Um lugar de beleza, história, natureza e cultura. Isso pode resumir o Parque Lage, situado em um dos locais mais simbólicos da Cidade Maravilhosa e, definitivamente, posicionado nas memórias do Rio de Janeiro. Que, inclusive, pode ser privatizado.
No período colonial, a região onde fica o Parque era um antigo engenho de açúcar que termina às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, que à época se chamava “Sacopenapã” – lagoa de raízes chatas, em Tupi-Guarani. Esse engenho se chamava Del Rey e pertencia a Antonio Salema, governador do Rio de Janeiro no século XVI.
Séculos mais tarde, XIX, um nobre inglês comprou parte das terras e contratou, em 1840, o paisagista inglês John Tyndale para projetar um jardim de estilo romântico, nos moldes das quintas europeias.
“No ano 1859, o Parque ganhou um novo dono e o nome que tem até os dias atuais. O local foi comprado por Antônio Martins Lage, que batizou o espaço com o sobrenome” destaca o historiador Maurício Santos.
Contudo, com o tempo, as terras foram adquiridas por outros proprietários. Para manter a tradição e o nome da família, em 1920, o empresário Henrique Lage, neto de Antônio Martins Lage, comprou o local.
Após essa motivação familiar, Henrique usou de outro incentivo afetivo para promover uma reforma no Parque: “Amante das artes, Henrique Lage apaixona-se e casa-se com a cantora lírica italiana, Gabriela Besanzoni. Para agradar a artista, manda construir uma réplica perfeita de um ‘palazzo romano’, e reformula parte do projeto paisagístico” informa o site do Parque Lage.
Gabriela, que organizava grandes festas para a sociedade carioca no Parque, fundou, 1936, a Sociedade do Teatro Lírico Brasileiro.
Nas décadas seguintes, Henrique passou por uma fase ruim e, endividado com o Banco do Brasil, precisou vender o Parque Lage. Para manter as memórias e a estrutura vivas, o local foi tombado como patrimônio histórico e artístico. Isso aconteceu durante o governo de Carlos Lacerda.
No palácio funciona a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, criada em 1975. O Parque serviu, nos anos 1960, de cenário para uma parte do filme “Terra em Transe”, de Glauber Rocha. O cantor Snoop Dogg também se valeu do cenário e gravou um trecho de clipe nas dependências do Lage.
“Hoje, com bastante diversão para todas as idades, incluindo parque infantil, trilhas – que levam ao Cristo Redentor -, chafariz, áreas para piquenique e descanso, estacionamento amplo, além de vigias locais, o Parque Lage é um convite aos que desejam um contato próximo com a natureza” frisa um comunicado oficial do Parque.