Camelôs fazem ‘raves’ noturnas no calçadão de Copacabana, que sofre com caos diário

Ambulantes ilegais são os novos “DJ’s” do calçadão de Copacabana, que sofre também com mendigos, cracudos e com reciclagem de lixo na porta de hotel 5 estrelas. O barulho vara a madrugada

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O relógio marca 23 horas e, para Copacabana, a noite de domingo parece não ter fim. Eventos turísticos que trazem divisas para a cidade? Longe disso. O que se vê são camelôs clandestinos aglomerados, uma multidão de uma espécie de Carnaval fora de época irregular, bem ali no meio do calçadão da praia que foi, recentemente, eleita o melhor destino praiano do mundo. Isopores tronchos, bebidas feitas com água que ninguém sabe de onde veio; barulho altíssimo e insuportável que, segundo comerciantes locais, acabariam sendo imputados ”injustamente” aos quiosques pelos vizinhos.

Foi assim o flagrante feito por um leitor, que muito assustado, não sabe qual é o limite da desordem urbana, já apelidada de “Woodstock de Baixa Renda“. Segundo a testemunha, muitas vezes, os ambulantes soltam o som para a multidão. “Chegam a virar suas caixas de som de péssima qualidade para nossos prédios”, se desespera uma moradora que diz já ter sido ameaçada ao reclamar.

Pela manhã, o despertar de todos no bairro é com a kombi do “sorvete a R$ 2 docinho” ou com o alto falante da kombi do ferro-velho (sempre caindo aos pedaços e e ferrujada, ela mesma um ferro velho), que leva junto a paz de quem demorou pegar no sono à noite devido ao escândalo dos ambulantes ilegais. A Kombi grita: ”frigideira velha!!! geladeira velha!! fogão velho!!” já às 7 e 8 da manhã enquanto passa para receptar tudo que os cracudos roubaram durante a noite. A guarda municipal assiste, impassível, enquanto, passam, muitas vezes com a placa coberta ou pintada toda da mesma cor.

Na esfera municipal, o subprefeito da Zona Sul, Flávio Valle, tenta conter a bagunça, mas sua equipe foi, inclusive, vítima de um ataque a pedradas mesmo ao lado da Guarda Municipal, que prendeu o agressor, mais um transtornado por drogas. Outro órgão da Prefeitura do Rio, a Secretaria de Ordem Pública (SEOP), liderada pelo secretário e delegado de Polícia Civil Brenno Carnevale, diz atuar, mas não parece o suficiente para reprimir as ações seja por perturbação do sossego ou exposição de lixo e objetos pessoais dos moradores de rua, que confirmam as estatísticas do crescimento numérico deles pela cidade. E, muitas das vezes, deve suporte à própria Subprefeitura da Zona Sul.

Uma reportagem publicada no DIÁRIO DO RIO, intitulada “Plebeia do Mar”, em referência ao título de Princesa do Mar, mostra camelôs usando o piso do passeio público da orla e ainda denúncia de colchão na areia, além de um lixão a céu aberto na Rua Ayres Saldanha. Em dezembro, o DDR fez o flagrante de moradores de rua usando o chafariz do canteiro central da Princesa Isabel, na fronteira com o Leme, que rendeu uma operação policial, onde 21 criminosos foram detidos, todos eles com passagem em delegacia.

O cenário tem preocupado o vereador Rogério Amorim, que acredita que não há um projeto para o bairro, de suma importância capital para a cidade, com hotéis, quiosques e a praia. “Não conheço nenhuma grande cidade do mundo que trate seus bairros turísticos com esse desleixo com que a Secretaria de Ordem Pública trata Copacabana. O Rio, ao que parece, não tem um plano para a população de rua, que só faz crescer e tomar todos os espaços. Tampouco temos um plano para os camelôs e os flanelinhas. Todas essas são mazelas sociais com as quais a Prefeitura não consegue lidar. Mudei o escopo da audiência pública do dia 4 de maio, na Câmara dos Vereadores, seria para falar da cidade toda, mas agora será destinada a discutir as questões da Zona Sul“, ressalta o parlamentar.

Todas as noites, na calçada do 5 estrelas Rio Othon Palace, um grande centro de reciclagem de lixo é formado, com dezenas de moradores de rua e imensos sacos de material metálico que é ”separado” pelo chão da Xavier da Silveira, esquina de Atlântica., numa versão copacabanense do Lixão de Gramacho. Cracudos chegam com peças metálicas à porta do Hotel e saem com um dinheirinho ao entregá-las no ”entreposto, enquanto barulhos metálicos ensurdecedores incomodam os moradores. Já prestigiosa no passado, só sobrou à Rede Othon este hotel de luxo, e a empresa – em recuperação judicial há anos – sequer consegue retirar o posto de reciclagem e receptação da janela de seus hóspedes. Os tempos mudaram. (foto)

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Outro ponto de atenção no bairro é a violência. Episódios recentes, inclusive com as gangues de pivetes que já fazem parte do cenário do local, em especial, por serem soltos logo depois de “apreendidos” devido à idade. Embora a sensação de insegurança se concretize, a Polícia Militar destaca, em nota, a queda dos índices de criminalidade no bairro em relação ao primeiro trimestre de 2022 e alega ter o “maior número de prisões em flagrante de toda a série histórica”, compilada desde 2006, realizada pelo o 19 BPM, que fica no bairro. O órgão ainda garante que as orlas de Copacabana e Leme tem policiamento 24hs por dia com o emprego de quadriciclos, motos e policiais a pé, além de tendas localizadas em pontos estratégicos. Todas as vias do bairro contam com policiamento a pé e motorizado, além de policiais em reforço através do Regime Adicional de Serviço (RAS).

A assessoria da Secretaria de Ordem Pública informa que a SEOP e a Guarda Municipal realizam ações diárias de ordenamento urbano, perturbação do sossego, desobstrução de área pública, trânsito, ferros-velhos, pessoas em situação de rua, entre outras demandas no bairro de Copacabana, tendo, ao todo, cerca de 80 mil itens de ambulantes irregulares, entre bebidas, alimentos, quinquilharias, publicidade, roupas e estruturas, além de 70 kg de cobre. Já sobre operações de ordenamento e “acolhimento“ De mendigos, a Secretaria completa que foram abordadas mais de 1.600 pessoas e são realizadas diariamente. Eles não podem ser forçados a parar de defecar e consumir drogas nas calçadas. Os agentes apreenderam cerca de 1.200 itens como facas, objetos perfurocortantes, simulacros de arma de fogo e materiais para uso de entorpecentes. Nas operações da Superintendência da Zona Sul, órgão do Estado dirigido por Marcelo Maywald, praticamente todos os abordados têm passagem pela polícia.

No último feriado, a limpeza urbana foi alvo de preocupação após um bueiro da concessionária Águas do Rio vazar no Arpoador, à porta do Parque Municipal Garota de Ipanema, que dá passagem à Rua Francisco Otaviano. O problema foi resolvido, mas ainda tinha poça de esgoto no calçadão na segunda-feira, quando a Subprefeitura teria resolvido o problema de vez. Outro flagrante do DIÁRIO DO RIO foi de acúmulo de água suja na entrada do Museu da Imagem e Som (MIS), que está em obra e será sediado no prédio da antiga Boate Help, na Avenida Atlântica.

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Turista e cariocas desembarcaram em uma poça de esgoto à porta do Parque Garota de Ipanema, no Arpoador, durante a Semana Santa

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Formada em Comunicação Social desde 2004, com bacharelado em jornalismo, tem extensão de Jornalismo e Políticas Públicas pela UFRJ. É apaixonada por política e economia, coleciona experiências que vão desde jornais populares às editorias de mercado. Além de gastar sola de sapato também com muita carioquice.

12 COMENTÁRIOS

  1. Interessante a reportagem: corta para a zona norte, baixada e sera possivel ver o mesmo ou o pior.

    Essa visao de que a Zona Sul do Rio esta se degradando e de um pessimismo sordido e decrepito. Ha muito tempo esse lugar e degradado.

    Se ha moradores de rua defecando em calcadas e porque a classe media paga para ver esse drama escrito e dirigido por ela propria. Ela gosta de ver essas barbaridade para alimentar um odio contra o pobre e depois defecar na nossa cara nas proximas eleicoes votando em cadidado virolento que defeca na cara dos mais pobre; nesse jogo sujo: caga na minha calcada, cago na sua vida (ha muito tempo).

    A cidade e o reflexo do que nos somos por dentro. A classe media esta se olhando no espelho, esta vivendo uma fantasia realizada, enfim, acordou do sonho e agora vive a realidade.

  2. Acharam que essas políticas “progressistas” amplamente apoiadas nas “conversas inteligentes” dos jantares da zona sul iriam resultar em quê?
    Agora é lidar com o direito dos indivíduos a defecar e usar drogas nas suas ilustres calçadas.

  3. Prefeitinho babaca ainda acha q será reeleito….
    E para essa cambada de marginal q sai de seus buracos e infestam o Rio,que tal canhões de água no lombo?Não tem aqui no Rio não?

  4. E a Zona Norte? Minha sobrinha mora numa rua de Vila Isabel, no quarto andar, e bem perto tem um estabelecimento comercial, trata-se de uma barbearia/Tatoo que todos os sábados dá festa na rua, armam um toldo gigante, colocam alto-falantes berrando músicas de retardados, acontendo a noite toda até a madrugada de domingo, e ninguém vê NADA. Como pode uma barbearia ter licença pra dar festa no espaço público, vender bebidas, fazer churrasco no meio-fio, colocar som alto na calçada????? Tem alguma coisa errada, não é possível!!!!! Kria – Barbearia e tatoo. O Rio de janeiro virou um lixão a céu aberto!!!!!!!

  5. A degradação da Cidade e do Estado do Rio de Janeiro começa no início da década de 80 passando pelos diversos governadores e prefeitos desde Brizola, Marcelo Alencar, Garotinho, Rosinha Garotinho, Cesar Maia, Saturnino Braga, Jô Rezende que vieram do PDT, passando pelo Marcelo Crivella do PL e atual Eduardo Paes que saiu o PFL. Governos populista todos amigos de longa jornada que em vez de incentivar um emprego decente através da Secretaria de Trabalho e Renda jogou uma horda de ambulantes no espaço público para ter o que sobreviver e a capitalização dos seus votos dando-lhes autorizações provisórias através de todas Regiões Administrativa de todos os bairros. O único que tentou fazer a Cidade do Rio mais habitável foi o Prefeito Luis Paulo Conde que logo o seu Criador Cesar Maia o fez inimigo por estar ferindo o seu interesse econômico e político.

    Infelizmente, é esse quadro aterrador dos moradores de todo Estado e Cidade do Rio de Janeiro que além da violência diária que foi o governo Witzer e do Cláudio Castro, ninguém mais tem moral para inibir os diversos transtornos que vem ocasionando com as invasões dos calçamentos por mesas e cadeiras, quiosques, barracas e agora a máfia da informalidade que terceiriza todos os espaços públicos até dentro do mar de for possível.

    A Kombi que compra o ferro velho, é o receptor de cabos de bronze e tampões de ferro fundido dos serviços públicos. Ame-o ou Deixe-o, o último a sair que apague a luz do Galeão.

  6. Bem feito, não me compadeço. Cidade podre, largada, desordenada e condenada.
    Aliando-se tudo isso com os protetores de bandidos e cracudos resultou no caos.

  7. A Av Nossa Senhora de Copacabana pista esquerda virou estacionamento de táxis, carros de aplicativo e carga e descarga durante todo o dia, o trânsito caótico é liberado, a PREVARICAÇÃO da GCM que fecha os olhos para beneficiar os lojistas e semanalmente receberem o arrego é público e notório, com isso os motoristas por aplicarivos e taxistas aproveitam para fazerem pontos em toda Av. , vagas para idosos e deficientes físicos são ocupadas por quem não faz juz ao direito. Na estação metrô Canta Galo que ocupa as duas vagas detinadas são MILITARES DO 7°GRUPAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS, que colocam as ca.isas da corporação como cartão de estacionamento, uma vergonha explícita e mais uma PREVARICAÇÃO da GCM que nem passa pelos locais e não aplicam multas nos coleguinhas. Copacabana virou latrina com desordem por todo bairro.

    • A questão dos táxis é a outra máfia. O cara sonda a rua que têm bares e restaurantes que é um chamariz para a Cooperativa dos taxistas, e o morador sem esperar estão estacionados 3, 5 e 10 veículos, em poucos dias começa a instalação de barracas como nome, cadeiras, telefone, corrente de ferro e cone. E se esperar mais um pouquinho do outro lado do calçamento mais táxis. Principalmente, na Rua Santa Clara que é um retorno de duas vias e de cruzamento os veículos que vão em direção a Av. Atlântica cria-se um congestionamento para esperar que os táxis façam manobras de entrada e saída com ou sem passageiros. É só uma questão política e da falta de vergonha dos entes públicos.

  8. Vergonha, como o cidadão que paga impostos, que mora num bairro caro, é desprezado, sem falar no turistas, que ainda procura esse bairro e encontra esse lixo.
    Vergonha Rio, vergonha, prefeito!

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