Eduardo Bandeira de Mello, que foi presidente do Flamengo de 2013 a 2018 (2 mandatos seguidos), e candidato a deputado em 2018, é o pré-candidato do partido Rede Sustentabilidade à Prefeitura do Rio de Janeiro este ano.
Bandeira, que trabalhou por 35 anos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), onde foi chefe do Departamento do Meio Ambiente, falou com exclusividade ao DIÁRIO DO RIO sobre política, Flamengo e Rio de Janeiro.
DIÁRIO DO RIO: Para começar, qual a principal bandeira (sem trocadilho, rs) da sua campanha?
BANDEIRA: Virar o jogo! Interromper o processo de decadência da cidade. Fazer do Rio o melhor lugar para se viver, trabalhar e visitar.
DIÁRIO DO RIO: Quais são, hoje em dia, na sua visão os maiores problemas da cidade e quais suas propostas para resolver?
BANDEIRA: A deterioração da economia do Rio, a incapacidade gerencial e práticas políticas subalternas e predatórias resultaram na situação crítica que vivemos hoje em relação aos setores sociais básicos: saúde, educação, transporte público, saneamento, segurança, emprego e assistência social. Temos que melhorar o desempenho em todos esses setores, o que passa necessariamente pela recuperação econômica da cidade.
DIÁRIO DO RIO: Qual sua avaliação sobre a Prefeitura de Marcelo Crivella?
BANDEIRA: Acho que a extrema rejeição da administração do prefeito fala por si. Não me lembro de uma outra gestão que deixou a desejar em praticamente todas as áreas.
DIÁRIO DO RIO: O seu partido, a Rede Sustentabilidade, tem como principal pauta o desenvolvimento sustentável. E isso engloba muitas coisas. Mas uma muito importante é o saneamento básico, que sempre é um tema meio escanteado nas campanhas políticas. Contudo, nos últimos tempos, essa pauta está ganhando destaque. Será que vai ser um ponto fundamental na eleição deste ano?
BANDEIRA: Para nós da Rede Sustentabilidade as questões ambientais, onde se destaca o saneamento, são fundamentais e têm uma relação direta com o dinamismo econômico do Rio. Adicionalmente, a crise da Covid19 escancarou a necessidade de zerar nosso passivo na área do saneamento. Além dos evidentes benefícios na área da saúde, as obras necessárias são altamente geradoras de emprego e a despoluição das baías e lagoas é fundamental para o desenvolvimento do turismo. E falo disto com muita segurança porque me dediquei muitos anos no BNDES a esses dois temas: saneamento e meio ambiente. Foi quando conheci a Marina Silva, então Ministra do Meio Ambiente e de quem virei um discípulo. Por causa dela me filiei à Rede Sustentabilidade.
DIÁRIO DO RIO: Em qual espectro político se encontra sua candidatura?
BANDEIRA: Penso que essa classificação direita/esquerda está ficando defasada. Mas considero a Rede um partido de progressista que prioriza as áreas social e ambiental.
DIÁRIO DO RIO: Com a saída de Marcelo Freixo (Psol) da disputa, fica um espaço na esquerda. Para onde você acha que esses votos vão?
BANDEIRA: Não acho que vão migrar necessariamente para uma candidatura de esquerda. Podem beneficiar o candidato que defenda valores democráticos, que não compactue com a velha política e que seja claramente de oposição ao atual prefeito.
DIÁRIO DO RIO: No debate nacional, a Rede, seu partido, está bem próxima do PDT e do PSB, formando um bloco de centro esquerda. Isso pode acontecer aqui no Rio de Janeiro?
BANDEIRA: São partidos não-radicais de centro esquerda e podem perfeitamente integrar uma frente conosco e com outros partidos que tenham os valores da democracia como norte.
DIÁRIO DO RIO: O Fred Luz, com quem o senhor trabalhou no Flamengo, deve ser o candidato do Partido Novo no Rio. Como vai disputar com um ex-colega de trabalho?
BANDEIRA: O Fred Luz é um candidato íntegro, competente e bem intencionado. Além disso, meu amigo pessoal. Gostaria muito que nossos partidos, apesar de divergirem em algumas questões nacionais, se aproximassem em nome da identidade quanto a princípios e valores éticos e da percepção que as boas práticas gerenciais serão fundamentais para virarmos esse jogo em favor do Rio.
DIÁRIO DO RIO: Qual sua análise geral sobre o acidente no Ninho do Urubu, que acabou vitimando jovens da base do Flamengo? Considerando o incidente em si, o que o clube poderia fazer para evitar e o pós-incêndio, essa questão com as famílias dos meninos que morreram.
BANDEIRA: Essa foi a maior tragédia da história do clube. E permanece uma ferida aberta, pois sequer as famílias foram corretamente atendidas pelo clube ate agora. Independente do processo que ainda não se encerrou e que vai apurar as responsabilidades pelo incêndio, o Flamengo já deveria ter indenizado as famílias. Não apenas por uma questão de solidariedade, mas também em benefício da imagem do clube. Não estava mais na presidência do clube quando se deu o incêndio, deixei pronto o novo CT e as novas instalações dos meninos, e tenho a consciência tranquila de que os alojamentos usados por eles eram absolutamente dignos e compatíveis. Acabei sendo injustamente envolvido. Apesar disso, tenho certeza de que a verdade prevalecerá ao fim do processo.
DIÁRIO DO RIO: Como o senhor enxerga a relação da atual diretoria do Flamengo com o Governo Bolsonaro?
BANDEIRA: Acho que o clube tem obrigação de manter uma relação institucional adequada com todas as esferas de governo, mas discordo totalmente das pressões para apressar a volta do futebol, que só deve acontecer com o pleno aval das autoridades de saúde pública.
DIÁRIO DO RIO: Falando, ainda, de Flamengo. O que, do que foi realizado na sua gestão à frente do clube, pode ser usado na cidade?
BANDEIRA: Quando assumimos o Flamengo em 2013 a situação catastrófica do clube poderia ser comparada à do Rio de hoje. Assim como no Flamengo, o Rio vai precisar de uma administração profissional e responsável, sem admitir privilégios nem desvios éticos.
DIÁRIO DO RIO: Para fechar, voltando ao Rio de Janeiro, o que o eleitor pode esperar da candidatura do senhor a Prefeitura da nossa cidade?
BANDEIRA: Quero destacar três pontos:
1 – Minha história. Fiquei conhecido publicamente pelo resultado da gestão de seis anos do Flamengo. Mas foram 36 anos de BNDES que me credenciaram para conduzir o projeto que era coletivo e foi executado por um grupo de sócios e profissionais contratados. Coincidência ou não, me dediquei no BNDES, entre outras, a três áreas que são vitais para enfrentar a crise do Rio: Gestão e Finanças, Saneamento e Meio Ambiente. Me sinto, portanto, credenciado para o desafio de virar o jogo no Rio.
2 – Minha crença: Embora nunca tenha me filiado a partido politico, a Politica foi sempre importante na minha vida de cidadão. Nunca deixei de votar, sempre acompanhei os debates eleitorais, sempre tive uma opção cuidadosamente escolhida nos diversos momentos da história da cidade, do Estado e do País. E nunca fui um sectário. Olhei sempre o perfil , o caráter do candidato, as suas propostas e sobretudo o compromisso do partido com os valores da democracia. Digo isso para afastar a ideia de que caio de paraquedas numa eleição e de que acredito em salvador da pátria. Vou governar, como no Flamengo, com base em programa elaborado pelos melhores especialistas e que será submetido aos eleitores e compactuado, depois da nossa vitória, com os cidadãos. Os políticos esqueceram de que é a população que sabe de suas necessidades.
3 – Minha aposta: Apesar das dificuldades decorrentes da atual crise da saúde pública – que deve necessariamente se sobrepor a qualquer projeto de natureza partidária ou pessoal -nossa candidatura vai crescer e chegar à vitória. Porque o eleitor quer uma alternativa. Não é o que está aí ,nem é o passado recente que ajudou a produzir o atual desastre. Nem presente nem passado. O eleitor vai nos enxergar como o futuro.
Um grande nome pro Rio de Janeiro nosso municipio merece nomes que tenham repercursao e sejam notorios em historicos de excelemcia na vida empreendedora e profissional
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