Amo o Rio mas anda difícil ser carioca, uma pesquisa feita pela Casa Fluminense e divulgada hoje (21/2) mostra que a região metropolitana do Rio teve 13 mil ocorrência de assaltos a ônibus em 2016, um aumento de 76% em relação ao mesmo período de 2015. Os dados foram divulgados no começo de fevereiro pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).
A distribuição das ocorrências se dá de maneira desigual no território. Cenário de mais da metade dos assaltos a ônibus na RMRJ, a capital apresentou um aumento de 60% no número de casos na comparação entre 2015 e 2016. Entretanto, a Baixada já responde por mais de um terço dos crimes do tipo na região metropolitana e foi a zona que registrou a subida mais expressiva na quantidade de roubos. Do ano retrasado para o passado, o total de ataques a coletivos nessa área pulou de cerca de 2 mil para mais de 4.500, um crescimento de mais de 100%.
Na opinião de especialistas, a quantidade de assaltos a ônibus tem implicações diretas na forma como as pessoas se locomovem na metrópole. “Se os usuários não percebem o sistema como seguro, a atratividade do serviço é prejudicada“, afirmam pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba em estudo sobre o tema. Menos atraente, o ônibus termina perdendo espaço para outras alternativas, como o transporte particular. “Quanto mais violenta a cidade, mais carros se espremerão nas ruas“, aponta o editor da Revista dos Transportes Públicos Alexandre Pelegi em texto sobre o assunto.
Fuga de passageiros
Além da rejeição ao ônibus, os roubos a coletivos também podem se refletir em uma fuga de passageiros para outros modais. “No caso do Rio, há fortes indícios de que os assaltos estejam levando as pessoas a optarem pelo trem“, afirma Edmilson Varejão, pesquisador do Centro de Estudos de Regulação e Infraestrutura da Fundação Getúlio Vargas (Ceri/FGV). Ele está trabalhando em um artigo sobre o tema. De acordo com dados divulgados pela Rio Ônibus, o número de usuários do sistema na cidade do Rio cresceu 4,9% entre 2014 e 2015. No mesmo período, a quantidade de pessoas nos trens subiu 5,2%, segundo contas da Supervia.
O ranking das localidades mais afetadas por roubos a ônibus torna ainda mais evidente a concentração do problema nas partes mais pobres da RMRJ. Localizada nas proximidades da favela de Manguinhos, a 21ª Delegacia Policial (21ª DP) notificou 1.148 assaltos em 2016. Logo atrás dela, a 59ª DP de Duque de Caxias contou 1.134 crimes do tipo no mesmo período. Vilar dos Teles, Campos Elíseos e Praça da República fecham a lista das cinco unidades com maior número de ocorrências com 671, 491 e 461 episódios registrados, respectivamente.