JP Morgan Chase bate o martelo e acaba com trabalho remoto

Contrário à lógica do universo corporativo, trabalho remoto está em extinção. A modalidade foi importante na pandemia, mas agora se tornou um pesadelo para as empresas

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Seguindo a tendência global, o maior banco norte-americano, JP Morgan Chase, determinou nesta quarta-feira (8), que seus funcionários em home office, retornassem aos escritórios. Com a medida, os colaboradores da instituição voltam a trabalhar presencialmente, cinco dias por semana. O banco acompanha outras empresas internacionais que aboliram o trabalho remoto, resultado das agruras criadas durante o período da Covid-19.

Diante da queda na produtividade e problemas de criatividade, as empresas decidiram voltar ao “velho normal”, com escritórios ocupados pela totalidade dos seus funcionários. Entre as instituições que fizeram o “desmame” ou aboliram o trabalho híbrido estão a Google, empresas do conglomerado de Elon Musk, a Amazon, a Goldman Sachs, a Dell, a Disney, a Apple, a Alphabet(do Google), a Meta (do Facebook), a Salesforce, a BlackRock, a UOL, entre tantas outras. Esta última, por exemplo, determinou que os plantões de fim de semana, feriados e de final de ano fossem realizados nas redações e não de casa.

A medida, que foi anunciada em outubro do ano passado, levou o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) a fazerem algumas ponderações, por meio de uma carta coletiva, para que houvesse uma transição para que os profissionais deixassem o universo híbrido. As considerações sindicais, no entanto, foram sumariamente ignoradas pela UOL, na época.

O grande desafio encontrado pelas empresas está na resistência dos funcionários em deixarem o conforto dos seus lares para trabalhar nos escritórios, sob controle patronal e sem possibilidade de executar outras tarefas no meio do dia, por exemplo.

No Brasil, um estudo realizado e divulgado na Fundação Getúlio Vargas, em 2021, mostrou que 57,5% das empresas chegaram a adotar o home office de forma parcial ou total – incluindo as que já o praticavam antes da pandemia – mas, de acordo com o levantamento, em outubro de 2022, a modalidade de trabalho já havia decaído para 32,7%. Para especialistas, a tendência é de redução cada vez maior, ainda mais com grandes empresas globais decretando a fim do trabalho remoto como alternativa laboral.

A agência Bloomberg adiantou que o JP Morgan Chase deve fazer o anúncio oficial da medida nos próximos dias. A estimativa é de que mais de 300 mil trabalhadores deixem os remansos dos seus lares para voltar a interagir com os seus chefes e demais colegas de trabalho, os quais já realizam as suas atividades não “chão da fábrica” há muito tempo.

O CEO do banco, Jamie Dimon, já havia se posicionado contrário ao home office, por achá-lo ineficiente, diante do presencial; com todas as suas formas de verificação de produtividade, troca de ideias e construção de rede de relacionamentos.

A questão é tão crucial para Dimon que ele criticou até mesmo o governo do Estados Unidos por ainda permitir que muitos dos seus funcionários trabalhem remotamente.  

Em 2021, já no final do ápice pandêmico, o JP Morgan de Wall Street convidou todos os seus funcionários que estavam trabalhando de casa a voltarem para os seus postos presencias, em turnos.

Para forçar a volta dos trabalhadores ao trabalho presencial, Jamie Dimon decidiu, em julho do ano passado, que os colaboradores que escolhessem trabalhar de casa deveriam sofrer descontes em seus salários, independentemente da posição hierárquica. Foi o caso dos diretores-gerais que, em abril, receberam a solicitação para trabalhar cinco dias na semana nos escritórios da empresa.

Atualmente, 60% da força de trabalho do banco, incluindo vários traders, já voltaram ao trabalho presencial, seguindo a jornada comercial.

Com um mundo cada mais instável, tecnologizado e com mercado de trabalho cada vez mais dinâmico e regido pela inovação constante, a tendência é de que as empresas permitam o trabalho híbrido como último recurso, para que o trabalhador cumpra a sua jornada de trabalho. Ainda assim, com imposições rígidas quanto à carga horária, produtividade e duração. Quem acreditava que o “novo normal” viria para ficar, se enganou. Pois as construções da riqueza e da cidadania sempre se deram no espaço público; com o espaço privado sendo um lugar secundário e de complementaridade.

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