É muito comum a junção de boêmia com arte. O Beco das Garrafas, e suas noturnas memórias, é um grande exemplo disso.
O Beco das Garrafas era um espaço, localizado em Copacabana, entre os números 21 e 37 da Rua Duvivier, que comportava uma série de bares e boates que foram fundamentais para o surgimento e fortalecimento do gênero musical bossa nova.
A principal versão dá conta de que o nome foi dado, inicialmente, pelo escritor carioca Sérgio Porto. Foi batizado, no começo, de “Beco das Garrafadas”, porque os moradores dos prédios vizinhos jogavam garrafas nos frequentadores dos bares.
Contudo, existem outras versões: “É possível que um ou outro morador tenha jogado, mesmo. Mas não creio que isso fosse uma prática. Porque, um dia, acabaria acertando alguém. E quem fosse atingido por uma garrafa jogada do décimo andar fatalmente morreria, mesmo que fosse uma garrafa de Crush ou de Guaraná Caçula. E, que eu saiba, ninguém nunca morreu disso no Beco”, disse o escritor Ruy Castro, que no livro Chega de Saudade escreveu sobre a vida boêmia nos tempos da bossa nova.
Os principais bares e boates desse reduto da boêmia carioca durante os anos 1950 e 1960 eram Ma Griffe, Bacará, Little Club e Bottle’s.
Com o passar do tempo, o Beco foi tomando o caminho da bossa nova. A dupla Luís Carlos Miéle e Ronaldo Bôscoli começou a lançar espetáculos adaptados para as dimensões do Little Club, apresentando atrações, como a ainda estreante, mas já talentosa, Elis Regina, em 1961.
A partir desses primeiros passos, o Beco das Garrafas passou a receber artistas que viriam a ser grandes nomes da nossa música. Principalmente as domingueiras do Little Club e as noites do Bottle’s viram subir aos palcos artistas como Sergio Mendes, Baden Powell, Wilson das Neves, Chico Batera, Elis Regina, Sylvia Telles, Marisa Gata Mansa, Alaíde Costa, Wilson Simonal, entre muitos outros.
Apesar de todo o sucesso e importância para a época, o Beco das Garrafas fechou. Os bares e boates clássicos da área estiveram inoperantes por 40 anos.
Décadas depois, em 2014, a produtora cultural Amanda Bravo, que tem menos de quarenta anos de idade e não viveu o auge do Beco, decidiu reabrir o espaço. E ela, com a ajuda de outras pessoas, conseguiu.
Hoje em dia, o Beco das Garrafas, no mesmo lugar de sempre, recebe constantes shows de novos e conhecidos artistas da nossa música. Pelo bem da arte, essa porta se reabriu.
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