabin e o Instituto Inclusartiz, o programa de residência artística “ÉDEN” chega a sua segunda edição com a exposição “Ultramar”, da artista capixaba Kika Carvalho. A individual, que fica aberta ao público na Casa Museu Eva Klabin até o dia 25 de fevereiro, reúne cerca de 20 obras — incluindo trabalhos inéditos —, entre pinturas, cianotipias, instalações e colagens desenvolvidas a partir da profunda pesquisa da artista sobre a cor azul e a sua função nas relações materiais, históricas e sociais ao longo dos séculos. A curadoria é de Lucas Albuquerque.
Natural de Vitória (ES), Kika Carvalho escolheu o Rio de Janeiro para morar e trabalhar e elegeu o azul como objeto de sua pesquisa, ora o relacionando com as paisagens da cidade-ilha onde nasceu e viveu boa parte de sua vida, ora com aspectos da história da pintura. Fazendo uso deste dado afetivo, Kika incorpora o azul como dado de uma memória fotográfica longínqua, que interpela não apenas suas lembranças pessoais como mulher negra, mas também a história brasileira e suas relações além-mar, na grande Kalunga — palavra da língua banto que significa lugar sagrado, de proteção.
O conjunto de obras selecionado pela curadoria para integrar “Ultramar” conta com trabalhos profundamente atravessados pela vivência da artista em Luanda, capital da Angola, onde participou de uma residência artística em 2022, sendo este o seu primeiro atravessamento Atlântico. Para esta exposição, Kika também preparou obras inéditas que refletem suas experimentações em outras técnicas para além da pintura, como a cianotipia e processos de fotografia analógica. Estes trabalhos propõem ainda um confronto entre a utilização simbólica da cor azul no Egito antigo e sua posterior valorização na imagem sacra cristã, por meio do diálogo direto com itens presentes no acervo da Casa Museu Eva Klabin.
“Eu produzi trabalhos específicos para esta exposição porque acredito que essa é uma oportunidade única de dialogar face a face com peças de uma cultura que contribuiu muito para a minha pesquisa e para o meu fascínio pela cor azul. É também uma ocasião oportuna para discutir sobre a história da arte e sobre a guerra de narrativas que cerca o deslocamento do Egito do continente africano. Quando pensamos nos feitos dos antigos egípcios, essa história se desloca daquele continente ou até mesmo do Planeta Terra, abrindo a possibilidade de extraterrestres terem contribuído com grandes feitos. Algo que me fascina muito”, conclui a artista.