O discurso de liberdade permeia não só o enredo sobre a vida de Luiz Gama, mas também representa um marco para os cinemas brasileiros, pois desde que tiveram as portas fechadas no início da pandemia para conter a COVID-19, as salas de cinema não estão totalmente livres dos males que o vírus causou.
Nesta quinta-feira (5), o Festival do Rio realizou a abertura presencial da Première Brasil 2020, após a produção no formato virtual pelo Telecine. É a primeira vez que um grande festival de cinema brasileiro reabre as portas. Dois filmes estrelaram no telão do Estação NET Botafogo, “Quadro Negro”, de Bruno F. Duarte e Sil Bahia, e “Doutor Gama”, de Jeferson De, a grande atração da noite.
Luiz Gama lutou pela libertação de escravos no século 19. Mesmo nascendo livre, foi vendido como escravo, e quando conseguiu se libertar, por meio da educação, seguiu como advogado, enfrentando preconceitos raciais e os grandes defensores de que negros deveriam ser escravizados.
“Doutor Gama” é um filme lindo, de roteiro bem organizado e atuações fortes e necessárias. A direção de Jeferson De fixa na memória a importância de pessoas que acreditam em pessoas, que sonham com uma causa e defendem a liberdade. A atuação de César Mello mostra paixão e entrega, enquanto o pequeno Pedro Guilherme e Ângelo Fernandes nos conduzem ao processo de crescimento e amadurecimento de Luiz.
Enquanto isso, em 2021, os cinemas brasileiros caminham para retornar à sua liberdade. Apesar de terem salas abertas, com os devidos cuidados de distanciamento, a população ainda não retomou o ritmo de frequência, o que tem prejudicado bastante o setor.
A diretora do Festival do Rio, Ilda Santiago, comemorou o retorno do festival. Para ela, “é um sentimento de quase como começar do zero, fazer pela primeira vez”. Ilda reforça ainda que “é muito importante que as pessoas não só venham ao festival, mas que elas voltem para os cinemas”.
O Festival do Rio já ensaia a edição regular de 2021 para novembro, quando a população carioca já estará toda vacinada pelo menos com a primeira dose. Que haja esperança para acreditar que uma edição presencial de exibição de filmes brasileiros seja o marco para a liberdade de finalmente voltarmos às salas de cinema.
Ainda não vi o filme, mas estou me programando para ver. O filme aqui no Rio de Janeiro está em cartaz em apenas dois cinemas e ficam distantes da zona oeste e zona norte onde há a maior concentração de pessoas que deveriam assistir e aprender com ele. Crianças e adolescentes que poderiam ter uma visão melhor dos fatos que ocorreram e ainda ocorrem no Brasil. Parece até piada ser exibido apenas em bairros de classe média alta. Vamos colocar em outras salas mais próximas do povão.